sábado, 12 de setembro de 2015

Presidente da Guiana diz que 

Venezuela mantém seu país 

na pobreza

Eleito este ano, David Granger responde à reivindicação 

de Nicolás Maduro, que diz ter direito a 2/3 do território 

de seu país, e afirma que ameaças desse quilate afugentam 

investidores e impedem o desenvolvimento econômico

O presidente da Guiana, David Granger
O presidente da Guiana, David Granger(Adrian Narine/AP)
Em entrevista de páginas amarelas para a revista VEJA desta semana, o presidente da Guiana, David Granger, afirma que as ameaças dos venezuelanos têm afugentado investidores desde a época da independência do país, em 1966. "A Venezuela tem obstruído consistente e persistentemente nosso desenvolvimento econômico nos últimos cinquenta anos", disse ele.
Em 2013, uma corveta venezuela impediu um navio que fazia prospecção de recursos naturais. Este ano, quando a Exxon afirmou ter descobrido uma reserva de petróleo nas águas territoriais da Guiana, Maduro publicou decretos dizendo que sua Marinha tem direito a navegar pela área. "Esse tipo de coisa assusta os investidores", afirmou Granger. A Guiana está entre os vinte países mais pobres do mundo, abaixo do Burundi e da Suazilândia, com um terço da população na pobreza.
Granger também fez um apelo à paz e disse que espera uma ação da ONU a respeito dos decretos venezuelanos. "A Venezuela está se comportando de maneira agressiva, o que é inaceitável neste milênio. Seu governo quer um território que não é do seu país. Eu não chamaria isso de imperialismo, mas certamente é algo que vai contra as leis", disse.
O presidente ainda marcou sua diferença com a ideologia bolivariana de Nicolás Maduro. Apesar de seu partido, o PNC (Congresso Nacional do Povo, em inglês), definir-se como socialista, Granger ressaltou o papel da iniciativa privada. "Queremos garantir que a população tenha uma educação de qualidade, que a economia possa crescer com energia renovável, que empresários tenham sua parcela na produção da riqueza e que os cidadãos sejam parte da economia. Maduro é chavista. Ele segue o seu mentor, Hugo Chávez. Sua ideologia é parte do chamado socialismo bolivariano. Não sigo esse caminho".
Trechos da entrevista:
O presidente Nicolás Maduro tem dito que a região do Essequibo na Guiana, na realidade pertence à Venezuela. Faz sentido? Não. As fronteiras ocidentais de nosso país com o Brasil e com a Venezuela foram demarcadas por um tribunal de arbitragem em 1899. Isso foi há 116 anos. Os mapas internacionais reconhecem as fronteiras entre a Guiana e os vizinhos Venezuela e Brasil. Maduro não tem razão.
Essequibo sempre pertenceu à Guiana? Depois das guerras napoleônicas, a Inglaterra tomou posse de todas as colônicas holandesas, em 1814, inclusive os três territórios que hoje compôem a Guiana. O acordo de 1899 resolveu as pendências que surgiram com os vizinhos e, por cinquenta anos, não houve nenhuma obstrução. Quem for até os pontos mais ao norte, mais ao leste e mais ao sul do Essequibo vai constatar que os cidadãos estão sob jurisdição guianense. Foi somente com a então iminente independência da Guiana, conquistada em 1966, que a Venezuela começou a exigir o território para si.
 - Atualizado em 

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