quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Alexandre Garcia, negócio é coisa séria!

Hoje mesmo assisti a uma parte do programa Bom Dia Brasil, exibido pela Rede Globo, especialmente a um bloco no qual o jornalista Alexandre Garcia comentava sobre o caso do descredenciamento das universidades Gama Filho e UniverCidade nos seguintes termos: "Instituição de ensino não pode virar negócio". Aí não!

Por Klauber Cristofen Pires


Eu sou um admirador de Alexandre Garcia. Louvo o seu trabalho e reconheço a sua coragem em proferir comentários severos contra os desmandos, e como se diz agora para aparar a gravidade das palavras "corrupção" e "roubo", os tais "malfeitos". Tenho em conta que ele exerce seu mister jornalístico sob a vigilância colada da emissora para qual trabalha, finamente sintonizada com a nova ordem mundial e dedicada a não se meter no caminho do PT. 

Lembro inclusive de um comentário seu muito certeiro no qual ele criticou a Constituição, tão branda com o crime e tão carregada de excessivas garantias processuais, por ter sido redigida sob o estigma do "preso político", comentário este, segundo se ouviu dizer, quase lhe custou o emprego. 

Alguém haverá de me criticar por deflagrar fogo amigo, e por isto de antemão previno que aí mesmo me sinto mais recompensado. Minhas críticas ao Leonardo Sakamoto ou à Carta Capital servem para evidenciar suas imposturas ao público, como um caçador orgulhoso que exibe sua presa pendurada de cabeça pra baixo. Nada espero deles. Não conto com um exame de consciência por parte de suas mentes psicopatas, nem de seus leitores histéricos. 

Já com jornalistas honestos como Alexandre Garcia, exerço minha análise com vistas ao debate franco e construtivo, com esperanças de ser lido por ele ou pelo menos, por outros jornalistas e até leitores que passem a exigir uma abordagem jornalística mais criteriosa, através da elevação do nível de compreensão da conjuntura. 

Feita esta necessária introdução, vamos ao cerne da questão: Por quê motivo ainda prevalece a mentalidade entre os brasileiros de que isto ou aquilo, como por exemplo, saúde, remédios, educação ou segurança, não podem "virar negócio"?

Quem fala assim por decerto crê na competência original do estado para a condução de todas as atividades que a sociedade requer, concedendo aqui ou ali apenas para que uns ou outros possam "ganhar dinheiro", porque, afinal de contas, empresários só pensam em lucro. 

Tal pensamento é extremamente falso, porque distorcidos são seus fundamentos. "Negócio" é coisa séria! O que não é "negócio" é "negociata", isto sim um ato profundamente deletério à sociedade! Possivelmente aí mesmo resida a confusão: desta confusão entre governo e empresas é  que emerge a percepção entre o público de que empresários somente visam ao lucro.

O estado brasileiro tem um incrível poder de compra e onde não impõe seu domínio diretamente, mesmo assim exerce uma esmagadora influência. Neste terreno floresce a indústria da licitação, formada por empresas cuja única preocupação é cumprir com os requisitos mínimos dos editais, ou a indústria mantida sob a redoma fiscal e burocrática, feito peixinho de aquário, incapaz de competir em um mercado plenamente livre. 

Por anos no serviço público exerci a chefia de um setor de recursos materiais e por outros tantos fui pregoeiro, e o que vi foi todo um mercado viciado em fornecer canetas que não escrevem, perfuradores que não perfuram, grampeadores que não grampeiam e por aí afora. Os meios formais de estipular especificações técnicas mínimas não substituem a experiência de bons empregados de setores de compras privados que têm liberdade para  sopesar preço e qualidade. Os meios formais de exigir atestados de competência técnica são falhos e não substituem a reconhecida reputação. Por fim, os meios formais de fiscalização de contratos não substituem o conhecimento dos destinatários das compras e serviços, nem dependem deles. 

Além da indústria da licitação, o que resta é um mercado pesadamente regulado, como são o da aviação civil, dos combustíveis,  da telefonia, dos planos de saúde e como é o caso, das instituições de ensino. 

Em um mercado livre, eu posso até mesmo cair da cadeira de tanto gargalhar pela atuação de um comediante, mas o contrato que temos e que é representado pelo bilhete de ingresso ao teatro é coisa muito séria, que envolve o respeito ao compromisso e até mesmo a minha segurança (lembrem-se da boite Kiss). Digo isto porque certa vez emocionei-me com o depoimento de um artista que realizou o seu show no dia em que seu pai havia morrido. Ele tinha de fazer as pessoas rirem enquanto chorava por dentro. Isto é negócio!

Em uma sociedade livre, o negócio envolve sim o lucro, e se as pessoas o virem com as lentes corretas, enxergarão no preço que pagam uma certidão (precária) de confiança pelos préstimos do seu vendedor ou prestador de serviços. Digo precária porque a cada dia o provedor de bens e serviços da sociedade livre precisa renovar seu empenho em esmerar-se para oferecer produtos ou serviços os mais baratos possíveis, os melhores e mais eficientes possíveis e no prazo mais rápido possível. A sociedade livre não se pauta por especificações técnicas mínimas, como se faz na indústria da licitação, mas pelo melhor de si.

Portanto, caro leitor, não se sinta constrangido sempre que ouvir alguém próximo a si falando tamanha besteira. A educação, tem sim, de virar negócio, ou senão...vira negociata!

Um comentário:

  1. Bom dia Klauber,

    A educação tem que ser negócio, mas, como todas as atividades, antes disso tem que ser honesta.

    O que dizer das milhares de faculdade fajutas que popularam o país alavancadas por programas de financiamento estudantil, cujo único objetivo é manter a receita dos alunos exigindo menos que o mínimo possível dos mesmos?

    Abraço

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