“Serpens
nisi serpentem comederit non fit draco” – Serpe que não
devora serpe, não se faz dragão.
Gustavo
Miquelin Fernandes
Sun
Tzu, famoso escritor e estrategista chinês, dizia que a condição
primeira da vitória é conhecer o inimigo. Parecer razoável mesmo
que para podermos derrotar algo ou alguém que traz ou faz algum mal
é preciso antes de tudo delimitá-lo, circundá-lo com nossa visão,
estudá-lo e, daí, vencê-lo, retirando o bem que nos tomou ou
afastando todo o mal que nos fez.
Parece
óbvio também que nomeado e conhecendo nosso inimigo, podemos contar
com o auxílio de todos os não-inimigos para afastar o perverso, o
venenoso. Nada de pragmatismo ou relativismo desvirtuoso e sem
escrúpulos, e sim, auxílio necessário para que o “mal que assola
ao meio dia” seja completamente afastado. Toda ajuda é sempre
necessária, pena de ser perder a oportunidade do combate.
Ultimamente,
os descalabros governamentais autoritários se tronaram insuportáveis
e galgaram um nível que qualquer suportabilidade, ainda que
gigantesca, ameaça evanescer.
Ainda
que Mencken tenha dito que ”todo homem decente se envergonha do
governo sob o qual vive”, os limites da paciência cívica da
população chegaram ao máximo, o que exige pronta reposta,
evidentemente dentro de uma legalidade e de uma ordem constitucional
de coisas, sem violência, sem mentira, sem maiores danos – já que
o Estado se desmonta e o povo padece.
Nunca
se viu tantos barbarismos ditatoriais. O Brasil, este país de pouca
seriedade, definha, levando consigo um pouco daquela aura democrática
que possuía, embalada por votações livres, siglas partidárias
excessivas e bolsas e auxílios financeiros os mais diversas. A causa
disso tem nome, sobrenome, endereço e atende pelo nome de Governo do
PT.
Não
vim acusar o golpe. Este já foi dado. Agora é correr atrás de todo
prejuízo, que é monstruoso e dificilmente recuperável.
Apontar
o dedo acusador e fazer criticismo barato é tarefa considerada
fácil. O difícil mesmo é a tomada da consciência e o insight
moral para o combate. Todo cidadão decente tem responsabilidade
moral com o estado deplorável de coisas.
Esse
Governo, que nunca se viu pior, de uma administradora péssima,
rodeada por uma equipe bisonha e por um keynesiano que ajudou a
destruir com a saúde financeira do país; todos têm a parcela de
culpa mais que direta. Mas, não se auto-elegeram; foram alçados ao
poder por nós, votantes.
Mesmo
os que não apoiaram esse projeto de poder insano, todos, sem
exceção, têm parcela de culpa, maior ou menor, ainda que indireta.
Agora é encontrar os inimigos e apontar os culpados.
Pelo
desastre na política, a culpa é dos maus votantes que elegeram tais
como agentes messiânicos, caindo no embuste dos demagogos de
eleição. Aqui, nossa auto-crítica tem que ser forte.
Na
área da educação, a culpa é dos esquerdistas, contaminando há
muito tempo a mente de varias gerações, com discursos impossíveis,
com “refeições grátis” (Friedman), relativismos éticos,
utopias infantis e muito de um romantismo tosco que somente causou
entropia no sistema democrático.
Na
área econômica, os keynesianos que foram, SIM, os culpados da
tragédia brasileira, nos presenteando com inflação, desemprego,
insegurança dos investidores, falência, déficit público e
crescimento pífio.
Estes
devem ser diariamente culpados pelo que programa que ajudaram
construir. Sem dó e sem segunda chance.
O
curioso nisso é que todos estão pulando do barco. Lula diz que os
protestos existiram porque a situação dos brasileiros melhorou.
Esquerdistas com vergonha do Governo tentam se descolar e demonstrar
que o quadro atual não representa a esquerda. Keynesianos dizendo
que as medidas tomadas foram tímidas e depois que o Brasil já
iniciou sua recuperação.
Uma
cusparada na cara ouvir isso desse senhor, o “Presidente do
mensalão”. O motivo da “primavera brasileira” foi a corrupção
do PT, péssimo serviços públicos e a busca por mais Estado.
A gota
d’água, sem dúvida, foi o levante autoritário da Presidente,
esse golpe bolivariano na altura do peito do cidadão de bem, com a
vinda dos escravos do Governo de Cuba – estratégia para mandar
dinheiro para a Ilha, já que os irmãos Castro ficam com a maior
parte dos proventos dos profissionais de saúde. Com toda certeza,
esse episódio revelou, pra quem tinha alguma dúvida, a força
ideológica dessa gente que sentou o rabo no poder e se recusa sair.
Assim,
o inimigo está bem delineado e subjetivamente definido: é o Governo
do “mensalão”. È esse que todos os homens lúcidos, em dia com
a consciência devem fazer o bom combate.
E
creio que devemos fazer uma correção terminológica. É comum
pessoas dizendo que o PT, que o Governo, têm cometido equívocos,
erros, saíram do rumo, e outros eufemismos inaceitáveis.
É
preciso corrigir isso definitivamente. O PT não errou, sempre atuou
conforme suas linhas-mestras, conforme o projeto de poder que sempre
buscou, de forma anti-republicana.É difícil compreender isso?
Saibamos corrigir educadamente as pessoas que proferem tais
imprecisões terminológicas. O Governo do PT é o Governo do Foro
de São Paulo (para aquele não sabe o que significa, é importante
buscar essa informação), o Governo da estratégia governista
mensaleira, da tragédia na economia, da censura à imprensa, o
Governo do Eike Batista.
Também
é inaceitável a mistura de temas, contrapondo privatizações
realizadas em Governos anteriores com o esquema conhecido como
“mensalão do PT”. Coisas distintas e injustificáveis. O pior,
sem dúvida, é ver gente falando que essa mesma estrutura criminosa
era apenas um crime eleitoral, sem maiores implicações.
Nosso
Governo é aquele que deseja fazer o controle da imprensa e nada vai
fazer desistir disso. Querem ainda a PEC 33 - proposta que pretende
limitar os poderes do Supremo Tribunal Federal (STF), submetendo
algumas decisões da Corte ao Congresso Nacional – projeto de
autoria do Deputado NAZARENO FONTELES, do PT do Piauí.
O
governo da propaganda mentirosa que diz que “não sei quantas
milhões de pessoas foram retiradas da miséria”. Que mundo essa
gente, que repete isso como papagaio, vive? E se não bastasse a
máquina de propaganda, temos ainda os “idiotas úteis”, os
verdadeiros reféns do “sistema” (esse sistema, sim, existe) a
repetirem ad nauseam tais barbaridades, como se verdadeiras
fossem. Muita gente jovem, esclarecida, de alguma educação
propagando inverdades a favor desse modelo de poder que aí está. Os
mesmos manifestantes de junho último fazem a defesa desavergonhada
do Governo e desse partido – o que é mortalmente contraditório e
totalmente inaceitável.
Chegamos
ao limite. Brasileiro cansou de ser otário ou pelo menos deveria
cansar disso. Onde estão os manifestantes de junho de 2013? O
gigante acordou mesmo?
Se a
eleição de 2014 fosse hoje, Lula venceria.
O
inimigo é o Governo que destruiu com as estatais brasileiras, que
eles dizem ser patrimônio do povo. O inimigo é esse que patrocina
os escândalos diários, divulgados pela grande imprensa. Nosso
inimigo tira seu dinheiro pago em impostos que deveriam ir para a
saúde e investimentos em saneamento e educação e irriga blogs
“chapa-brancas” para propalarem dados e informações
distorcidas, consumidas por aqueles mesmos idiotas úteis, que saem
contaminando mentalidades e difundindo mentiras.
Esse
Governo não vai se emendar, já provou isso. Não pode haver segunda
chance. A estrutura estatal federal é comandada pelo partido de José
Dirceu, homem que em breve estará atrás das grades, preso por ser
líder de quadrilha – conforme decisão da Corte constitucional.
O
Ministro Celso de Mello descreveu como esse senhor do partido agia
quando no poder:
“Não se está a incriminar a atividade política, mas a
punir aqueles, como o ora embargante [Dirceu], que não se mostraram
capazes de exercê-la com honestidade e integridade. E longe disso,
transgrediram as leis com o objetivo espúrio de conseguir vantagens
indevidas e controlar de maneira criminosa o próprio funcionamento
do Estado”
O PT
do Genoíno, do João Paulo Cunha, de simpatizantes como Ciro Gomes,
Marina Silva, de gente comunista, apaixonada por Cuba.
É por
eles mesmo que queremos ser representados?
E uma
ressalva cabe aqui. O discurso moralista, falsamente ético não pode
ser aceito. Isso era coisa de UDN. Na verdade, o problema desse
Governo e partido não é somente a corrupção (como se fosse
pouco). Certo que corrupção representa o carro-chefe, mas os erros
estão escancarados em qualquer área que seja analisada. Tudo vai
mal.
Não
quero dizer que fazer da Casa Civil um centro de inteligência do
crime e do “mensalão” o maior escândalo de nossa História seja
pouca coisa. Não é. Devem pagar por isso. Cadeia para todos que
participaram dessa arquitetura criminosa. Isso é o mínimo que um
país sério deve esperar.
O
inimigo que fazia estreita ligação com as FARC, com guerrilha já
dava um aviso amigável do que poderia ocorrer. E ninguém deu muita
atenção a essas informações. A mistura entre partido, Governo e
Estado veio pra ficar e o desmonte disso será difícil e intricado.
Será
que brasileiro deseja Rosemary Noronha perambulando por órgãos
públicos e tirando proveitos sob a proteção de Lula? Não foi um
episódio isolado. O poder pelo poder, exercido de forma
anti-republicana, tem dessas coisas.
Um
homem correto esperaria que se censurassem os integrantes da
quadrilha, nas palavras do STF, e como se os responsáveis se
comportam? Fazem menções de apoio e homenageiam os criminosos.
Definitivamente, não é um partido que se deva levar a sério.
O
projeto de poder não tem encontrado limites. Usam do poder com um
pragmatismo sem fim, de ação maquiavélica, onde todo meio, por
mais abjeto que chega, é justificado pelo fim, que geralmente dão a
coloração de “social” para angariar votos e cooptar
consciências. E questões caras ao país se esvaem e ganham
esquecimento. Empregos, ganhos de produtividade, educação de
qualidade, baixa tributação: tudo enterrado dentro de uma caverna
hermética de onde nunca serão resgatadas. O Estado virou factótum
de uma nação pobre e miserável que luta para viver com muita
dificuldade – e o Governo-Inimigo empurra com a barriga o
enfrentamento dos problemas reais.
Na
área econômica, uma equipe “nunca vista na História desse
país”... de tão fraca. O Keynesianismo terceiro-mundista e
provinciano que fez escola na Venezuela e Argentina deu o ar da
graça. Paguemos o preço. O dinheiro não é nosso mesmo, é de
todos, da viúva...
É
isso que o brasileiro realmente quer?
Sem
contar o que foi feito com o Estado, entendido como ente legítimo em
sua função ordenadora da sociedade. O aparelhamento das estruturas
estatais. O uso político de empresas públicas. O uso indevido do
BNDES, uma Presidente da Republica gerencialmente incompetente,
auxiliada por 4 dezenas de Ministros, que usou seu autoritarismo até
na forma como deveriam chamá-la – “Presidenta”.
O
desrespeito ao patrimônio público é estarrecedor. A Presidente que
era comunista e se diz muito rígida com gasto público jamais
poderia gostar de se hospedar em hotéis de luxo. O exemplo vem de
cima.
Isso
porque não estamos oficialmente em campanha. E nossa chefe de Estado
já mandou avisar que “fará o diabo”. Aguardemos.
Não
dá mais para as pessoas decentes. Na impossibilidade de promovermos
um êxodo para o Chile, vamos ficar e lutar por mudanças. Nada de
sair na rua, como aqueles bobocas de cartolina, mas fazer o embate de
ideias, culminando com o processo do sufrágio que vai defenestrar
esse projeto de poder que nunca deveríamos ter experimentados.
Já
sabemos quem é o inimigo, portanto. O primeiro passo foi andado.
Prossigamos. As alternativas não alentam muito, mas nada pode ser
pior que isso que está aí.
Nada!
Costuma-se
dizer que é tudo igual, “farinhas do mesmo saco”, projetos muito
parecidos ou não podemos jamais voltar “àquele tempo”, ou, pelo
menos, “tivermos algum progresso”. Que coisa mais enganosa, para
não dizer maliciosa ou estúpida: nunca vivemos eras tão
arbitrárias. No passado, sim, houve avanço, tímido e insuficiente,
mas houve de fato.
O
Estado sempre tende a comportar corrupção de toda ordem, mas como
hoje nunca se viu. Isso pode ser explicado pela ideologia ou origem
do partido que abocanhou o poder: extremamente pragmático, com apelo
populista forte, enturmado com as piores tiranias do Continente e com
os mais terríveis caudilhos da América. Será que vale a pena
insistir nisso?
Concordo
que todas as facções políticas têm problemas, mas o partido
governista é sui generis. Nada se compara. O diplomata e
economista Roberto Campos nos legou uma definição: O PT é o
partido dos trabalhadores que não trabalham, dos estudantes que não
estudam e dos intelectuais que não pensam. Veja que um ex-presidente
tentou calar um Ministro do Supremo. Em um país sério, ele seria
imediatamente preso.
Há
opções de mudanças, mesmo que não impressionantemente melhores,
mas viáveis e um pouco superiores. Apostemos nisso. Se errar, será
erro menor. E saibamos corrigir, ao depois.
O
inimigo não espera. Não podemos também, pois, aguardar. Façamos
o melhor pela via democrática, sempre. Com Voltaire: ”que Deus me
proteja dos meus amigos. Dos inimigos, cuido eu.” E para quem
deseja um alento cristão: "Pisarás o leão e a cobra; calcarás
aos pés o filho do leão e a serpente" - Salmo 91 da Bíblia
Sagrada.
Cuidemos
de uma forma bem carinhosa. Matemos, no bom sentido, claro. Matemos o
projeto de poder insano, matemos a corrupção como “moeda de
troca”, matemos todo tipo de petralhice que atrapalha o
progresso dessa nação que poderia hoje ser um país, de fato, sem
miséria, bem ao contrario do que diz a propaganda mentirosa do
Governo.
A casa
caiu para a população, especialmente a mais pobre; faremos, pois,
também cair para os grandes do poder.
Finalizando,
com relação à frase que inaugura esse texto, realmente não somos
cobras, mas podemos ser tão poderosos quanto, e usar desse veneno
para matar as verdadeiras serpentes que rastejam por aí, sempre
preparadas para dar o bote em nós, pessoas decentes.
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