terça-feira, 21 de julho de 2015

As deserções cubanas: a fuga pela liberdade

pan2015“Sem dúvida a promessa de maior liberdade tornou-se uma das armas mais eficazes da propaganda socialista, e por certo a convicção de que o socialismo traria a liberdade é autêntica e sincera. Mas essa convicção apenas intensificaria a tragédia se ficasse demonstrado que aquilo nos comprometeria como o Caminho da Liberdade era na realidade o Caminho da Servidão.” – Friderich August von Hayek

Em vários eventos esportivos, sejam os Jogos Olímpicos, os Jogos Pan-Americanos, a Liga Mundial de vôlei e até a Copa Ouro de Futebol (Competição de seleções de futebol da América Central, América do Norte e Caribe), atletas cubanos costumam fugir das delegações representantes, em busca de liberdade para viver e em busca de uma melhor condição de vida em algum lugar do planeta. Mas como em todo evento esportivo desertam esportistas cubanos?
Como todos nós sabemos, Cuba é uma república socialista desde a revolução de 1959. Quaisquer formas de mobilidade social (exceto se você for um Castro) são praticamente nulas no país caribenho. Porém, os atletas gozam de certo prestígio, pois eles são a maior propaganda para o regime. Os resultados positivos desses atletas servem para a ditadura dos Castro fazer propaganda do regime frente ao mundo e dizer que “tudo está normal” na ilha.
Mas na verdade não está tudo bem. Pessoas a cada dia mais arriscam a própria vida para tentar sair de Cuba e tentar a sorte em algum país; muitas vezes e até pela proximidade, tentam ir para os Estados Unidos. Fazem-no fugindo da fome e da supressão da liberdade, seja ela de credo, de ir e vir, de expressão e até de sexualidade. Viver em Cuba é literalmente viver em uma prisão.
Esses atletas, por serem uma das maiores propagandas de um falso sucesso do país, têm uma estrutura e contam com benefícios maiores vindos do governo Cubano. Recebem um salário acima dos 30 dólares dos cidadãos comuns e garantias de mais conforto, tornando o fato de ser atleta em Cuba algo que seria uma “classe social” diferenciada. É o máximo existente em relação à mobilidade social. Porém, todo cidadão que se preze quer ganhar um salário a mais e ter o direito de enriquecer por seu mérito e fazendo o que mais gosta; seja na medicina, seja nos negócios, seja no esporte. E em Cuba, esses esportistas não têm esse direito, igualmente a quase toda a população, além de sofrerem a ausência de liberdade.
Então, quando esses atletas têm a oportunidade de fugir da prisão cubana, o fazem. Para evitar as fugas, o governo cubano envia, junto às delegações, oficiais do exército cubano para tentar capturar esses atletas. Mas nem sempre os oficiais conseguem ter êxito e evitar a fuga. Recentemente, nos Jogos Pan-Americanos que estão sendo realizados em Toronto, no Canadá, os remadores cubanos Leosmel Ramos, Wilber Turro, Manuel Suárez e Orlando Sotolongo fugiram da delegação cubana e foram da cidade de Saint Catharines, onde estão sendo realizadas as provas de remo nos jogos, para os Estados Unidos. E na Copa Ouro de futebol, que está sendo realizada nos Estados Unidos, já desertaram os jogadores Ariel Martinez, Keiler García, Arael Arguellez e Darío Suárez. E na etapa norte-americana da Liga Mundial de vôlei, desertaram Felix Chapman e Inovel Romero – só para ficarmos em casos que aconteceram neste ano.
Não é a primeira vez e nem a última em que atletas cubanos fogem em busca de liberdade. Nos jogos Pan-Americanos realizados no Rio de Janeiro em 2007, ficaram marcados os casos das deserções dos boxeadores Guilliermo Rigondeaux e Erislandy Lara, do jogador de handebol Rafael D’acosta e do técnico da equipe cubana de ginástica artística Lázaro Camellas. Estavam desertando tantos atletas que o governo cubano mandou um avião para buscar a delegação cubana antes do término dos jogos.
Mesmo o governo cubano permitindo a saída de atletas para o exterior desde o ano de 2014, ele  só permite que os jogadores saiam para países aliados, como infelizmente, o Brasil, via Pacto Brasil Medalhas, e ainda com a família Castro levando parte do salário dos atletas. Apenas este ano, Raul Castro deve rever esse caso e refazer a partilha dos vencimentos dos atletas.  Também somente agora ele passou a permitir que os atletas atuem por equipes mexicanas, canadenses e japonesas, mas essa lei serve apenas para jogadores de beisebol.
Mesmo sendo a mais antiga ditadura do mundo e um dos últimos países comunistas do globo terrestre, parece que o governo de Havana ainda não conseguiu incutir nas mentes dos cubanos que os dogmas ideológicos marxistas são mais importantes do que a liberdade.
Para se fazer justiça, lembremos que nos esportes, como em outros setores, os cubanos são ótimos nas funções desempenhadas. Só que fica a impressão de que são assim vitoriosos, como os gladiadores da antiga Roma, treinando sempre e sob os auspícios e ordens dos que detêm o poder. São nada mais que instrumentos de propaganda do regime. E quando conseguem escapar, esses atletas ainda são acusados de serem traidores da pátria, cujo governo se eterniza até os dias de hoje e insiste que têm de viver naquele paraíso. Queiram ou não queiram.

SOBRE O AUTOR

Jefferson Viana

Jefferson Viana

Jefferson Viana é estudante de História da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, coordenador local da rede Estudantes Pela Liberdade, presidente da juventude do Partido Social Cristão na cidade de Niterói-RJ e membro-fundador do Movimento Universidade Livre.

Fonte: Instituto Liberal

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