domingo, 24 de novembro de 2013

Breve reflexão sobre banho frio

Por Klauber Cristofen Pires

Tem sido notícia o desconforto da Papuda ao oferecer banho frio aos seus novos hóspedes, como se antes todos os demais que lá cumpriam suas penas descartassem o chuveiro elétrico por opção. 

Para o jornalista Reinaldo Azevedo, é "uma desnecessidade moral (embora haja razão técnica, já chego lá) preso tomar banho frio. Pra quê? Ninguém merece isso! Poucas coisas podem ser tão detestáveis." Certamente, nosso Tio Rei está falando de acordo com suas próprias  preferências pessoais. 

Quem te viu, quem te vê, hein Dirceu? O tempo e o conforto do poder amoleceram as suas fibras?. Hoje o deputado-presidiário mensaleiro reclama água quente para suas novas instalações, mas quando treinava guerrilha em Cuba, reclamava de um cano de água instalado em seu acampamento, sugerindo que era um luxo impensável, como citado no artigo "O apoio de Cuba à luta armada no Brasil: o treinamento guerrilheiro, de Denise Rollemberg": 

"No entanto, Daniel Aarão Reis Filho, também do IV Exército, afirma que as condições do treinamento que, supostamente, os colocariam no ambiente e nas situações de uma guerrilha foram decepcionantes e despertaram críticas entre militantes do MR-8, organização da qual fazia parte:

Nós fomos para lá acreditando que íamos encontrar um treinamento que nos desse as condições próximas às que teríamos na guerrilha rural no Brasil. Mas nada disso ocorreu. Nós ficamos num barracão de madeira, onde havia uma cama para cada um, era uma coisa rudimentar, mas havia. As refeições eram todas servidas por caminhões do exército. Até para tomar banho, tinha um cano... era um acampamento! Nós protestamos contra isso. Tentamos ganhar os cubanos para o fato de que nós queríamos dormir no mato todos os dias, por mais que isso fosse terrível...Porque aquilo ali era uma brincadeira. O próprio Zé Dirceu [da ALN] dizia que o treinamento era um
teatrinho de guerrilha e o pior, um vestibular para o cemitério»"

Por experiência própria, informo que em praticamente todas as instalações militares do Brasil os chuveiros são frios, que oficiais e praças patriotas, honestos e trabalhadores usam sem que nunca isto tivesse virado notícia. E olhem que estou falando até mesmo de estados do sul, cujo clima é bem mais rigoroso do que a tépida Brasília. 

No Arizona, o Xerife Joe Arpaio coloca as coisas no devido lugar:

"- Nossos soldados estão no Iraque onde a temperatura atinge 120°F ( 50°C ), vivem em tendas iguais a vocês, e ainda tem de usar fardamento, botinas, carregar todo o equipamento de soldado e, além de tudo, não cometeram crime algum como vocês, portanto calem a boca e parem de reclamar “.

Imaginem, leitores, quantos brasileiros honestos e trabalhadores tomam banho frio, sem ser por opção?

Eu vou dar aqui a minha opinião: o estado tem a obrigação de garantir a segurança e a incolumidade dos prisioneiros. No entanto, sou peremptoriamente contra certos mimos como chuveiro quente e até visitas íntimas. Presídio não é resort, e Brasília é uma cidade de clima agradável, sendo, pois, um banho frio, uma atividade até bem relaxante. 

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