quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Novilíngua: Conhecimento se constrói? Como se aprende a aprender?

Quem afirma que uma criança precisa "aprender a aprender", para então "construir" seu conhecimento, na verdade está a promover-lhe uma lavagem cerebral. 

Por Klauber Cristofen Pires


Há uns dias, uma professora solicitou-me ajuda para compreender o significado do termo Novilíngua. Expliquei-lha que o termo fora cunhado por George Orwell, por meio de sua obra "1984", inspirado pela manipulação linguística que já vinha sendo praticada desde Hegel e Marx e Engels, e que se tornara uma estratégia de dominação cultural largamente utilizada pelos vários movimentos revolucionários derivados das ideias desses ideólogos.
O objetivo da novilíngua é, a princípio, confundir as pessoas no processo de andamento do processo revolucionário, de modo a fazê-las perder a noção de certo e errado, de bom e de mau, de conveniente e inconveniente, de falso e mentiroso. Um povo dividido e enfraquecido é a fórmula ideal para a chegada triunfante da liderança revolucionária, que há de angariar a simpatia e o apoio de muitos simplesmente por mentir com convicção, dando com isto a impressão de que sabe o caminho para a salvação da nação. Já com a nova ordem instalada, a novilíngua serve como instrumento abovinador da população, por lhe retirar as palavras que permitiriam aos cidadãos pensar e se expressar  além dos estreitos currais mentais estabelecidos pelo regime. 

Assim, por exemplo, que o conceito de "respeito" foi sendo substituído pelo de "tolerância". Percebam porém como há uma fina e ao mesmo tempo brutal diferença: respeito é uma atitude de auto-vigilância e de não agressão, enquanto tolerância é a exortação para que a pessoa agredida releve as atitudes do agressor. Vejam a diferença por um exemplo: se eu respeito meu vizinho, evito produzir som alto, mas se eu o desrespeito, então eu produzo o som alto e exijo dele que seja "tolerante" para comigo.

Da mesma forma, a expressão "justiça social": se atribuem um adjetivo para a palavra justiça, é porque neste exato momento estão a deturpar seu significado, transformando-a em outra coisa bem diversa, embora sequestrando a palavra clássica para o fim de dar a aparência de que de justiça se trata. Não pode haver justiça social e justiça ao mesmo tempo. 

O uso da novilíngua é farto e mutável como a gripe. Um termo que andou muito em moda até ter sido desmascarado foi o de "consciência crítica". Por este termo, os formadores de opinião socialistas pretendiam convocar os cidadãos - especialmente os estudantes - para pretensamente os livrarem das formas de pensamento rotuladas por eles próprios de "alienantes", quando justamente intentavam os aprisionar dentro da "superestrutura marxista". Mas, pensem bem: como pode alguém alcançar qualquer nível de consciência sem fazer uso da crítica?

Hoje, as escolas abusam de duas expressões que, olhem bem, como é comum da novilíngua, são autocontraditórios por seus próprios termos: "construção do conhecimento" e "aprender a aprender".

Trata-se de dois chavões do método de ensino denominado "construtivista". Então vejamos: como pode ser o conhecimento construído, se ele pressupõe a preexistência do objeto? Etimologicamente: do latim cognoscere = vir a saber ou ainda: Latim cum, grego = νους (nous), latim scit actionem = quando ou como a mente sabe a ação. Saber a ação. Tal conceito foi importado da engenharia com muita infelicidade, pois o engenheiro sabe muito bem e antecipadamente o que está a construir. Nenhum engenheiro se propõe a erguer uma obra com conhecimentos tais que ainda espera obter ao longo de sua lida. 

Enfim: com o conhecimento adquirido, construímos coisas materiais e imateriais, e não o contrário. 

Agora, alguém já viu um "corredor infinito"? Refiro-me àquelas salas de casarões e palácios que tinham por moda contrapor dois espelhos, a oferecer a ilusão de ótica de que não teriam fim. Assim ocorre com a expressão "aprender a aprender". Pensemos: se alguém tem de ser ensinado a aprender para poder aprender, então temos de ensinar este indivíduo, antes disso, a aprender a aprender a aprender, para que possa aprender a aprender. Como se pode ver, isto não vai terminar nunca!

Os filhotes de golfinhos nascem prontos para nadar, e os de girafas, a correr, mas quanto aos frágeis bebês humanos? A resposta aí está: estão aprendendo! Perguntem aos especialistas! Conclusão: a capacidade de aprender é inata ao ser humano. 

Portanto, quem pretende fazer acreditar que uma criança precisa "aprender a aprender", para depois "construir" seu conhecimento, na verdade está se imbuindo de promover uma lavagem cerebral destrutiva na tenra cabeça daquele ser humano, de forma a neutralizar sua capacidade cognitiva natural por meio de um sistema de negações e contradições, e em seu lugar implantar um sistema de pensamento falso sem o medo de ser questionado. É como inserir um vírus da Aids, que aniquila por primeiro justamente o sistema imunológico. Esta é a essência do método Paulo Freire.

Prestem bem atenção: está para além do ridículo a expressão "construção de texto". Retornem às boas e clássicas palavras "redação", ou "narração", ou "dissertação"! Notem como "construir" um texto denota o uso técnico e burocrático da comunicação,  enquanto esta clama das crianças o melhor que têm: a vivacidade da imaginação!

Portanto, caros professores honestos, se vocês querem combater o uso da novilíngua, comecem por combater veementemente o uso destes maléficos conceitos.  Eu ainda vou trazer outros mais em breve.

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