segunda-feira, 22 de junho de 2015

A intolerância religiosa é da esquerda

#menosodiomaisdemocracia foi a hashtag da moda petista nas eleições para tentar deslegitimar quem o combatia.
#menosodiomaisdemocracia foi a hashtag da moda petista nas eleições para tentar deslegitimar quem o combatia.
O lamentável ataque a uma menina no Rio de Janeiro na última semana, por questão de preconceito religioso com uma fé de matriz africana, feito por gente que certamente pouco ou nada tem de verdadeiramente cristão, e cujo comportamento não é aprovado por nenhuma liderança cristã, foi instrumentalizado por diversos setores de esquerda com a finalidade de transformar o discurso protestante em um discurso de ódio.
A história do movimento cristão, seja católico ou protestante, é uma história contra a intolerância religiosa. O movimento católico nasce com o próprio Senhor Jesus Cristo, em uma Jerusalém com uma religião una e forte, ainda que sob ataque da cultura e religião romana. Espalha pela Europa, através, primeiramente, por Pedro, que morre em Roma, e nos 300 anos seguintes, até a legalização da fé por Constantino, tem na liberdade religiosa uma bandeira de sobrevivência. Foi essa postura cristã católica da tolerância, inclusive, que serve de base cultural para a modernização da sociedade e consagração do direito à liberdade religiosa, o que não ocorre até hoje em países sem essa tradição cultural, como no mundo islâmico.
O movimento protestante, por outro lado, também nasce dentro de um contexto de busca por liberdade religiosa, ao contestar dogmas católicos que geraram reação da Igreja. A Igreja Católica, ainda não amadurecida no tema, mas com o dogma de Cristo presente, combateu a cisão interna, e os protestantes conseguiram, com custo, fazer seu direito prevalecer. Uma nação protestante, a mais importante do século XX, nasceu com a liberdade religiosa como base.
Liberdade religiosa é um valor caro demais ao movimento protestante, para que alguém venha e fale que esse movimento é que está atacando esse princípio.
Por outro lado, no Fórum Social Mundial, o ex-Secretário Geral da Presidência no primeiro período Dilma, Gilberto Carvalho, declarou que os evangélicos são os grandes inimigos do PT. Lula diz sistematicamente que os evangélicos são a pior coisa do país. José Dirceu faz também a mesma coisa.
O recente ataque à menina do candomblé, com uma pedrada, por supostos evangélicos, acabou sendo um prato cheio para que esses setores reforçassem a busca pela deslegitimação e transformação dos evangélicos em um grupo de ódio. Na Globonews, no entanto, em entrevista corajosa, a menina atacada disse que estuda em um colégio com vários evangélicos, sendo todos amigos e respeitadores de sua opção religiosa. A tática esquerdista, ali, não funcionou, devido exclusivamente à forte personalidade da menina entrevistada.
O auge desse debate parece ter acontecido na semana passada, quando o jornalista Ricardo Boechat tentou criminalizar a própria existência do movimento evangélico, dizendo que pastores são tomadores de dinheiro do povo e mercadores da fé. Não vejo nenhum problema em se ter uma sociedade religiosa organizada de maneira mais profissional, o que sequer é o caso na maioria absoluta das igrejas, e daí a dizer que pastores tomam dinheiro do povo é uma falácia e uma tentativa de fazer essa religião menor, marginalizada e, por que não, criminalizada perante a sociedade. Toda igreja cristã, seja católica ou evangélica, precisa de recursos para se manter, e todas são mantidas através de doações voluntárias, muito diferente do que ocorre com os recursos nas mãos dos petistas. Pior é ver um monte de liberais e até conservadores caírem no engodo da criminalização do movimento evangélico, quando a justa reação de um dos líderes evangélicos, Silas Malafaia, dizendo que essa acusação do jornalista era uma asneira, não teve o apoio necessário. Na verdade, teve gente boa até aplaudindo a resposta absurda e escandalosa do jornalista-asno de esquerda, impublicável aqui.
Como Gilberto Carvalho disse no FSM, o movimento evangélico hoje, mesmo carente de organização, é o movimento que mais bate de frente contra as práticas e valores do movimento petista, sendo a maior ameaça a esse projeto de hegemonia política. Seu campeão é hoje Presidente da Câmara dos Deputados, e humilha o Governo Federal dia sim, outro dia também.
Quando se vê que essa esquerda intolerante pretende transformar o discurso do seu rival político em um discurso de ódio, deslegitimando a sua existência, percebe-se que, na verdade, o intolerante religioso não é o evangélico, mas o petista. O petismo foi uma religião política totalitária e intolerante que passou como um cometa, e hoje, com a graça de Deus, se tornou uma estrela (de)cadente, que saiu do pó, e ao pó retornará.

Sobre o autor

Bernardo Santoro
Diretor do Instituto Liberal
Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

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