Janot arquiva pedido de investigação contra campanha de Dilma. Por que não estou surpreso?
Conforme lemos no Brasil247, o procurador geral de Dilma, Rodrigo Janot, segue trabalhando com afinco para justificar sua indicação por uma presidente bolivariana. No critério bolivariano, fazer jus à palavra justiça é pecado mortal.
O caso arquivado se refere à denúncia envolvendo a VTPB Serviços Gráficos e Mídia Exterior Ltda, que prestou serviços à campanha de Dilma. Em 7 de maio, seis meses e três semanas depois da vitória da presidente, Gilmar enviou um comunicado ao PGR, pedindo providências pertinentes quanto às evidências de irregularidades.
Em ritmo de discurso surreal, Janot tenta convencer a patuleia de que “não há providencias de talhe cível ou criminal a adotar a partir da ‘notícia de fato’ em exame” .
Pausa para a gargalhada, pois essa foi forte. Muito forte. Ele realmente tem um senso de humor macabro. Conheça um pouco mais, a partir do Implicante, os fatos (que segundo Janot parecem não existir) sobre a tal gráfica do PT.
Em outro parágrafo, ele menciona uma tal “inconveniência de serem, Justiça Eleitoral e Ministério Público Eleitoral, protagonistas — exagerados do espetáculo da democracia”. Salvo eu esteja enganado, este é o discurso criado pelo PT para se livrar de qualquer culpa por seus crimes evidentes. Na propaganda petista, se “foi eleito”, então não pode ser julgado. O engraçado é que a regra não valeu para Eduardo Cunha e Fernando Collor. Então é assim que funciona para o bolivariano: se o político não for do PT (e não estiver contemplado em acordões), aplica-se a lei, e, em alguns casos, até de maneira desproporcional. Caso contrário, basta apelar à “inconveniência de serem, Justiça Eleitoral e Ministério Público Eleitoral, protagonistas — exagerados do espetáculo da democracia”.
Em parte para desenvolver truques deste tipo existem entidades como Foro de São Paulo. E pior que muitos ainda caem na conversa.
Gilmar Mendes apontou que a gráfica não funcionava no endereço declarado e que não tinha estrutura para imprimir o material declarado na campanha. A avaliação de Janot é esta miséria: “Os fatos narrados não apresentam consistência suficiente para autorizar, com justa causa, a adoção das sempre gravosas providências investigativas criminais”. Só faltou ele repetir o chavão petista: “Todas as despesas foram legais”, uma versão para o “Sou inocente”, usada por assaltantes e assassinos presos, adaptada para políticos pegos com as calças curtas.
A vergonha maior vem na confissão (a boa notícia é que Janot tem sido descuidado, portanto, podemos aproveitar essas brechas para quintuplicar a pressão) ao final, quando ele menciona o papel do judiciário na “pacificação social e na estabilização da Justiça”. Segundo ele, este argumento seria validado pelo artigo 5o da Constituição Federal, onde se diz: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantem a celeridade de sua tramitação.”
Que papo furado!
Não tem absolutamente nada neste artigo que fale de “pacificação social”. E este é outro truque retórico do PT, que anda culpando a “crise política” pelos males do Brasil. O partido que depende do ódio para obter qualquer resultado (haja vista que são marxistas, logo, seguem uma técnica retórica com base em ódio), reclama quando sua vítima reage. Seja como for, Janot usou como justificativa para sua decisão mais um item da propaganda petista. Novamente, foi descuidado.
É por isso que eu digo que precisamos ser mais céticos e críticos perante Janot. Sigo argumentando que é um absurdo defender a ideia de fé cega nesta figura (conforme proposto pelo site O Antagonista). Então serei um antagonista a esta postura: a questão não é nem Janot, mas qualquer membro do aparato estatal que tenha sido indicado por um bolivariano. O que eu defendo é que tenhamos atenção redobrada, no mínimo, diante dessas pessoas. Em geral, tal atenção especial irá se mostrar justificada.
Um auditor de investigação de fraudes geralmente delibera alguns elementos em uma lista de checagem, a qual dá suporte às atividades de examinação. Por exemplo, o excesso de desculpas esfarrapadas para punir desproporcionalmente adversários do PT. E o mesmo tipo de desculpa esfarrapada para livrar petistas de condenações. Basta ler suas justificações para blindar petistas e atacar opositores e buscar tais elementos. Alguns até dirão: “Ei, Luciano, ele arquivou um pedido contra Anastasia”. Mas e daí? Janot não pode sair punindo sem qualquer indício. Ele também não é louco. Mas pode fazer denúncias injustificadas a partir de indícios fracos e evidências pobres. Assim como ele não conseguirá livrar Dilma caso surgisse uma evidência em vídeo. De novo, ele não seria louco de fazê-lo. Mas pode blindar a presidente mesmo que existam evidências fortes e conclusivas, como é o caso de que tratamos aqui.
Espero que nós sejamos mais fortes na pressão diante de nossos formadores de opinião, pedindo que eles pressionem Janot, que já está fazendo por merecer esta pressão há muito tempo. Em relação ao procurador geral de Dilma, a situação está muito confortável para alguém que tem tomado atitudes tão afrontosas ao cidadão brasileiro e, para piorar, se valendo de justificativas que só servem para ofender quem quer que tenha prestado atenção.
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Fonte: Ceticismo Político
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