sábado, 3 de outubro de 2015

Mais do que nunca, todos os caminhos levam ao TCU

tcu(2)O mês de outubro de 2015 começou com uma explosão simultânea de bombas no colo dos petistas. Para começo de conversa, como aponta o Estadão, documentos indicam que uma medida provisória editada em 2009 – portanto, sob o governo de Lula da Silva -, foi comprada por meio de lobby e de corrupção para atender os interesses de montadoras de veículos. Pouco antes, havia sido manchete de O Globo o descobrimento, pela Polícia Federal, de uma troca de e-mails entre executivos da Odebrecht e o então Ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Miguel Jorge, no mesmo ano, indicando que Lula fazia “lobby” em favor da empresa, ilegalmente, como já se estava “suspeitando”. Não pára aí. Outra bombinha caiu no colo da criatura de Lula, a presidente Dilma: a Polícia também descobriu que uma troca de mensagens por celular mostrou um acerto de Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, e um executivo da empresa, que fornece indícios ainda mais fortes do envolvimento de propina na campanha eleitoral.
Está mais do que claro que, nos últimos 13 anos, o Brasil não foi governado sob um regime que convivia com índices convencionais, ainda que lamentáveis, de corrupção. A corrupção, e isso precisa ser posto a nu, É O PRÓPRIO REGIME. Estamos sob um regime cleptocrático, em que a criminalidade e a corrupção, fortalecidas e intensificadas pelo alastramento das peças humanas em jogo por todas as esferas possíveis do Estado, fazem as regras e determinam os rumos políticos. O PT é o elemento central dessa engrenagem; não é, naturalmente, o único. Os partidos aliados estão na brincadeira (de mau gosto), entre eles o PMDB do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Depois de forçosamente nos chamar a atenção pela atitude de oposicionista, por articular votações de interesse da população (como a redução da maioridade penal) e por se colocar, por força do cargo, como peça central no processo do possível impeachment da presidente, o deputado atravessa um momento muito difícil, com a revelação de que a Suíça também investiga contas em seu nome e de que ele é suspeito de lavagem de dinheiro, além das denúncias que já o envolviam no esquema da Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato. Hoje, acuado, Cunha parece não querer cair sozinho, e por isso passou os últimos meses dificultando a vida do governo e animando a oposição – quer a partidária, quer todos os descontentes – isto é, todos nós.
Amigos, se Cunha for culpado, que caia. Mas não deixará de ser profundamente estranho, como já é, que a imprensa – e as vozes que difundem as novidades importantes do desvelar da imundície encastelada nas entranhas no nosso Estado inchado – deem um destaque tão extremado a Cunha, diante de tudo o que existe de substancial contra o coração de todo o esquema. Contra os verdadeiros mentores e sustentáculos de tudo. Ainda não aconteceu, na esfera jurídica, nada do que deveria de fato acontecer a eles. Estamos aguardando; não podemos tolerar uma nova pizza. De qualquer modo, depois que a oposição se articulou, e o aguerrido tucano Carlos Sampaio – destoando dos caciques de seu partido – afirmou que já existem votos mais do que suficientes para abrir o processo de impeachment contra Dilma Rousseff, mediante recurso de um arquivamento realizado pelo Presidente da Câmara, a figura de Cunha talvez seja hoje acessória para deflagrar aquilo que a maioria absoluta dos brasileiros está esperando. Apesar de algumas notícias péssimas, que não podemos ignorar – como o veto de Dilma ao voto impresso e o troca-troca misturado com leilão de ministérios, em que até Aldo Rebelo, do PCdoB (PCdoB!!!), assumiu, num traço de irônica surrealidade, o Ministério da Defesa -, a queda da mentecapta deverá, pelo menos, ter seu pontapé inicial acionado.
Tornou-se mantra, desde que a insustentabilidade do governo assumiu lugar na ordem do dia, recitar duas siglas: TSE e TCU. No primeiro, como se sabe, são julgadas ações do PSDB que podem impugnar a chapa inteira da presidente, o que determinaria também a queda do vice-presidente, Michel Temer, do PMDB. Uma dessas ações está tendo seu prosseguimento aprovado por maioria, mas a ministra Luciana Lóssio, exercendo verdadeiro papel de auxiliar do governo, pediu vistas e segurou o processo em suas mãos. A ação seria retomada ontem, e Lóssio proferiria seu voto. Pois bem. Ela simplesmente não apareceu. Sumiu. Faltou. Muito conveniente, não acham? Mesmo sem esses contratempos, essa via seria mais demorada. Com figuras como Luciana Lóssio, então…

SOBRE O AUTOR

Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista, graduado em Comunicação Social/Jornalismo pela UFRJ, colunista e assessor de imprensa do Instituto Liberal. Estagiou por dois anos na assessoria de imprensa da AGETRANSP-RJ. Sambista, escreveu sobre o Carnaval carioca para uma revista de cultura e entretenimento. Participante convidado ocasional de programas na Rádio Rio de Janeiro.

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