Jordanio Ribeiro – Perito Criminal
O
que na abstração se lê como um grande oximoro é o que se vê na prática nas
universidades públicas.
O
sentido etimológico de “Universidade” (“do latim universitas, significa universalidade, o todo, e ainda o universo,
o conjunto das coisas”) tem tudo a ver com democracia. De forma bem grosseira,
pode-se dizer que uma ditadura é uma Faculdade de um curso só, ou, no máximo,
de uma meia dúzia de cursos interligados e inseridos num único tronco curricular
autoritário. Cuba e Coreia do Norte são dois exemplos modernos. Lá, o cidadão,
ou melhor, o nacional pode tudo, desde que esse “tudo” esteja na cartilha do
estado. (Como dá preguiça ter que falar sobre essas duas ditaduras ilustradas
dos nossos tupiniquins!!!)
A
democracia, por outro lado, é uma universidade onde há a pluralidade
(universalidade) de pensamento e a liberdade de expressá-lo, pois uma das bases
de um pacto democrático é justamente impor LIMITES aos indivíduos, freando-os
da tentação de formar grupos de imposição de suas pautas e interdição das
demais.
Minha
geração – tenho pouco mais que a idade do Cristo humano – não experimentou as
restrições e censuras impostas pelas nossas ditaduras, então, por isso também,
tenho a impressão de que não entendemos bem as consequências de um pacto
democrático.
Uma
coisa sei: todo mundo de minha geração – meus pares de convivência de escola,
trabalho, vizinhança, família... todos, sem exceção – se diz democrata. Claro,
quem quer ser autoritário? Pode até idolatrar Fidel, mas... “sou democrata...
passei férias em Paris”, apesar de Havana ser bem mais perto.
Não
tenho dúvidas que deveria ser a Universidade o lugar resguardador dos
defensores da democracia, afinal o povo está lá como aprendiz de cientistas e
pensadores, ou seja, sairá de lá cientista e pensador.
Mas...
o quê? (Não vou nem falar que o pensamento Liberal/Conservador foi banido dos
currículos – um curso de Economia em que o aluno se gradua sem nunca ter ouvido
falar na Escola Austríaca deveria ser fechado!) Para os bobinhos que se acham
democratas e pensam que se pode falar o que se pensa nas universidades sem que se
seja demonizado cito dois fatos recentes perpetrados, em sua maioria, por
universitários (na verdade, estudantes daquela “faculdade de meia dúzia de cursos
interligados e inseridos num único tronco curricular autoritário”):
1) interditaram em várias
partes do país a fala de Yoani Sánchez, a cubana que se insurge contra a ditadura de
mais de meio século dos irmãos Castro (não vou nem falar nas agressões e
demonização por que passou a blogueira);
2)
interditaram
numa feira literária na Bahia as falas dos sociólogos Demétrio Magnoli e Maria
Hilda Baqueiro Paraíso, e do filósofo Luiz Felipe Pondé e do sociólogo francês
Jean Claude Kaufmann.
Consegue
entender a dimensão e gravidade desses fatos? Vejam bem, interditaram aos berros – sob risco de vias de
fato – algo básico que é a fala de uma pessoa, uma manifestação de pensamento. Não
suportaram sequer ouvi-los democraticamente e contrapô-los. Só pode ser porque
não tinham argumentos para derrubar os deles, não consigo ver outra explicação!
Você tem dúvidas,
caro leitor, do que fariam esses “democratas” (futuros cientistas e pensadores)
caso tivessem o poder da guilhotina? Exatamente! Tivessem
esses “democratas” acesso à guilhotina, como teve Robespierre e seu famigerado
“Comitê de Salvação Pública” (rssss...),
pescoços como o da blogueira e dos intelectuais aí acima, juntamente com mais
algumas dúzias de intelectuais (Reinaldo Azevedo e Olavo de Carvalho seriam os
primeiros) já teriam rolado há muito tempo sem ao menos o direito a qualquer
prece.
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