Brasil está à beira do abismo, diz Roubini, economista que previu a crise global de 2008
Em entrevista à Folha, Nouriel Roubini, um dos poucos economistas que anteciparam a crise global de 2008, diz que o Brasil está à beira do abismo e que é o patinho feio dos emergentes. Abaixo, alguns trechos da entrevista:
É consenso que as políticas macroeconômicas do Brasil nos últimos anos foram equivocadas. Houve afrouxamento fiscal excessivo. Além disso, o aumento na oferta de crédito, tanto pelo sistema financeiro, como pelas instituições públicas, foi excessivo, uma forma de estímulo fiscal.
[…]
No Brasil, o BC estava atrasado, mas passou a elevar agressivamente a taxa de juros. Houve uma oportunidade para fazer ajuste fiscal, mas não ocorreu, porque havia o período eleitoral. A mesma coisa ocorreu com preços administrados, cujo aumento foi adiado. Então depois das eleições sobrou esse ajuste fiscal muito maior para ser feito e o reajuste de tarifas gerou inflação. Perdeu-se a confiança na política fiscal.
[…]
O Brasil não está fadado a uma crise. Existe um caminho, embora seja difícil e exija coragem política de quem quer que esteja no poder. Para as coisas se estabilizarem, é necessário um ajuste fiscal, não há escapatória.
Para Roubini, o Brasil é o pior entre os cinco mais frágeis países emergentes. É o país mais vulnerável, justamente porque não fez as reformas estruturais e apresenta uma situação política extremamente delicada.
Caso o país sofra novo rebaixamento da nota de crédito, o dólar poderá ficar muito acima dos R$ 4,00, segundo o economista. E isso, ao contrário do que pensam alguns “desenvolvimentistas”, não seria nada bom.
A única saída é um ajuste fiscal no curto prazo, e reformas liberais no médio prazo. Roubini critica nosso capitalismo de estado e defende reformas liberalizantes, atacando o excessivo intervencionismo estatal na economia. Mais mercado, menos estado: eis a mensagem do economista.
Eu, economista que antecipei a crise atual brasileira, não poderia concordar mais. O caminho é o liberalismo ou a desgraça. Não há outra opção.
Rodrigo Constantino
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