terça-feira, 13 de outubro de 2015

                 Ludwig von Mises

Como parte de um plano de divulgação da obra de Mises, escolhi algumas temáticas do livro "A Mentalidade Anticapitalista",  para ir publicando em LIBERTATUM.


Ivan Lima 

O Comunismo da Broadway e de Hollywood

As inúmeras pessoas a quem o capitalismo proporcionou rendimentos
confortáveis e lazer vivem à busca de divertimento. Multidões
frequentam os teatros. Há dinheiro no mundo do espetáculo.
Atores populares e dramaturgos recebem somas compostas de, no
mínimo, seis algarismos. Vivem em verdadeiros palácios com mordomos
e piscinas. É evidente que não passam fome. Mesmo assim,
Hollywood e Broadway, os famosos centros da indústria do espetáculo,
são focos de comunismo. Autores e atores podem ser identificados
entre os mais fanáticos defensores do regime soviético.

Tentou-se explicar esse fenômeno de vários modos. Há uma ponta
de verdade na maioria dessas interpretações. No entanto, nenhuma
leva em conta o principal motivo que conduz os campeões do palco e
da tela às fileiras dos revolucionários.

4 “Limusines com motoristas uniformizados conduziam senhoras importantes aos piquetes que mantinham, muitas vezes greves contra as empresas que haviam ajudado a pagar as limusines.’’ Eugene Lyons, The
Red Decade, New York, 1941, p. 186. (O grifo é meu).
As Características Sociais do Capitalismo e as Causas Psicológicas de seu Descrédito 31

No capitalismo, o sucesso material depende da apreciação das
realizações da pessoa por parte do consumidor, que é soberano.
Quanto a isto não existe diferença entre os serviços prestados por
um fabricante e os prestados por um produtor, ator ou dramaturgo.
Contudo, a consciência desta dependência faz com que quem
trabalha no mundo do espetáculo fique muito mais preocupado
do que quem fornece ao consumidor coisas tangíveis. Os fabricantes
de mercadorias palpáveis sabem que seus produtos são
comprados por suas propriedades físicas. Podem ter uma expectativa
razoável de que o público continue solicitando esses artigos
enquanto nada melhor ou mais barato não lhes for oferecido,
pois é improvável que as necessidades satisfeitas por essas mercadorias
venham a se alterar num futuro próximo. A situação do
mercado para tais mercadorias pode, de certa forma, ser prevista
por empresários inteligentes. Com um certo grau de confiança,
podem adivinhar o futuro.

Com as diversões é diferente. As pessoas procuram divertir-se porque
estão entediadas. E nada aborrece tanto as pessoas quanto o divertimento
com o qual já estão acostumadas. A essência da indústria
do espetáculo é a variedade. As pessoas aplaudem mais o que é novo
e, por isso mesmo, inesperado e surpreendente. São extravagantes e
volúveis. Desprezam hoje o que apreciaram ontem. Um magnata do
palco ou da tela deve sempre temer os caprichos do público. Pode
acordar hoje rico e famoso e, no dia seguinte, ser esquecido. Sabe
muito bem que depende totalmente da fantasia e da simpatia de uma
multidão sequiosa por distração. Vive ele ansioso. Como o arquiteto
na peça de Ibsen, teme os desconhecidos que acabam de chegar, os
jovens dispostos que o suplantarão na opinião do público.

É óbvio que nada pode aliviar a ansiedade das pessoas do espetáculo.
Por isso elas se agarram em qualquer ninharia. O comunismo,
pensam alguns, lhes trará a libertação. Não é um sistema que torna
todos felizes? Não há homens famosos que declaram que todos os males
da humanidade são causados pelo capitalismo e que serão eliminados
pelo comunismo? Não são também eles pessoas trabalhadoras,
companheiros de todos os outros trabalhadores?

Pode-se supor que nenhum dos comunistas de Hollywood e da 
Broadway jamais tenha estudado as obras de qualquer autor socialista
e menos ainda uma análise séria da economia de mercado. Mas é
precisamente esse fato que, para estrelas, dançarinas e cantoras, para
autores e produtores de comédias, filmes e canções, traz a estranha
ilusão de que suas mágoas passadas desaparecerão tão logo os “despojadores”
sejam despojados.

32 Ludwig von Mises

Há quem culpe o capitalismo pela estupidez e grosseria de muitos
produtos da indústria do espetáculo. Não é preciso discutir esse assunto,
Mas vale a pena lembrar que nenhum outro meio norte-americano
apoiou com mais entusiasmo o comunismo do que as pessoas que
trabalham para a produção dessas estúpidas peças e filmes. Quando
um futuro historiador pesquisar os fatos pouco significativos, que Taine
tanto apreciava e considerava fontes de estudo, não deve deixar de
mencionar o papel que a mais famosa artista do mundo em strip-tease
desempenhou no movimento radical norte-americano.5

"A Mentalidade Anticapitalista" de Ludwig von Mises, Pags 30 a 32.

2ª edição conjunta dos Institutos Mises Brasil e Instituto Liberal

5 Cf

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá! Seja benvindo! Se você deseja comunicar-se, use o formulário de contato, no alto do blog. Não seja mal-educado.