“Marx e Keynes são autores
marginais na grade escolar e isso não está certo” – Alejandro Robba
Gustavo Miquelin Fernandes
A “BBC Brasil”, há algum tempo,
veiculou uma matéria com o seguinte título e subtítulo:
“Governo argentino quer mais Marx
e menos neoliberalismo em faculdades de economia”.
“O ministro da Economia da
Argentina, Amado Boudou, e seu vice, Roberto Feletti, defendem que as
faculdades federais de economia do país modifiquem a atual grade escolar para
dar “mais espaço” para as teorias do alemão Karl Marx, do inglês John Keynes e
do argentino Raul Prebisch (fundador da Cepal)” [...]
A divulgação data de 14 de
outubro de 2011, mas a análise é bem tempestiva e dá um bom embasamento ao
texto de hoje.
Não deve causar espanto a
notícia. A doutrinação ideológica de nossos vizinhos não é novidade em terras
brasileiras – e já foi denunciada em outros órgãos de Governo, a exemplo de um
diplomata que recentemente alertou para esse problema dentro do Itamaraty.
Super moderno! São inadmissíveis
inflexões mais liberais em cursos da área. Como diz o já citado Alejandro
Robba: “isso não está certo”!
Para tais agentes governistas,
seria coisa boa ceder mais espaço pedagógico à escolas mais ligadas ao
desenvolvimentismo, ao consumo nacional e ao Estado como propulsor do
progresso.
Exatamente teses encampadas pelo
Governo Dilma Rousseff. E que com os frutos desse belíssimo trabalho presenteia
todos os cidadãos. A Presidente seguiu à risca todo painel de ações
desenvolvimentista, keynesiano e nacionalista – exatamente como os burocratas
argentinos querem.
O Keynesianismo, dentre outras
coisas, segundo alguns economistas austríacos, distorceu uma lei econômica
importante – a Lei de Say – o que não foi pouca coisa. Não quero entrar em
minúcias dessa escola, mas Keynesianismo, em português bem traduzido, significa
abrir o cofre estatal. Torrar dinheiro popular, sem dono, gastar sem poder,
dando embasamento teórico para políticos populistas sumirem com dinheiro
alheio, pavimentando indesejáveis reeleições e projetos megalomaníacos.
Coitadinhos, enganados por
petistas…
Se você conhece algum keynesiano
diga a ele que tem responsabilidade moral pelo que ocorre no Brasil. As
estatais quebradas, a inflação, o descontrole das contas públicas, a
insegurança dos setores de produção e investimento, etc., tudo isso é culpa do
embasamento teórico que eles pregam.
O desenvolvimentismo da Cepal
(Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) fez nascer uma classe
muito peculiar de economistas: Celso furtado, Maria da Conceição Tavares e até
o esquerdista FHC.
O erro de Marx creio
desnecessário comentar. Pressupõe, claro, algum juízo dos leitores essa minha
presunção. Marx, reconheço, não nasceu tão errado como os marxistas que lhe
sucederam.
Não é de hoje que os
neo-populistas da América Latina lutam por uma “distância de segurança” de um
suposto “neoliberalismo” (alguém pode me esclarecer o que seria isso?).
Faz lembrar quase automaticamente
o chamado marxismo cultural, que foi a ideia de, na impossibilidade de
revoluções materiais ou físicas, se partir para a tentativa da destruição dos
valores clássicos da sociedade com o abocanhamento de pilares culturais, para
que seja pavimentada outro estado de coisas que sustente um outro regime
político.
Fazendo uma pequena digressão, e
sem flerte com teorias conspiratórias de internet, que são bem cafonas, veja,
em exemplo, como essa doutrina age no campo da religião.
O comunismo pegou uma carona na
teologia cristã e fez certas substituições de alguns pilares clássicos por
chavões revolucionários, que de tão surradamente toscos, até as criancinhas de
tenra idade já se deram conta de sua infantilidade.
- a salvação das almas por Jesus
(ou outro método escatológico, como as “boas obras”) é trocada pela revolução
estatal e depois pela da assunção do Poder pela classe operária;
-o “Paraíso” ou o Céu teologal
surge pela abolição da propriedade privada, antecipando para a Terra aqueles
lugares, um clima da sociedade dos anjos;
-a materialização da “opus
diabolis” ou da figura do Diabo, representando-a pela classe burguesa ou mesmo
outros classismos bobos.
Isso, como dito, no campo
religioso.
É assim que funciona a usurpação
total de um povo – e ela começa no campo das ideias, e esse artigo insinua que
a Argentina está muito bem disposta a realizar isso.
Voltando à terra da doutrinação
ideológica, Néstor Kirchner cujo mandato vigorou entre 2003 e 2007, quando da
assunção do cargo, tentou organizar a situação de seu país, decretando
moratória. Alguns dados realmente apontam para um crescimento razoável do PIB
em seu mandato. Na verdade, esse sucesso é explicado pelo mesmo fato que
ocorreu com o Brasil em tempos recentes: o sucesso dos produtos primários no
mercado mundial.
E a Argentina tem que fazer isso
para buscar a consolidação de seu projeto de poder insano – buscar essa
doutrinação com apelo marxista e keynesiano. Um país claramente socialista. Que
controla preços, amordaça a imprensa, pratica estatizações a rodo, e mente
sobre dados econômicos que deveriam ser oficiais. As únicas estatísticas
críveis são de analistas estrangeiros. A Argentina é uma bagunça. Igualzinho
aqui no Brasil.
O que se quer dizer com tudo isso
é que a Argentina tem tudo a ver com Marx, Keynes e ideias cepalinas e deve,
sim, controlar as grades universitárias de suas faculdades de Economia.
Não está certo mesmo! Como
sustentar a incoerência ideológica entre o meio acadêmico e as injunções do
Governo?
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