O despreparo do País para enfrentar uma crise externa é notório. A falta de um programa sistemático de substituição das unidades navais faz a esquadra tender à extinção. A Força Aérea Brasileira não consegue sequer definir a nova tecnologia de suas aeronaves de caça. O equipamento de artilharia antiaérea do Exército ainda pertence à geração analógica.
Pelo Gen Ex Maynard Marques de Santa
Rosa
“Prosseguiremos com os projetos
prioritários de aparelhamento das Forças, sem deixar de valorizar os homens e
as mulheres que tornam esses projetos possíveis. (...) O país com o qual
sonhamos precisará cada vez mais de Forças Armadas equipadas e qualificadas
para cumprimento de suas funções” (Presidente Dilma Rousseff)
A publicidade oficial vem
aproveitando a técnica prospectiva para veicular propaganda política nos assuntos
de Defesa.
Acenando com cenários futuros
invariavelmente otimistas, tenta aliciar os quadros institucionais e a opinião
pública em favor de uma política errática. Para isso, as estampas com as
metas para além de 2020 recebem ilustração midiática de efeitos
deslumbrantes.
Contudo, a realidade concreta do
cenário atual é premente. No contexto da Defesa, destacam-se três
limitações estratégicas vitais, que resultaram do descaso governamental para
com a Segurança Nacional, a partir de 1995: os sistemas de armas estão
sucateados, a logística geral é insatisfatória e a remuneração do pessoal
militar, defasada.
O despreparo do País para
enfrentar uma crise externa é notório. A falta de um programa sistemático de
substituição das unidades navais faz a esquadra tender à extinção. A
Força Aérea Brasileira não consegue sequer definir a nova tecnologia de suas
aeronaves de caça. O equipamento de artilharia antiaérea do Exército ainda
pertence à geração analógica. E a maior parte do armamento leve em uso já
teve a vida útil ultrapassada. Além disso, há que se considerar a
precariedade dos níveis de estoque de munição e a manutenção cara e
praticamente inviável dos sistemas arcaicos.
A dimensão humana, herdeira das
tradições históricas, sofre o impacto da desmotivação. A remuneração
média do pessoal militar situa-se 44% abaixo da média da categoria
governamental menos favorecida – a dos servidores públicos da administração
direta. É prudente considerar que a descrença alimenta a indisciplina. E a
perda de controle da tropa pode ser perigosa, como ficou demonstrado no saque
de Antuérpia, em 1576.
Ocorre que os objetivos futuros
devem ser projetados no presente, podendo ser aferidos pelos respectivos
indicadores. E as propostas reais do Poder Executivo têm deixado de honrar o
compromisso propagado. Ao contrário dos discursos políticos, a elaboração
do orçamento anual permanece inteiramente condicionada pelo conceito de série
histórica, instituído em 1995, que limita o teto financeiro das Forças
Armadas e impede que sejam contemplados os grandes projetos de reequipamento.
A baixa prioridade atribuída à
Defesa é incompatível com os anseios de projeção externa, sobretudo o
relativo à intenção de conquistar uma posição permanente no Conselho de
Segurança da ONU.
Portanto, o que demonstram os
fatos é que o setor de Defesa marcha em progressão inexorável para um futuro
cada vez mais degradado, sob o doce encantamento das miragens da propaganda.
Ante a expectativa de
turbulências e incapaz de reverter a tendência declinante do PIB, o governo
sacrifica a Defesa, enquanto justifica o desempenho pífio da economia com
inócuos preceitos de uma vã “filosofice”: “Uma grande nação não se mede
pelo PIB, mas pelo que faz pelas suas crianças e adolescentes”.
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