Luís Eduardo Magalhães: o melhor presidente que o Brasil não teve
Nesse ano de 2015 faz dezessete anos a morte do deputado federal Luís Eduardo Magalhães, vítima de um infarto fulminante aos 43 anos de idade. Luís Eduardo era à época pré-candidato ao governo da Bahia. O político baiano era um liberal declarado e um admirador do economista Roberto Campos. Mesmo sendo filho do ex-governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães, Luís Eduardo ganhou luz própria na política, defendendo muitas vezes pautas diferentes das do pai, sendo elogiado até por membros da oposição.
Luís Eduardo Magalhães nasceu em Salvador no dia 16 de março de 1955. Foi deputado estadual no estado da Bahia entre 1983 a 1987 e deputado federal de 1987 até sua morte, sendo presidente da Câmara de 1995 a 1997. Estava cotado para ser candidato à presidência da república em 2002, pela força política que ganhava cada vez mais no cenário político nacional. O ex-vice-presidente da república Marco Maciel (DEM-PE) definia o liberalismo de Luís Eduardo como um conjunto de ideias que, executadas, seriam úteis ao País, com o grande empenho com que o deputado baiano se dedicava a pautas liberais, como a estabilização da moeda durante o plano real, o Plano Nacional de Desestatizações e a abertura do mercado brasileiro ao comércio internacional.
O próprio Luís Eduardo Magalhães dizia que o liberalismo é também e, sobretudo uma atitude de vida, isto é, a capacidade de ter convicções, mas, ao mesmo tempo, de conviver com as convicções alheias. Para Luís Eduardo, o verdadeiro liberal não deveria se considerar o dono da verdade; pelo contrário, entender que o melhor caminho haverá de surgir do amplo debate, ouvido todo o espectro político, doutrinário ou ideológico. E foi assim que Luís Eduardo ganhou o respeito de praticamente toda a classe política, desde os defensores do governo Fernando Henrique Cardoso até os oposicionistas mais ferrenhos, como os à época deputados federais Milton Temer (PT-RJ), hoje no PSOL, e José Genoíno (PT-SP), atualmente preso por envolvimento no escândalo do Mensalão.
Temer, em entrevista durante o velório de Luís Eduardo, disse que o deputado baiano não era pau-mandado, e sim que LEM, como também o baiano era conhecido, estava construindo um projeto liberal no qual acreditava desde a Constituinte. O ídolo político de Luís Eduardo Magalhães, Roberto Campos, escreveu um artigo contando sobre a convivência que teve com o baiano, que está incluído no livro “Na Virada do Milênio”, onde Campos reuniu vários artigos escritos ao longo de sua vida pública.
No artigo “Luís Eduardo, um liberal explícito”, Campos narra as histórias que passou com o deputado baiano, entre elas a declaração de voto feita contra a constituição de 1988, onde apenas seis deputados constituintes participaram – entre eles o próprio Campos, signatário da declaração e o à época deputado de primeiro mandato. Luís Eduardo Magalhães dizia que a constituição de 1988 tinha criado amarras à livre iniciativa, inviabilizou o Estado com o excesso de atribuições dadas ao poder público, tinha criado dificuldades para o investimento nacional e estrangeiro, tinha atribuído ao Estado um excesso de intervencionismo e criação de direitos sem mostrar as formas de financiamento dos mesmos.
Campos descreveu Luís Eduardo como um “liberal explícito” em um país de cultura dirigista, pois as defesas do capitalismo, do empreendedorismo e da livre iniciativa realizadas com fervor pelo deputado em um país como o Brasil era algo tão esquisito quanto praticar sexo na rua, com a diferença de que ser liberal no Brasil não dava cadeia como o sexo explícito, porém gerava patrulha ideológica por meio da esquerda acadêmica e dos sindicatos. No artigo, Roberto Campos descrevia as chances de candidatura à presidência da república de Luís Eduardo Magalhães em 2002 como uma oportunidade de o Brasil deixar de ser um país “com grande futuro no seu passado”, segundo palavras do próprio Roberto Campos.
Com a morte de Luís Eduardo Magalhães e as articulações feitas posteriormente pelo antigo PFL, atual DEM e pela morte de Roberto Campos em 2001, as ideias da liberdade e seus representantes foram minguando e só retornando com força a partir de 2013, situação que favoreceu a entrada do ideário de esquerda no campo político nacional, com a eleição de Luís Inácio Lula da Silva em 2002 contra o candidato da situação José Serra, do PSDB. LEM buscava a cada dia conquistar a confiança do presidente Fernando Henrique Cardoso e já articulava desde 1996 a possível candidatura à presidência da república – e já tinha ganhado capital político para pleitear tal candidatura. Com a eleição ao governo da Bahia, em 1998, ganharia mais projeção nacional, fazendo de Luís Eduardo Magalhães um nome forte à eleição presidencial de 2002 e poderia enfrentar o PT de Lula com mais força, diferente da postura frouxa de Serra durante a campanha eleitoral daquele ano. E quem sabe depois de 100 anos, quando Campos Salles deixou o Palácio do Catete, o país poderia voltar a ter um liberal declarado na cadeira presidencial. E quem sabe poderíamos não estar passando pela situação política e econômica que passamos nos dias atuais, com um país cada vez mais livre e próspero, onde os valores éticos e as liberdades fossem respeitados.
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