quarta-feira, 1 de julho de 2015

Surda, cega e muda

Por Armando Soares

                Surda, cega e muda, assim se mostra a sociedade brasileira diante de um cenário político, administrativo e institucional infectado e inoperante. Diante desse cenário imutável melhor seria ouvir Charles Trenet e suas maravilhosas músicas do que estar escrevendo sobre o lixo político brasileiro, sobre as mazelas dos brasileiros, um povo que está se mostrando incapaz de se libertar de políticos sórdidos e do Estado intervencionista. Um povo que elege pessoas para produzir corrupção e outras imundícies, que sugam ao máximo a renda de quem trabalha e produz, ou seja, o próprio povo cria o seu algoz, pura estupidez e demência. É inacreditável!

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                Os políticos e governantes eleitos conscientemente pelo povo brasileiro criam projetos que destroem o núcleo familiar através do ensino público sob a orientação de professores infectados por ideologias pútridas e a sociedade não reage mesmo sabendo que seus filhos são a maiores vítimas. A sociedade brasileira se faz de surda, cega e muda quando se trata de perseguir um projeto de nação preocupada apenas com seus interesses egoísticos, comportamento que permite que o governo assuma em seu lugar como o principal agente social através de uma política que destrói a família. Com esse comportamento estranho a sociedade abre mão de algo tão importante, entregue às pessoas desqualificadas, imorais que produzem leis bisonhas, atualizadas permanentemente para garantir a ação de um Estado intervencionista que usa o dinheiro dos brasileiros para outros fins que não o de desenvolver o país. Por causa desse comportamento alienante e irresponsável, a sociedade brasileira historicamente vem se omitindo nos períodos cruciais em que as liberdades, os direitos e a propriedade e a comunidade estão sob ameaça concreta, e incompreensivelmente a sociedade fica cobrando de um governo soluções. A sociedade brasileira está cansada de saber também que o governo é um ente público inepto, mesmo assim acolhe sem reação seus atos. A verdade é que a sociedade brasileira, os brasileiros, todas as classes de brasileiros, renunciaram ao papel de atores fundamentais da construção da prosperidade, abdicando em favor de políticos e governantes medíocres. Por experiência própria e sofrida, a sociedade sabe que a crise econômica, social e institucional é de responsabilidade do Estado sob o comando de um governo petista que vem impondo sofrimento à sociedade desnecessariamente. Se a sociedade diante dessa realidade não reage é por covardia ou desinteresse, e sofre por que quer, por não ter coragem de reagir ou por achar que nada tem a ver com política preferindo sofrer as consequências dessa atitude irresponsável.



                Fique certo o brasileiro que ninguém consegue controlar o poder concedido ao governo e o tamanho do Estado apenas através de leis, normas administrativas, regulamentos. Quanto mais regras houver, mais problemas serão criados para quem trabalha honestamente. Esse tipo de problema só se resolve com uma mudança cultural. Governo com características intervencionistas apequena a sociedade, e um sistema político fundamentado na intervenção, no controle de esferas da vida social, política e econômica corroem as normas morais, contrai o senso de responsabilidade, diminui o sentido do dever, inviabiliza o exercício da fraternidade, desestimula o trabalho das instituições sociais não governamentais e cria uma nova ordem, armadilha difícil de ser destruída porque é alimentada por atitudes irresponsáveis da sociedade ao deixar nas mãos da política, do governo e do Estado fazer o que convém aos grupos mercantilistas que se apropriaram do poder por ignorância do povo.

                A carga tributária só foi modelada ao longo dos anos para cobrir as necessidades do governo e cumprir a maior parte das promessas políticas convertidas em lei de forma pretoriana, sem medir a capacidade de a sociedade brasileira suportar esse sangramento. A Constituição de 1988 é exemplo de utopia e distopia da realidade: muito direito para pouco dever e mínima responsabilidade. Desde que a Constituição foi promulgada, “foram editadas 4.960.610 normas para reger a vida do cidadão brasileiro, entre emendas constitucionais, leis delegadas, complementares e ordinárias, medidas provisórias, decretos e normas complementares e outras”. Isso significa a publicação em média de 522 normas a cada dia do período ou 782 normas por dia útil. Em 26 anos, o Estado criou “inúmeros tributos, como CPMF, Confins, Cides, CIP, CSLL, PIS Importação, Confins Importação, ISS Importação e quase todas sofreram reajustes”. Essa é uma prova de que a sociedade brasileira é refém de um Estado intervencionista, que opera para sustentar governos e políticos sanguessugas. Portanto, não há dúvida de que a responsabilidade desse processo intervencionista cabe exclusivamente à sociedade brasileira que tem sido incapaz de reagir a essa agressão. Estamos pagando uma conta absurda para sustentar um Estado falido e inoperante, e, o que é pior, transfere-se esse custo ao consumidor brasileiro, ou seja, brasileiros ferrando brasileiros, o que permite o enriquecimento ilícito e determina o atraso civilizatório. O tamanho do tributo brasileiro: a reunião de toda a legislação tributária brasileira virou um livro de 41 mil páginas, 7,5 toneladas e 2,10 metros de altura, o tamanho da burrice brasileira.


                Esse cenário brasileiro putrefato força “a implantação de novos modelos de conduta”, tende a provocar “a quebra repentina de padrões de moralidade tradicionais”, produzindo um “estado de perplexidade e desorientação”, a dissolução dos laços de solidariedade social, que desemboca no indiferentismo moral, no individualismo egoísta e na criminalidade. O reflexo dessa atuação política cavernosa na sociedade é tanto engenhoso, em razão da indiferença da sociedade, quanto danoso. A tutela estatal é apresentada à sociedade de maneira tão astuta, diante da indiferença de brasileiros, que a percepção da sociedade é de que se trata de algo bom, virtuoso, feito com a melhor das intenções. Os brasileiros orientados ao longo da história por meio da interferência e propaganda do governo, das ideologias, da atuação de péssimos intelectuais e da intelligentsia e do ensino caricato, não chegam a ser exatamente uma surpresa o fato de haver dados demonstrando que os brasileiros amam o Estado, ou seja, amam o seu inimigo. Segundo a Pesquisa Social Brasileira, os brasileiros são todos estatistas, alguns mais e outros menos. Revelou também a pesquisa que o brasileiro é um país “hierárquico, familista, patrimonialista” e que grande parte da população é favorável ao jeitinho e defende mais intervenção do Estado na economia. A pesquisa também revelou que “um dos valores mais fortes da sociedade brasileira é o seu amor pelo Estado”. “Esse sentimento se manifesta na posição favorável ao controle estatal em setores como educação, saúde, aposentadoria e providência social, justiça, transporte, estradas e rodovias, fornecimento de água, serviço de esgoto, coleta de lixo, energia elétrica, serviço de telefonia fixa, serviço de telefonia móvel, bancos, fabricação de carros”. A economia é um setor decisivo para a formação da mentalidade estatista. Quem mais deseja a interferência são os mais pobres, que “também são os menos escolarizados.” Por conclusão, como a classe pobre é que tem peso maior na escolha de políticos e governantes que ditam o caminho a seguir, então a solução para o Brasil só será possível no longo prazo, quando a pobreza desaparecer ou diminuir através do desenvolvimento e da escolaridade. Estamos, portanto, no presente, na casa do sem jeito e sem perspectiva, uma vez que enquanto os pobres escolherem políticos e governantes o ciclo do sofrimento não terá fim, é um ciclo que se repete continuamente.

Armando Soares – economista

e-mail: teixeira.soares@uol.com.br                 

                
Soares é articulista de LIBERTATUM

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