Mais um atento - e atencioso -
leitor, o estudante Gustavo Milano Beserra, trouxe-nos uma nova denúncia
sobre doutrinação ideológica em livros didáticos. Desta vez, trata-se da
apostila pré-vestibular do curso Objetivo 2012.
Meus caros - façam assim mesmo como ele
fez: fotografou as páginas e destacou os trechos considerados tendenciosos com
caneta marca-texto.
Por Klauber Cristofen Pires
E agora, sem delongas, vejamos o que
diz a apostila, a começar pela página 54, transcrito abaixo:
"Além de fornecer os
funcionários preferidos ao Estado, o clero encarregou-se de fazer a análise das
relações sociais do feudalismo. Insistia que a sociedade tinha um caráter
estático por determinação divina, cabendo a cada um viver dentro da
posição que lhe fora determinada por Deus. Essa visão enquadrava-se
perfeitamente dentro dos interesses dominantes do mundo feudal."
Agora teremos um caso recorrente de como um único
parágrafo contendo inverdades muitas vezes exige uma longa exposição
refutativa. Comecemos a avaliá-lo não por sua substância, mas pelo seu
espírito: o que temos acima é uma versão da história revisada segundo a teoria
marxista da superestrutura e da infraestrutura. Notem como a desonestidade
intelectual já se infiltra, sorrateiramente!
Karl Marx defendia que a “infraestrutura”, isto é,
o modo de produção dos meios materiais de existência, condiciona todo o
processo da vida intelectual, social e política, ou seja, a “superestrutura”,
sendo esta, por sua vez, não mais que um conjunto de discursos cujas intenções remetem
à defesa dos interesses da classe dominante.
Para refutar tamanha bobagem, cito Ludwig von Mises,
Olavo de Carvalho e Nivaldo Cordeiro:
É um
paradoxo afirmar que uma doutrina falsa possa ser mais útil do que uma doutrina
correta.
Os homens
usam armas de fogo. Para aprimorá-las, desenvolveu-se a balística. Mas é claro
que, precisamente porque desejavam uma maior eficácia, fosse para caçar
animais, fosse para se matarem uns aos outros, procuraram desenvolver uma
teoria balística correta. De nada serviria uma balística meramente
"ideológica".
Como será que, pensando por exemplo na embriologia
dos gatos ou na lei de queda dos corpos, posso produzir um discurso que, no fim
das contas, nada diz sobre gatas prenhes ou bolas que caem, mas apenas afirma o
direito que minha classe social tem de viver no bem-bom à custa da exploração
das outras classes?
O
fundamental é que ocorre precisamente o contrário da primeira assertiva – a de
que a infraestrutura determina a superestrutura. Não é casual que o capitalismo
é gestado no Ocidente judeu-cristão e isso Marx não poderia ter colocado em
evidência, tão prisioneiro que estava em seus esquemas mentais de ódio a tudo
que fosse religioso.
...
A notável
contribuição de Peyrefitte é deslocar a discussão da Economia para a Etologia
na definição do determinante para a decolagem do processo de desenvolvimento. O
fundamental é a criação de um ambiente de confiança na relação entre os
indivíduos e o Estado e entre os próprios indivíduos.
Vamos agora à matéria: será verdadeiro que a Igreja
Católica se ocupava de manter a sociedade em um permanente estado estático para
defender os interesses dominantes do feudalismo? Aos fatos:
O método das partidas dobradas, que até os dias
atuais estrutura toda a Contabilidade, foi criado pelo monge franciscano Luca
Pacioli, em 1494. A “solmização”, ou seja, a nomenclatura das notas musicais –
dó, ré mi, fa, sol, la si, foi criada pelo monge Guido A’rezzo, no séc. XI. O
Professor Thomas Woods Jr (Como a Igreja Católica construiu a civilização
ocidental – Ed. Quadrante) nos revela que, ao longo do medievo, os monges e Padres
drenaram os pântanos europeus, irrigaram terras secas e trataram das rochosas e
montanhosas, transformando-os em lugares sãos para moradia e prósperos para a
agricultura e criação de animais. Foram os pioneiros na produção de vinho,
cerveja e mel, e inventaram queijos, bebidas (olha o champagne aí, gente) e
métodos de conservação de alimentos. Exploraram a energia hidráulica e levaram
água potável para as cidades. No Século XI, um monge chamado Eilmer voou mais
de 180 metros em um planador. O primeiro relógio que se tem notícia foi criado
pelo futuro Papa Silvestre II, aproximadamente no ano 996. Pesquisas antropológicas em ruínas de
altos-fornos construídos pelos monges revelaram uma quantidade muito baixa de
ferro, comparável aos dos dias atuais, o que testemunha seus elevados
conhecimentos de metalurgia. Os jesuítas contribuíram para o desenvolvimento
dos relógios de pêndulo, pantógrafos, barômetros, telescópios refletores e
microscópios, e trabalharam em campos científicos tão variados como o
magnetismo, a ótica e a eletricidade. Observaram, em muitos casos antes de
qualquer cientista, as faixas coloridas na superfície de Júpiter, a nebulosa de
Andrômeda e os anéis de Saturno (p. 94 e 95). Estudaram a circulação sanguínea,
as marés e introduziram os sinais mais e menos na matemática. Os princípios
jurídicos do Devido Processo Legal, do contraditório e da ampla defesa provém
do Direito Canônico, e a teoria econômica subjetiva do valor teve sua semente
plantada pelos escolásticos tardios espanhóis. Basta? Pois tomem o tiro de
misericórdia: foi a Igreja Católica quem inventou o sistema universitário e com
ele o princípio da autonomia acadêmica. Segundo o Professor Thomas Woods Jr,
obra citada:
Nos
Tempos da Reforma, havia oitenta e uma universidades. Trinta e três delas
possuíam estatuto pontifício; quinze estatuto real ou imperial; vinte gozavam
de ambos, e treze não tinham nenhuma credencial (p. 47)
Possuir estatuto pontifício significava que os
diplomas dos bacharéis eram aceitos como válidos em toda a cristandade, ao
passo que o estatuto real ou imperial conferia o reconhecimento dos diplomas
dentro das fronteiras nacionais.
Agora, responda quem for capaz: Como poderia ser
estática uma sociedade com tantas universidades - e universidades onde professores e alunos
estudavam verdadeiramente - e tantas invenções?
Sigamos avante, agora à página 55:
“Não podemos
esquecer o fato de que a Igreja foi a grande mantenedora da cultura durante o
Período Feudal, apesar de o fazer de forma que justificasse suas ideias e
dogmas”.
Notemos o erro de concordância “apesar
de o fazer” com “foi a grande mantenedora...” .
Estamos falando aqui de uma apostila de pré-vestibular! Ora, mas que
preciosismo de minha parte, não é mesmo?
Voltemo-nos então ao cerne da
questão, mas antes aqui permitam-me apresentar o que chamo de paradoxo da
teoria marxista dos conceitos de infra-estrutura e superestrutura: em uma
sociedade livre, como a Ocidental, é certo admitir que certos discursos
pretendam defender interesses, seja de forma ostensiva ou dissimulada. O erro
de Karl Marx, além de ter olhado o cu da minhoca e concluir ter ali visto sua
cabeça, foi sentenciar unilateralmente que todo e qualquer discurso seja eivado
de intenções inconfessas de um pensamento classista por parte do interlocutor.
Tome-se por exemplo primordial sua própria biografia, eis que o barbudão jamais
foi operário. Todavia, a história nos tem mostrado que o contrário é que é
verdadeiro, ou seja, que absolutamente toda e qualquer forma de pensamento
expressa nos diversos regimes socialistas sempre foi submetida ao prévio crivo censor
ideológico. Portanto, é justo afirmar que nos regimes socialistas prevalece,
sim, a existência de uma rígida “superestrutura” que tem por único objetivo
manter a “infraestrutura” do sistema de produção coletivista estatal.
Bem diferentemente, a Igreja
Católica desenvolveu a escolástica, um
método que consistia fundamentalmente em contrapor e defender com toda a
honestidade possível todos os prós e contras
acerca de qualquer teoria.
Assim nos ilustra Thomas Woods Jr:
Contrariando
a impressão geral de que as pesquisas estavam impregnadas de pressupostos
teológicos, os estudiosos medievais tinham um grande respeito pela autonomia de
tudo quanto se referisse à filosofia natural,...
Edward Grant (Deus e a razão na
Idade Média, apud Woods), p. 53:
“exigia-se
dos filósofos naturais das faculdades de artes que se abstivessem de introduzir
teologia e temas de fé na filosofia
natural”
Mais ainda, de Woods:
Um irmão
dominicano pediu a Alberto Magno, o mestre de São Tomás de Aquino, que
escrevese um livro de física que os pudesse ajudar a entender as obras de
física de Aristóteles. Temendo que esperassem um trabalhgo entremeado de ideias
teológicas, Alberto magno rejeitou antecipadamente a ideia, esclarecendo que as
ideias teologicas pertencviam aos tratados de teologia, e não aos de física. P. 54/55.
Vamos em frente? Peguemos a página
73:
A Contrarreforma
“Conjunto de medidas destinadas a combater o protestantismo, por meio da
educação, da catequese e da Inquisição. No primeiro caso, o que se pretendia
era difundir o ensino nas regiões atingidas pela Reforma, de modo a recuperar
pelo menos as novas gerações. No segundo caso,
a intenção era conseguir novos adeptos para a Igreja nas terras
recém-descobertas no Novo Mundo; neste caso, converter os índios era uma
maneira de combater os protestantes. Finalmente cabia à Inquisição (Ou tribunal
do Santo Ofício) perseguir, nos países que ainda não tivessem sido dominados
pela Reforma, os adeptos das novas doutrinas. A perseguição era feita de
maneira cruel e servia aos propósitos do poder político nos Estados em que ela
se realizou (Espanha, Portugal e Itália).”
Expor ao estudante leigo um
fenômeno complexo como o foi a Contrarreforma com o simplismo maniqueísta do parágrafo acima remete-nos
novamente ao flagrante da desonestidade intelectual.
Os autores citam a educação e a
catequese com a denotação de ilegítimas, antiéticas, imorais e reacionárias. Desde
quando transmitir ideias pacificamente pode ser considerado imoral ou
ilegítimo? Ora, a Igreja sempre se imbuiu de sua função missionária, porquanto este
parágrafo dá a entender, absurdamente, que passaram a ser realizadas como uma
resposta aos movimentos protestantes. No Brasil, milhares de indígenas foram
libertados da ignorância neolítica e abandonaram costumes bárbaros como o
infanticídio e a antropofagia para se tornarem seres humanos civilizados,
produtivos e pacíficos, e os jesuítas aqui não se armavam mais do que com a
Bíblia e outros livros, tendo acontecido até mesmo o caso de alguns terem
virado almoço.
Quanto a servir “aos propósitos do poder político nos
Estados em que ela se realizou (Espanha, Portugal e Itália)”, vale lembrar
que a história é repleta de casos que testemunham justamente o contrário: o Padre
dominicano Francisco de Vitoria (1485-1546), que foi quem começou a tradição
escolástica espanhola de denunciar a conquista e particularmente a escravização
dos índios pelos espanhóis no Novo Mundo; em 1598, o Padre Juan de Mariana
publicou sua obra De rege et regis institutione (Sobre o rei e a instituição
real), na qual ele afirmava que qualquer cidadão poderia justificadamente
matar um rei que criasse impostos sem o consentimento das pessoas, confiscasse
a propriedade dos indivíduos e a desperdiçasse, ou impedisse a reunião de um
parlamento democrático; o rei Henrique VIII fundou o Anglicanismo porque foi
desautorizado pelo Papa Clemente VII a divorciar-se de Catarina; e sem
esgotarmos os nossos exemplos, cito ainda o Marquês de Pombal, que desapropriou
inúmeras terras e edifícios da Igreja
Católica (entre os quais cito o Convento dos Mercedários, em 1794, onde hoje
funciona a Alfândega do porto de Belém) e substituiu compulsoriamente o ensino
religioso pelo ensino estatal, o que gerou a revolta e inconformidade de
praticamente toda a sociedade.
Quanto à legação de uma sanha
persecutória e violenta aos adeptos das novas doutrinas, recorro ao filósofo Olavo
de Carvalho, que nos ensina, por seu artigo Ludibriando os católicos:
Não deixa
de ser útil lembrar que a Igreja, desde sua fundação, teve de lutar menos
contra os seus inimigos ostensivos do que contra os seus falsificadores. Tal é,
aliás, a definição de "heresia", palavra que hoje tantos usam sem
conhecer-lhe o significado: não qualquer doutrina anticatólica, ou não
católica, e sim a falsa doutrina católica oferecida indevidamente em nome da
Igreja. Lembrem-se disso quando algum
professorzinho aparecer alardeando que a Igreja "perseguia doutrinas
adversas". Heresia não é divergência
de idéias, é crime de fraude. Da Antigüidade até hoje, gnósticos,
arianistas e tutti quanti jamais hesitaram em fingir-se de católicos
para vender, sob roupagem inocente, as idéias mais opostas e hostis aos
ensinamentos de Cristo. Com freqüência, obtiveram nesse empreendimento sucessos
espetaculares, embora passageiros. Ainda no século XIX praticamente todos os
seminários da França e da Alemanha ensinavam, com o nome de teologia católica,
uma pasta confusa de idéias cartesianas, iluministas e românticas, na qual os
jovens aprendizes, iludidos pelos prestígios intelectuais do dia, não
enxergavam nada de maligno. Foi só a decisiva intervenção do Papa Leão XIII que
acabou com a palhaçada, mediante a bula "Aeterni Patris" (1879), que
restaurou o ensino da teologia católica tradicional. Se quiserem uma boa
resenha desses fatos, leiam a obra em quatro volumes de Etienne Couvert,
"De la Gnose à l'Ecumenisme" (Éditions de Chiré, 1989). (Os grifos são meus)
Já Marcelo Moura Coelho, em Sofismas Seculares, esclarece
brilhantemente o papel da Inquisição, do qual transcrevo abaixo os excertos
mais importantes:
A
Inquisição foi criada no séc. XII. Qualquer um que conhece um pouco de História
sabe que os onze primeiros séculos da era cristã foram recheados de heresias,
como o nestorianismo, o monofisismo e o arianismo. Contra esses grupos, a
Igreja aplicava apenas penas espirituais. Ora, se a heresia dos cátaros não foi
a primeira nem em termos cronológicos, nem em importância, por que, então, a
Inquisição foi criada para combatê-la? Por que foi a primeira vez que penas
físicas foram aplicadas? Porque, como eu falei em meu outro artigo, mais que
mera heresia doutrinária, os cátaros eram um problema de Estado.
“Considerando
a matéria por si os cátaros rejeitavam não somente a face visível da lgreja,
mas também instituições básicas da vida civil - o matrimônio, a autoridade
governamental, o serviço militar - e enalteciam o suicídio. Destarte
constituíam grave ameaça não somente para a fé cristã, mas também para a vida
pública... Em bandos fanáticos, às vezes apoiados por nobres senhores, os
cátaros provocavam tumultos, ataques às igrejas, etc., por todo o decorrer do
séc. XI até 1150 aproximadamente, na França, na Alemanha, nos Países-Baixos...”
“As
heresias que surgiram no século XI (as dos cátaros e valdenses), deixavam de
ser problemas de escola ou academia, para ser movimentos sociais anarquistas,
que contrariavam a ordem vigente e convulsionavam as massas com incursões e
saques. Assim, tornavam-se um perigo público”.
Por causa
disso, “O povo, com a sua espontaneidade, e a autoridade civil se encarregavam
de os reprimir com violência: não raro o poder régio da França, por iniciativa
própria e a contra-gosto dos bispos, condenou à morte pregadores albigenses,
visto que solapavam os fundamentos da ordem constituída”.
Isso sem
contar os casos de monarcas que eram inimigos da Igreja, como Frederico II e
Henrique II, que combateram as heresias ferozmente, na maior parte dos casos,
para ganhar os bens que eram confiscados dos hereges. Está aí, portanto, de
maneira clara, diria até cristalina, que a Igreja nunca desejou a morte de
quem, simplesmente, dela discordasse. Da situação exemplificada por esses
monarcas tira-se outra conclusão: a de que o poder civil estava matando hereges
sem qualquer tipo de julgamento. Não tenho dúvidas de que se a Igreja nada
tivesse feito, hoje Ela seria acusada de omissão.
Antes da
Inquisição, os cátaros eram mortos sem qualquer julgamento pelos nobres ou
linchados pela própria população. Às vezes bastava a mera suspeita de heresias
para que o acusado fosse linchado. Depois da Inquisição foi criado um
procedimento (que, aliás, ainda é praticamente o mesmo que é utilizado em
inquéritos policiais no mundo ocidental), onde se coletavam provas sobre o
envolvimento da pessoa em heresias e lhe concedia o direito de se defender.
Nesse
ponto, minha opinião sobre a Inquisição é semelhante à opinião que o filósofo
Olavo de Carvalho, editor deste site, tem sobre a ditadura militar brasileira.
O filósofo diz que frente à situação que se montava na época, praticamente de
pré-guerra civil, a ditadura militar, apesar de todas as suas falhas, foi
melhor que o banho de sangue que ocorreria se a guerra civil se tornasse uma
realidade.
Claro
que, apesar do procedimento criado pela Inquisição ser justo na maioria das
vezes, ocorriam injustiças, fato, aliás, que é notório para a própria Igreja,
já que Ela mesma ensina, alicerçada nos ensinamentos de Cristo, que todos nós
somos pecadores (incluindo o presidente Lula que diz ser um homem sem pecado). Mas,
ao contrário do mito, as injustiças são a minoria dos casos. Além disso, ao
contrário do que Cristaldo pensa, os inquisidores não eram pessoas com instinto
homicida que saíam por aí matando hereges. Bernard de Gui, um dos mais famosos
e severos inquisidores escreveu que:
“O
Inquisidor deve ser diligente e fervoroso no seu zelo pela verdade religiosa,
pela salvação das almas e pela extirpação das heresias. Em meio às dificuldades
permanecerá calmo, nunca cederá à cólera nem à indignação... Nos casos duvidosos,
seja circunspecto, não dê fácil crédito ao que parece provável e muitas vezes
não é verdade, - também não rejeite obstinadamente a opinião contrária, pois o
que parece improvável freqüentemente acaba por ser comprovado como verdade... O
amor da verdade e a piedade, que devem residir no coração de um juiz, brilhem
nos seus olhos, a fim de que suas decisões jamais possam parecer ditadas pela
cupidez e a crueldade”.
A
ausência de instinto homicida nos inquisidores também é defendida por James
Hitchcock, professor de história na Universidade de Saint Louis que, baseado
nos livros, Inquisition de Edward Peters, The Roman Inquisition
and the Venetian Press de Paul F. Grendler, The Prosecution of
Heresy de John Tedeschi e The Spanish Inquisition de Henry Kamen,
afirma que os inquisidores eram legisladores e burocratas profissionais que se
aderiam a regras e procedimentos, ao invés de se deixarem levar por sentimentos
pessoais. Além disso, os procedimentos em si não eram injustos e os veredictos
que se seguiam geralmente eram justos. As torturas eram usadas apenas num
pequeno número de casos. As condenações à morte foram dadas em apenas 2% dos
casos.
Por fim, apresento aos leitores o
cúmulo da safadeza, à página 135:
“Cristo e Marx, dois judeus, pregavam a igualdade entre os homens e a
resignação, ideias que Hitler considerava nocivas ao povo alemão.”
Eu francamente desejaria não ter de
estender-me ainda mais para refutar uma afirmação tão ridícula. E olhem, mais
uma vez, como pequenas idiotices nos consomem tantas pautas para serem
desmascaradas.
Para começar, nem Jesus nem Marx foram
judeus, no sentido étnico-religioso. Ao contrário, o Cristo nos trouxe a Revelação,
que contrariou a tradição dos doutos da lei e que por isto mesmo lhe custou o
madeiro infame. Quanto a Karl Marx, este homem era ateu e dedicou-se no último
quartel de sua vida ao culto de rituais satânicos. Mormente, nenhum dois pregava a igualdade,
pelo menos a igualdade material, como pretendem sugerir os autores: Cristo
pregava a igualdade espiritual, isto é, a Graça de todo ser humano perante
Deus, enquanto Karl Marx pregava a revolução operária, tendo várias vezes
defendido o extermínio de mexicanos, irlandeses, poloneses e outros que não
tivessem ainda alcançado a etapa capitalista. Os pobres, estes eram “lixo” (lumpen).
Finalmente nenhum dos dois era resignado nem pregou a resignação. Cristo
ensinou sim a mansidão e a paciência, mas não a resignação niilista e
fatalista. Karl Marx, por sua vez, pregou a revolução violenta, a ditadura do proletariado
e o extermínio de raças inferiores e dos indivíduos incapazes ou de qualquer
modo inúteis para o estado.
Prezados pais e mães, professores e
alunos, e leitores interessados: esta crítica não foi exaustiva. Há ainda
outras páginas que omiti por razões de espaço ou porque a doutrinação
ideológica estava tão bem dissimulada que me exigiria um verdadeiro exercício
para desenovelá-la.
Contudo, o que se apresentou, creio ter
sido o bastante para alertar sobre as más intenções dos autores. Nós precisamos
acabar com isto! A mera divulgação deste artigo por quem se dispuser a tal
mister já é de um grande auxílio para pormos fim à doutrinação ideológica
escolar.
Olá Klauber, tenho algo a discordar. Não ao conteúdo, mas sim ao culpado.
ResponderExcluirSim, provavelmente o escritor desta apostila é um comunista que nutre ódio pela igreja, mas acho pouco provável que os donos deste cursinho pré vestibular o sejam. Os donos destes cursinhos querem que seus alunos sejam aprovados e para isso vão procurar professores que ensinem o que cai no vestibular da Ufrgs. E convenhamos que as provas de história e geografia da Ufrgs são um mega teste de marxismo, seja cultural, seja econômico. Eu próprio, para ser aprovado nele a anos atras tive que responder questões que diziam que o liberalismo é o causador da miséria mundial, ou que os USA são responsáveis por tudo de ruim que aconteceu na América Latina.
E a cada ano a coisa fica pior. É nojento fazer um curso de humanas nesta instituição.
Então acho que atacar os cursinhos não é a solução. Os cursinhos vão ensinar o que cair nos vestibulares, então deveríamos atacar as universidades e seus vestibulares enviesados, que selecionam aqueles que são mais doutrinados.
Para isso ninguém precisa lhe enviar nada, é só baixar as provas e se divertir. Segue o link:
http://www.ufrgs.br/coperse/