Por Ricardo Bergamini
Estudo inédito da Demografia das Empresas, feito a partir do Cadastro Central de Empresas do IBGE e dos Indicadores de empreendedorismo da OCDE, detectou que, em 2008, havia 30.954 empresas de alto crescimento no País. Elas representavam 8,3% das empresas com 10 ou mais pessoas assalariadas e foram responsáveis pela geração de 2,9 milhões empregos formais entre 2005 e 2008. Isso equivale a 57,4% do total de 4,9 milhões de empregos criados no período. Outro dado revela a importância das empresas de alto crescimento para a economia do país: entre 2005 e 2008, o número de postos de trabalho assalariados oferecidos por elas cresceu 173,7%, o que equivale, em média, a mais 98,4 assalariados em cada empresa de alto crescimento. No mesmo período, o pessoal assalariado no conjunto das empresas brasileiras aumentou 22,2%. A seguir, as principais informações da Demografia das Empresas 2008.
Entre 2007 e 2008, entraram 889,5 mil empresas e saíram 719,9 mil empresas no mercado
Em 2008, havia 4,1 milhões de empresas ativas no País, que ocuparam 32,9 milhões de pessoas, sendo 27,0 milhões (82,2%) assalariadas e 5,9 milhões (17,8%) sócios ou proprietários. Os salários e outras remunerações pagos no ano totalizaram R$ 434,4 bilhões, e o salário médio mensal, R$ 1.255,95, o que equivale a 3,1 salários mínimos médios mensais1. A idade média das empresas ativas era de 9,7 anos.
Do total de empresas ativas, 78,2% (3,2 milhões) eram sobreviventes2, 21,8% eram entradas (889,5 mil), desmembradas em 13,7% de nascimentos (558,6 mil) e 8,1% de reentradas (330,9 mil), enquanto as saídas somavam 17,7% (719, 9 mil empresas).
Empresas de maior porte têm maiores taxas de sobrevivência
Existe uma relação direta entre o porte das empresas e a taxa de sobrevivência. Enquanto entre as empresas sem pessoal assalariado somente 67,6% são sobreviventes, nas empresas com 1 a 9 pessoas esta taxa sobe para 89,2% e para as empresas com 10 ou mais pessoas ocupadas foi de 96,0%. Por sua vez, nos movimentos de entrada (nascimentos e reentradas) e saídas, a relação é inversa: as taxas mais elevadas foram observadas entre as empresas sem empregados, 19,0%, 13,4% e 29,1%, respectivamente. As empresas com 1 a 9 pessoas assalariadas apresentaram um patamar inferior nestes eventos, 8,4%, 2,3% e 4,9%, respectivamente.
Comércio; reparação de veículos é a atividade com mais entradas e saídas de empresas
As atividades econômicas que mais se destacaram a partir do total de 889,5 mil empresas que entraram e de 719,9 mil que saíram foram Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas com 444,1 mil e 380,4 mil empresas (49,9% e 52,8%), Indústrias de transformação com 68,7 mil e 59,6 mil (7,7% e 8,3%) e Alojamento e alimentação com 63,0 mil e 51,6 mil (7,1% e 7,2%), respectivamente.
A taxa de entrada das empresas do mercado em 2008 foi de 21,8%. Por atividade econômica, as maiores taxas de entrada foram observadas em Eletricidade e gás (30,2%), Artes, cultura, esporte e recreação (29,3%) e Construção (28,7%) e as menores em Saúde humana e serviços sociais (17,5%), nas Indústrias de transformação (16,9%) e nas Indústrias extrativas (19,4%).
Por sua vez, a taxa de saída das empresas foi de 17,7% com as maiores taxas observadas em Outras Atividades de serviços (22,0%), Artes, cultura, esporte e recreação (21,4%) e Informação e comunicação (20,4%) e as menores em Saúde humana e serviços sociais (11,4%), Organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais (11,8%) e Eletricidade e gás (12,0%).
76,1% das empresas nascidas em 2007 sobreviveram em 2008
Sudeste (79,1%) e Sul (79,8%) têm as maiores taxas de sobrevivência de empresas
Do total de 4,4 milhões de unidades locais, 3,4 milhões eram sobreviventes em relação a 2007 (78,1%), 960,6 mil foram entradas (21,9%), sendo 613,0 mil (13,9%) nascimentos e 347,6 mil (7,9%) reentradas. As saídas de empresas totalizaram 770,8 mil empresas (17,5%).
Sudeste e Sul apresentaram as maiores taxas de sobreviventes (79,1% e 79,8%, respectivamente) acima da média nacional (78,1%). Mas as maiores taxas de entrada e de saída foram observadas no Norte (28,9% e 22,0%), Centro-Oeste (25,1% e 18,4%) e Nordeste (24,5% e 20,1%), assim como as menores taxas de sobrevivência ,71,1%, 74,9% e 75,5%, respectivamente.
Santa Catarina, Rio de Janeiro e Minas Gerais apresentaram as maiores taxas de sobrevivência, 82,2%, 80,5% e 79,6%, respectivamente. Por outro lado, Amapá Roraima, Acre apresentaram as menores taxas, 66,0%, 66,2% e 66,9%, respectivamente. São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul tinham o maior número de entradas de unidades locais no mercado (296.138, 97.460 e 84.133, respectivamente), mas suas taxas de entrada erram baixas (21,3%, 20,4% e 20,6%).
Entre as empresas brasileiras com dez ou mais assalariados, 8,3% eram de alto crescimento
Em 2008, havia 371.610 empresas com 10 ou mais pessoas assalariadas no País, sendo 8,3% (30.954) de alto crescimento, que empregaram 4,5 milhões, o que representa 16,8% do total de 27,0 milhões de pessoas assalariadas. O salário médio mensal pago foi de 2,4 salários mínimos.
No caso brasileiro, a participação de 8,3% pode ser considerada elevada para os padrões internacionais. Em países selecionados apontados nos Indicadores de Empreendedorismo 2009 da OCDE, as empresas de alto crescimento estão na faixa de 3,0 a 6,0% das empresas com 10 ou mais pessoas assalariadas. Nos Estados Unidos e na Espanha estaria próximo a 6,0%, enquanto na Áustria e no Canadá estaria pouco acima de 3,0%, para o período 2002-2005.
Classificação proposta pela OCDE norteou estudo do IBGE
As empresas de alto crescimento, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), são aquelas que, por um período de 3 anos3, têm crescimento médio do pessoal assalariado maior que 20% ao ano, e pelo menos 10 pessoas assalariadas no ano inicial de observação. As empresas de alto crescimento com até 5 anos de idade no ano inicial são chamadas ‘gazelas’, e foram analisadas para o período 2005-2008.
As empresas de médio crescimento têm crescimento de pessoal assalariado maior que 5% e até 20,0% ao ano e as de baixo crescimento, taxa maior que 1% até 5% ao ano4.
Os indicadores das empresas de alto crescimento são calculados com base no total de empresas com 10 ou mais pessoas assalariadas no ano de referência. Isto evita distorções, pois nas empresas com até 9 pessoas pequenas variações absolutas no pessoal assalariado podem ocasionar grandes variações em termos relativos.
Brasil tem 12.359 empresas “gazelas”, que empregam 1,3 milhão de assalariados
Entre as empresas de alto crescimento, 12.359 eram ‘gazelas’, que empregaram 1,3 milhão de assalariados e pagaram, em média, 2,1 salários mínimos mensais. As ‘gazelas’ representaram 39,9% das empresas de alto crescimento, empregaram 28,0% de seus assalariados e pagaram 22,4% dos seus salários e outras remunerações.
Indústrias de transformação têm o maior percentual de empresas de alto crescimento (27,4%)
Em número de empresas, as atividades com as maiores participações relativas nas empresas de alto crescimento foram Indústrias de transformação, 27,4%, Comércio, 26,4%, Construção, 12,2% e Atividades administrativas e serviços complementares, 7,8%. Entre as empresas ‘gazelas’, essas atividades se repetem, mas com participações maiores nas duas primeiras atividades e com ordem inversa na terceira e na quarta colocações: Indústrias de transformação (27,9%), Comércio (27,3%), Atividades administrativas e serviços complementares (10,3%) e Construção (9,2%). Em pessoal assalariado, essas atividades também apresentaram as maiores participações.
Empresas de alto crescimento geraram 57,4% dos empregos formais assalariados entre 2005 e 2008
Apesar de representarem somente 1,7% do total de empresas com pessoal assalariado5 em 2008 e 8,3% das empresas com 10 ou mais pessoas assalariadas, as empresas de alto crescimento têm papel relevante na economia brasileira, particularmente na geração de empregos formais: elas foram responsáveis pela geração de 2,9 milhões de postos de trabalho assalariados entre 2005 e 2008, ou 57,4% do total de 4,9 milhões de postos assalariados formais gerados no período.
Em 2005, nas 30.954 empresas de alto crescimento havia 1,6 milhão de postos assalariados formais. Em 2008, este volume havia atingido 4,5 milhões, o que representou um crescimento de 173,7% no pessoal assalariado. No mesmo período, o pessoal ocupado assalariado em todas as empresas aumentou 22,2%, passando de 22,1 para 27,0 milhões de pessoas assalariadas. Em média, cada empresa de alto crescimento empregou mais 98,4 pessoas.
Construção de edifícios lidera na geração de empregos formais entre 2005 e 2008
Nas empresas de alto crescimento, o ranking é liderado por Construção de edifícios com 198.246 novos postos, seguido de Limpeza em prédios e em domicílios com 117.283, seguida de Locação de mão-de-obra temporária com 114.975. As 25 principais atividades foram responsáveis por 44,7% do saldo de pessoal ocupado assalariado.
Sudeste concentra 53,6% das unidades locais das empresas com alto crescimento
O Sudeste concentrava 50,6% das unidades locais das empresas com pessoal ocupado assalariado, com Sul (22,2%), Nordeste (15,4%), Centro-Oeste (8,0%) e Norte (3,8%) a seguir.
Em 2008, as 30.954 empresas de alto crescimento tinham 67.561 unidades locais ativas, muito concentradas no Sudeste (53,6%) enquanto no Sul (19,6%), Nordeste (14,8%), Centro-Oeste (7,4%) as participações eram menores.
As três Unidades da Federação com as maiores participações nas unidades locais das empresas de alto crescimento estavam no Sudeste: São Paulo, com 33,8% das unidades locais das empresas de alto crescimento, Minas Gerais (9,7%) e Rio de Janeiro (7,9%) na terceira colocação.
Notas:
1 O salário mínimo médio mensal no ano de 2008 foi de R$ 409,62.
2 Neste caso, são consideradas sobreviventes as empresas ativas em 2007 que assim permaneceram em 2008, independente do ano de fundação e/ou entrada em atividade.
3 Este cálculo pode ser realizado com pessoal ocupado assalariado (‘employees’) ou com receita (turnover), segundo a OCDE. Como no CEMPRE não existe informação de receita para a totalidade das empresas, optamos por calcular a taxa de crescimento com base no número de pessoas ocupadas assalariadas na empresa entre 2005 e 2008.
4 Estas definições ainda não foram adotadas pela OCDE, mas estão em estudos de países europeus como a Dinamarca, por exemplo.
5 Em 2008, havia 1,9 milhão de empresas com pessoal assalariado do total de 4,1 milhões de empresas ativas.
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