Por Klauber
Cristofen Pires
Prezados
Leitores,
Ponho-me
novamente à disposição de um pai indignado com a doutrinação ideológica escolar.
Desta vez, recebi a denúncia em meados de dezembro do ano passado, mas decidi
guardar a publicação da análise para o início deste ano, com vistas a
encontrar-se com o início do ano letivo.
Sempre lembrando, peço a todos os leitores que contribuam
enviando cópias escaneadas ou fotografadas dos livros de seus filhos que
contenham textos ideologicamente tendenciosos. Não esqueçam de incluir a capa
do livro, e de dar as referências tais como título, ano e nº da edição, nome da
editora e autor.
Muitos
autores e professores alegam lhes ser impossível ministrar matérias humanas
tais como História ou Geografia sem imprimir sua própria visão de mundo. Isto
lá pode conter alguma verdade, porém, tal afirmação tem sido usada como
pretexto para imporem uma brutal doutrinação ideológica sobre seus alunos, que
se caracteriza sobretudo pelo enviesamento da informação deturpada por omissão
ou falsificação de fatos.
Ser
professor ou autor de um livro didático exige a compreensão de que não é seu
direito influenciar e aliciar mentes em formação, sendo, portanto, seu dever
íntimo vigiar-se constantemente quanto à sua postura em sala de aula ou quanto
ao que publica. Entretanto, se tais pessoas afogam suas consciências nas águas
turvas da militância ideológica, então é dever dos cidadãos - pais e mães -
cobrarem deles para que se recomponham.
Nesta
crítica trago ao conhecimento dos leitores sobre o livro Geografia e Português,
2º ano médio, 2012- 2ª edição, de José William
Vesentini, que é distribuído dentro das escolas que
utilizam o sistema de ensino SER, da Editora Abril.
Acompanhem
os trechos com meus respectivos comentários:
"O desenvolvimento do capitalismo
sempre gera industrialização e urbanização, mesmo que estas sejam diferenciadas
conforme a sociedade em que ocorrem. No Brasil, um elemento essencial na forma
de desenvolvimento capitalista é o volume excessivamente grande do exército de
reserva de trabalhadores, o que resulta em salários baixos e pouca preocupação
com a reprodução dessa força de trabalho. .
A cidade, hoje
o local de moradia da maioria dos brasileiros, reflete muito bem essa
característica do capitalismo "selvagem": os investimentos estatais
voltam-se primordialmente para obras e serviços que beneficiarão as grandes
empresas ou os bairros mais ricos, e as camadas populacionais de baixa renda
são entregues à própria sorte."
Há uma penca de falsidades nestes breves dois parágrafos, e
afirmo: são imposturas conscientes e deliberadas, promovidas com o fito de
influenciar os alunos
Não sei se o autor tem algo contra a industrialização e
urbanização, mas se notarmos como ele usa a expressão "mesmo que estas
sejam diferenciadas conforme a sociedade em que ocorrem", facilmente
percebemos que ele usa esta frase
como introdução para inserir o Brasil no contexto de um país capitalista para
daí propor que aqui se exerce uma modalidade de capitalismo do tipo
"exército de assalariados de baixa renda".
É claro que existe uma abundância de mão-de-obra no Brasil, mas
isto se deve ao sistema capitalista ou a um sistema fortemente intervencionista
no qual o estado tributa pesadamente os cidadãos e torna praticamente
proibitiva toda e qualquer atividade econômica por meio de uma regulação
exacerbada?
Ademais, notem que o autor atribui ao capitalismo a culpa pela
manutenção do enorme contingente de habitantes com empregos de baixa renda,
isto é, fala como se existissem "fazendas" de criação de operários.
Nesta, o ridiculômetro disparou! Ora, quem é que pertence ao setor produtivo
que tem mandado as pessoas terem mais filhos do que podem criar?
Não existem "modalidades" de capitalismo. Isto é uma
pegadinha ideológica pregada pelo autor. O que existem são sociedades mais
livres e outras mais sujeitas à regulação estatal, como é o caso do Brasil, ou
pior ainda, sociedades socialistas, como Cuba e Coréia do Norte.
Na verdade, quanto mais livres as sociedades, mais empenhados no
trabalho estão seus cidadãos. Em países como os EUA, Japão e Coréia do Sul
encontram-se os cidadãos que mais trabalham no mundo. Em países parcialmente
estatizados como o Brasil, proliferam grandes contingentes de pessoas sem
ocupação ou ocupadas em empregos de pouco valor. Certa vez, Assisti a um dos
programas de Anthony Bourdain, pelo canal a cabo TLC, que trata de viagens e
comidas, desta vez em Cuba, no qual foram mostradas muitas cenas de pessoas
desocupadas nas praças e ruas, vagando a esmo ou discutindo fervorosamente frivolidades
como beisebol. Chamou-me a atenção terem mostrado jogos de beisebol às três
horas da tarde em um estádio repleto de torcedores que ali comparecem por não
terem o que fazer.
Se há um déficit de empregos no Brasil, com tantas pessoas
desempregadas e outras mais com empregos de baixa renda, é porque o terreno
aqui é árido demais para o florescimento das atividades produtivas,
especialmente as que envolvem a produção de bens e serviços de alto valor
tecnológico. No Brasil, o investimento em pesquisa é quase um ato heróico. Quem
quer investir em tecnologia em um país que não respeita a propriedade privada?
Quem quer produzir se não pode estabelecer suas próprias estratégias de compra,
produção, emprego, propaganda, vendas e distribuição?
Outro cacoete esquerdista é proclamar o tal "capitalismo
selvagem". Quem assim se pronuncia defende que o capitalismo pode ser até
produtivo, desde que mantido sob as rédeas do estado. Pura bobagem. A essência
da sociedade livre, movida pelo comércio, que nada mais é do que o ajuste
voluntário e mutuamente benéfico entre milhares de pessoas, consiste em um
complexo e muito civilizado sistema de cooperação. Procurem os estudantes
verificar como os países que mais "domam" o capitalismo são aqueles
mesmos onde vigora mais pobreza e criminalidade.
No mais, é normal nas sociedades livres que as pessoas mais pobres
tendam a buscar as áreas mais limítrofes das cidades, porque lá os terrenos e
os aluguéis são mais baratos. No entanto, aos poucos as facilidades como luz,
esgotos e serviços privados como supermercados, farmácias, escolas e outros vão
se consolidando. Se melhor não ocorre no Brasil, é porque nosso sistema de
urbanização é pesadamente estatal, e portanto, lento e corrupto.
Por outro lado, para evidenciar o quanto este autor usa de má-fé,
bastaria lembrar que durante o regime soviético somente pessoas com permissão
poderiam morar em Moscou. Salvo engano, esta política ainda vigora. E o que
dizer das paupérrimas cidades comunistas? Em La Habana, os prédios ainda são os
de meados do século passado, que restam em estado miserável, a maioria sem água
ou esgoto, e com luz restrita.
Em frente...
Como é fácil dizer idiotices em poucas linhas,
tanto quanto é trabalhoso refutá-las, não é mesmo?
A rigor, o que vai acima não merece uma
refutação, porque isto seria levar a sério a tara ideológica do autor. Merece
apenas isto: ser exposta, para que todos conheçam a ridicularia.
As organizações populares são frágeis por causa
da competição pelos bons empregos? No Brasil, estão em funcionamento não
centenas, mas milhares de ONG’s, a maioria delas mamando nas tetas do governo,
para não produzirem nada.
O direito de greve e de reivindicação é
reprimido? O Brasil é um dos poucos países que garantem constitucionalmente a
greve com manutenção dos salários Os sindicatos são verdadeiros feudos onde
fidalgos se refestelam às custas dos trabalhadores, que são obrigados a pagar o
imposto sindical. O Brasil está no terceiro mandato presidencial de um partido
de origens sindicalistas. O MST invade livre e impunemente propriedades
produtivas e o movimento passe-livre e os black-blocks destroem patrimônio
público e privado, ferem policiais e gozam das loas proclamadas pela mídia, e o
direito de reivindicação é reprimido?
Se a cidade não é construída pelo cidadão,
poderia o autor mostrar fotos de casas, shopping centers, praças ou linhas de
trens ou ônibus onde morem e transitem lucros ao invés de pessoas?
No filme A Queda (Der Untergang), aparece uma cena
na qual Adolf Hitler declara todo seu ódio às cidades repletas de
supermercados, shopping-centers e parques de diversões. Usurpando o lugar de
Deus, pretende recriar a pólis platônica tendo por único critério sua própria
vontade. É importante tornar conhecido aos estudantes que o nazismo não é senão
uma ideologia gêmea do socialismo. O nome do partido nazista era Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (em alemão: Nationalsozialistische
Deutsche Arbeiterpartei - NSDAP).
Tem mais...
Os
trens e ônibus coletivos das grandes cidades operam em regime de livre-mercado
ou de monopólios? Ademais, desde quando depredar faz parte de reivindicar em
uma sociedade livre e civilizada? Em uma sociedade livre, se um produto não
serve, o consumidor simplesmente o troca pelo seu concorrente.
Aqui
vale a pena reproduzir um trecho de minha monografia intitulada “Lei
antitruste: Defesa da Concorrência ou dos Concorrentes?”, tendo por base a
instrutiva obra de DiLorenzo, How the Capitalism Saved America:
O único meio materialmente
possível de impedir ou criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou
ao desenvolvimento de uma empresa concorrente, excetuando-se neste raciocínio a
prática de crime comum, como por exemplo a ameaça de morte ou a sabotagem,
consiste em desfrutar das benesses provindas de um poder de autoridade, o que
requer, obviamente, a participação ativa do estado, seja por via formal ou
velada. Um fato assim pode ser constatado com relação às chamadas “vans”, que
não logram exercer suas atividades como empresas regularmente constituídas
porque os municípios em geral outorgam monopólios de linhas aos empresários de
ônibus.
Experiências desta mesma
natureza sofreram homens de negócios como Cornelius Vanderbilt e James H. Hill,
notáveis empreendedores que além de extremamente competentes, tiveram de concorrer
em pé de desigualdade com rivais beneficiados com monopólios ou subsídios
estatais.
Vanderbilt
tornou-se famoso por desafiar o monopólio do frete conferido às embarcações a
vapor de Robert Fulton, em 1817, concedido pelo estado de Nova York, animado
sob uma clássica concepção mercantilista. Seus barcos, que operavam
ilegalmente, ostentavam uma bandeira com os dizeres: “Nova Jersey deve ser
livre”. Operando com preços mais baixos e serviços de melhor qualidade,
conquistou a simpatia da opinião pública até que o monopólio foi extinto em
1824 pela Suprema Corte. Com o mercado desregulamentado, o tráfego aumentou
significativamente e com ele toda a indústria local[i].
Quem quer poesia? Então lá
vai..o autor cita Vinícius de Moraes, um poeta consagrado, mas comunista de
carteirinha, e faz proselitismo com o MST:
Senhores Barões da terra
Preparai vossa mortalha
Porque desfrutais da terra
E a terra é de quem trabalha
Bem como os frutos que encerra
[...]
O café vos deu o ouro
Com que encheis vosso tesouro
A cana vos deu a prata
Que reluz em vosso armário
O cacau vos deu o cobre
Que atirais no chão do pobre
O algodão vos deu o chumbo
Com que matais o operário:
É chegada a vossa vez Senhor latifundiário!
[...]
Em toda parte, nos campos
Junta-se a nossa outra voz
Escutai, Senhor dos campos
Nós já não somos mais sós.
Queremos bonança e paz
Para cuidar da lavoura
Ceifar o capim que dá
Colher o milho que doura,
Queremos que a terra possa
Ser tão nossa quanto vossa
Porque a terra não tem dono
Senhores Donos da Terra.
Queremos plantar no outono
Para ter na primavera
Amor em vez de abandono
Fartura em vez de miséria
Preparai vossa mortalha
Porque desfrutais da terra
E a terra é de quem trabalha
Bem como os frutos que encerra
[...]
O café vos deu o ouro
Com que encheis vosso tesouro
A cana vos deu a prata
Que reluz em vosso armário
O cacau vos deu o cobre
Que atirais no chão do pobre
O algodão vos deu o chumbo
Com que matais o operário:
É chegada a vossa vez Senhor latifundiário!
[...]
Em toda parte, nos campos
Junta-se a nossa outra voz
Escutai, Senhor dos campos
Nós já não somos mais sós.
Queremos bonança e paz
Para cuidar da lavoura
Ceifar o capim que dá
Colher o milho que doura,
Queremos que a terra possa
Ser tão nossa quanto vossa
Porque a terra não tem dono
Senhores Donos da Terra.
Queremos plantar no outono
Para ter na primavera
Amor em vez de abandono
Fartura em vez de miséria
(MORAES, Vinícius de. Poemas para a liberdade. Violão de
rua. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 1962)
Carinhoso
o poeta, não? Começa logo incitando ao assassinato dos produtores rurais, e
reivindica a fartura ao invés da miséria. Será que o autor desconhece que os
maiores índices de produtividade do mundo para a maioria das culturas são
alcançados aqui no Brasil? Ora é o agronegócio que sustenta as mesas dos
brasileiros com comida boa e barata, bem como é o agronegócio que sustenta a
balança comercial e gera emprego para centenas de atividades urbanas ligadas ao
campo, como as indústrias de fertilizantes, de tratores e maquinário, e as
faculdades e escolas técnicas que formam profissionais aptos para a moderna
produção agropecuária.
O que já
produziu o MST, o maior latifundiário do país, além da indústria da invasão e
das favelas rurais onde os assentados são proibidos de produzir e condenados a
viver eternamente de cestas básicas? E olhem que o poeta que propõe o modelo
socialista dedica seus versos...à liberdade!
Realizei minha análise com base no que o pai de um aluno me apresentou.
Não descarto a possibilidade de haver outras empulhações.
O Professor José William Vesentini, autor da acima
referida apostila do sistema de ensino Ser, tem exercido um longo protagonismo
de influenciar os jovens estudantes para o socialismo por meio do método que
criou denominado geografia crítica.
Aqui destaco uma citação do Professor Luiz Lopes Diniz Filho, em seu Parecer contra a
Representação nº 446/2008:
Uma análise dos livros de Vesentini
(que é o mais bem-sucedido autor de livros didáticos de geografia do país,
reitero), demonstram a total contradição entre sua proposta pluralista, acima
citada, e o conteúdo absolutamente unilateral, em termos tanto teóricos quanto
ideológicos, dos seus livros. Isso fica demonstrado de maneira indubitável no
texto A situação do ensino no Brasil: doutrinação ideológica e incapacidade de
desenvolver competências, de minha própria autoria (21). E mesmo que se alegue
que os professores têm a liberdade de usar a sala de aula para corrigir o
unilateralismo desses e de outros livros, uma pesquisa realizada sob minha
orientação, junto a 121 alunos de colégios de Curitiba, demonstra que existe
uma grande correspondência entre os conteúdos dos livros didáticos desse autor
e as opiniões emitidas pelos estudantes do ensino médio acerca de geografia
geral. Mais do que isso, as opiniões desses alunos são coerentes também com o
viés ideológico de esquerda presente em dezenas de livros didáticos e apostilas
de história e de geografia analisados recentemente por jornalistas e também com
os resultados da pesquisa CNT/Sensus22 .
21
DINIZ FILHO, L. L. A situação do ensino no Brasil: doutrinação
ideológica e incapacidade de desenvolver competências. Curitiba: Departamento
de Geografia da UFPR, 28 fev. 2009. Disponível em:
<http://www.escolasempartido.org/docs/Situaçao_do_ensino_no_Brasil>
Acesso em: 12 maio 2009.
Prezados pais e estudantes: O que o autor deste livro didático,
bem como as escolas e professores que o adotam estão fazendo é horroroso,
covarde e vil. Nós dependemos da atuação de todos os pais e mães para que este
verdadeiro assédio sobre os jovens comece a ter fim. Conversem com os pais dos
colegas dos seus filhos e cobrem das escolas e professores que respeitem os
seus direitos e os dos seus filhos.
[i]
[i] DILORENZO, Thomas. How
capitalism saved America. The untold history of our country, from the
pilgrims to the present. New York: Three Rivers Press, P. 131/132
Porque o senhor não produz livros ao invés de falar tantas impropérios na internet? Vesentini é um autor e pesquisador respeitado da USP, vá debater na Universisdade Pública as suas teses e pare de falar basteira para pessoas que não conhecem o tema.
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