A corrupção no governo
Por Vanderli Camorim
Ao ler a revista VEJA deparei com o seguinte:
O jornal Folha de S. Paulo noticiou nesta quarta –
27/01/2016- que o ex-servidor da Receita Federal João Gruginski relatou à PF
que o lobista Alexandre Paes dos Santos, o APS, afirmou que o presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o
ex-senador Gim Argello (PTB-DF) pediram propina de 45 milhões de reais para
viabilizar uma emenda na Medida Provisória 471/2009. Gruginski também teria
declarado que APS informou que a MP 471 teria custado 6 milhões de reais para
uma campanha, a qual não soube identificar. Os três políticos negaram, conforme
o jornal.
Os políticos implicados vão morrer de pés juntos mas jamais
confessarão uma coisa desta. A tendência é dizer que tudo não passa de uma
armação, que não conhecem quem disse uma asneira dessa, que não sabem de nada
nem do que é tratado, que isto é coisa dos seus desafetos políticos e etc.
A PF tem se destacado por muito tempo no combate à
corrupção. Mas os resultados das investigações ao longo destes últimos dois
anos, fatos que se produziram durante o governo do PT e tem sido chamado de
operação Lava Jato e seus desdobramentos, tem chamada a atenção no Brasil e no mundo
inteiro.
A atual investida trouxe à tona algo que não era usual. A
corrupção sempre foi tratada como algo endêmico e que teria vindo pro Brasil
nas caravelas de Cabral. Envolvia quase sempre indivíduos ou grupos deles que
se aproveitavam de sua posição privilegiada no governo para tirar vantagens, de
certo modo consideradas pessoais. Mas agora ele foi inovado, sofreu uma
transformação revolucionária. Tornou-se um “esquema” de governo, tratado nas
sombras com o objetivo de mantê-lo hegemônico.
O PT, um partido de corte socialista, deixou de lado as receitas
consideradas ortodoxas da tomada do poder e aderiu de corpo e alma a esta
inusitada ferramenta. Vinha dando certo até que, de acordo com o velho ditado
de que não há bem que sempre dure e mal que nunca acabe, começou tudo a dar
errado e todo o edifício começou a cair com grande estrondo. Achando que jamais
seriam descobertos e porque todo mundo era corrupto e que a corrupção fazia
parte da paisagem, foram deixando rastros e agora todo mundo quer tirar o corpo
fora quando não dizem que não sabem de nada. O que se achou ser um adequado
meio de se conquistar o poder virou um caso de policia.
Para a população a corrupção é um bicho feio. A opinião
geral é que a corrupção teve consequências na crise atual e no rebaixamento do
nível de sua vida. A revolta contra membros do PT e mesmo contra o partido tem
sido grande. Muitos de seus integrantes têm sido hostilizados quando frequentam
espaços públicos seja hospital, restaurantes ou mesmo praia. O ex-ministro
Mantega foi hostilizado tanto em um hospital como em um restaurante em São Paulo.
O mesmo aconteceu com um ministro do governo quando descoberto em um
restaurante em Minas Gerais. Mais recentemente aconteceu com o filho de Lula em
Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. A população não está dando trégua ao partido
e a seus integrante que quando notados vem logo os gritos de ladrão que até seu
líder máximo já se sentiu incomodado e receoso que doravante só aparece em
encontro privado e cercado de segurança. Tornou-se um líder encurralado.
A corrupção tem chamado a atenção das pessoas e das
autoridades e todos querem combatê-la e expressam este desejo com toda
sinceridade. Há slogan tal como corrupção nunca mais e outra do gênero. Todos
estão de acordo que é algo muito ruim e que se deve dar um fim. O que ninguém
pergunta é o que é a corrupção e como ela é possível, qual a sua origem e
porque ela insiste em permanecer em nossa convivência.Se combater este monstro,
como é tido, é urgente, implica saber a sua origem para matá-lo definitivamente no
seu nascedouro do contrário todo o esforço será frustrado. Ou o Brasil acaba
com a corrupção ou a corrupção acaba com o Brasil. Mas se tem sido difícil responder a pergunta do que é a sua origem, aceitar a sua resposta é ainda mais difícil.
Sim porque existe uma cultura enraizada na população que pede a intervenção do
governo pra tudo, a raiz do problema.
Mas é inegável que todos dão as costas para o fato de que a
corrupção é a consequência inevitável da intervenção do governo na economia. Concorda-se
com tudo, menos com esta afirmação tão cristalina. Hordas de intelectuais de
todo tipo, nos mais variados lugares, desde as universidades até ao mais
insignificante jornal não se cansam de propagandear que a economia é a área
mais importante da atividade do governo que só ele pode conduzir este assunto
com o maior proveito. Defendem o ponto de vista de que é uma questão ética e
não um assunto econômico, que basta tornar a administração transparente e entregar
o cargo a um homem de reputação ilibada e desinteressado que pertença a um
partido que tenha compromisso histórico com os assuntos do povo e outras
balelas. Ora, pelo simples fato de ter dinheiro na jogada já invalida seus
argumentos de que é um assunto moral e administrativo e não econômico.
A intervenção do governo nos negócios tem como um dos seus fundamentos a noção bastante popular que os empresários ou homens de negócios, genericamente chamados de capitalistas, são egoístas demais e só pensam em ganhar. Não hesitam, para ter lucro, em explorar o pobre do trabalhador até à morte se for o caso. O trabalhador estaria perdido e transformado em escravo do depravado capitalista se não fosse a mão forte e visível do estado paternal. É um fato curioso porque o estado, suposto ente benevolente, é operado pelos políticos e burocratas os quais a população tem um péssimo conceito deles, frequentemente considerando-os bandidos da pior espécie. A população parece que não faz a ligação de uma coisa com a outra, entre estado ou governo e os políticos e os burocratas.
A intervenção do governo nos negócios tem como um dos seus fundamentos a noção bastante popular que os empresários ou homens de negócios, genericamente chamados de capitalistas, são egoístas demais e só pensam em ganhar. Não hesitam, para ter lucro, em explorar o pobre do trabalhador até à morte se for o caso. O trabalhador estaria perdido e transformado em escravo do depravado capitalista se não fosse a mão forte e visível do estado paternal. É um fato curioso porque o estado, suposto ente benevolente, é operado pelos políticos e burocratas os quais a população tem um péssimo conceito deles, frequentemente considerando-os bandidos da pior espécie. A população parece que não faz a ligação de uma coisa com a outra, entre estado ou governo e os políticos e os burocratas.
Exercer uma atividade empresarial, depender direta ou
indiretamente da aprovação ou desaprovação dos consumidores, cortejar o comprador
para merecer a sua preferência e ter lucro ao conseguir satisfazê-lo melhor do
que os seus competidores é, do ponto de vista da ideologia dos burocratas, algo
egoísta e vergonhoso. Somente os que estão na folha de pagamento do governo
podem ser considerados altruístas e nobres.
Infelizmente os governantes e os funcionários públicos não
são anjos. Percebem logo que suas decisões podem significar, para os
empresários, perdas consideráveis ou, às vezes, ganhos extraordinários.Existem
certamente burocratas que não aceitam suborno; mas existem outros que anseiam
por uma oportunidade “segura” de “partilhar”os ganhos permitidos por suas
decisões.
E é isto que se vê neste noticia da revista VEJA. A medida
provisória que ela faz referência diz respeito a incentivos fiscais, ou seja, dinheiro fácil desviado de uma maneira sorrateira, a titulo de estímulo ao
desenvolvimento econômico, a grupos particulares em troca
de uma vantagem. Um beneficio que percorre um caminho de mão dupla, uma simples
alteração na lei de incentivos fiscais com fins de favorecer um grupo de interessados que deste modo passariam a ter um ganho privilegiado ao mesmo tempo que
objetivos não confessáveis são atingidos.
Os economistas do período clássico afirmavam que era um
contrassenso o governo interferir na economia. A economia tem o regulador
natural e mais eficiente que é o consumidor. Para isto é preciso que exista
plena liberdade de empresa. O consumidor não é uma entidade do outro mundo.
Somos todos nós. Qualquer um que entre em um estabelecimento para comprar
qualquer coisa é um consumidor. O consumidor é também o trabalhador, pois para
comprar tem que ter dinheiro o que implica em trabalhar para obtê-lo. O
consumidor somos todos nós que ao comprar ou se abster de comprar determina o
sucesso ou fracasso de todo negócio. Se não houver o consumidor patrocinando o
empreendimento este fecha as portas e tanto o patrão como o empregado terão que
procurar outro negócio.
O papel que cabe ao governo é a defesa da paz, da segurança,
para que as pessoas possam trabalhar e colher o fruto de seu trabalho. Neste
limite e função o governo é parte complementar do mercado e contribui para o
engrandecimento da vida social. Se o governo vai além deste limite ele dá inicio a um trabalho lento de destruição da ordem social que de outra maneira
ajudaria a construir. Quanto menos o governo se imiscuí nos negócios mais os
indivíduos prosperam e todos ganham. O contrario também é verdadeiro. Quanto
mais o governo interfere nos negócios mais os indivíduos empobrecem e todos
perdem.
Camorim é autodidata, estudioso da Economia Clássica, Escola Austríaca de Economia, e articulista de LIBERTATUM
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