Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)
12/04/2015
às 18:0312 DE ABRIL 1 – MUITOS MILHARES VÃO ÀS RUAS, NO BRASIL INTEIRO, CONTRA O GOVERNO DILMA, O PT E AS ESQUERDAS. CONSTA QUE PLANALTO SUSPIRA ALIVIADO. ENTÃO É MAIS BURRO DO QUE PARECE!
Há mais de uma semana o governo decidiu pautar a cobertura da imprensa, que, com raras exceções, aceitou gostosamente a orientação. Com variações, a cobertura destaca que há menos pessoas nas ruas neste 12 de abril do que naquele 15 de março. Assim, fica estabelecido, dada essa leitura estúpida, que um protesto político só é bem sucedido se consegue, a cada vez, superar a si mesmo. Isso é de uma tolice espantosa, na hipótese de não ser má-fé. A população ocupou as ruas em centenas de cidades Brasil afora. Mais uma vez, PT, CUT, ditos movimentos sociais e esquerdas no geral levaram uma surra também numérica. Mais uma vez, o verde-e-amarelo bateu o vermelho da semana passada. E é isso o que importa.
De resto, é impossível saber o número de manifestantes deste domingo. Algum veículo de imprensa mandou jornalista cobrir o protesto em Januária, em Minas; em Orobó, em Pernambuco, ou em Ourinho, em São Paulo? Haver menos gente na Avenida Paulista ou na orla de Copacabana, no Rio, não tem nenhuma importância. Num levantamento prévio, dá para afirmar que o “fora Dilma” foi ouvido em cidades de pelo menos 24 Estados e no Distrito Federal (ainda falta atualização). E — daqui a pouco chego lá —, contem com o PT para turbinar os próximo protestos.
Consta que o governo respirou aliviado com o número menor, embora o Palácio do Planalto, ele mesmo, tenha, desta vez, resolvido se calar. Parece que não haverá Miguel Rossetto e José Eduardo Cardozo para cutucar a onça com a vara curta. A boçalidade ficou por conta da militância virtual e paga (farei um post a respeito). Respirou aliviado por quê?
Respirou aliviado no dia em que o “Fora Dilma” se faz ouvir de Norte a Sul do país?
Respirou aliviado no dia em que o Datafolha aponta que 63% apoiam o impeachment da presidente?
Respirou aliviado no dia em que a pesquisa revela que 60% consideram o governo ruim ou péssimo?
Respirou aliviado no dia em que essa mesma pesquisa evidencia que 83% acreditam que Dilma sabia da roubalheira da Petrobras e nada fez?
Respirou aliviado no dia em que esse mesmo levantamento demonstra que a crise quebrou as pernas de Lula, pesadelo com o qual o petismo não contava nem nos momentos mais pessimistas?
Respirou aliviado no dia em que o Datafolha aponta que 63% apoiam o impeachment da presidente?
Respirou aliviado no dia em que a pesquisa revela que 60% consideram o governo ruim ou péssimo?
Respirou aliviado no dia em que essa mesma pesquisa evidencia que 83% acreditam que Dilma sabia da roubalheira da Petrobras e nada fez?
Respirou aliviado no dia em que esse mesmo levantamento demonstra que a crise quebrou as pernas de Lula, pesadelo com o qual o petismo não contava nem nos momentos mais pessimistas?
Por que, afinal de contas, suspira aliviado o governo? Com que jornada futura de boas notícias e alívio dos sintomas da crise ele espera contar? Sim, a indignação com a roubalheira é um dos principais fatores de mobilização dos milhares de brasileiros que foram às ruas. Mas há muito mais do que isso. Há a crise econômica propriamente dita e a sensação, que corresponde à realidade, de que o governo está paralisado.
Acontece que esse mal-estar só vai aumentar porque o pacote recessivo ainda não surtiu todos os seus efeitos. Mais: ninguém nunca sabe quando a operação Lava Jato vai chegar a um fio desencapado, como é o caso de André Vargas, por exemplo. Consta que o ex-vice-presidente da Câmara e petista todo-poderoso, ora presidiário, está bravo com o partido, do qual havia se desligado apenas formalmente.
Acabo de chegar da Avenida Paulista. Havia menos gente do que no dia 15 de Março? Sem dúvida! Mas também sei, com absoluta certeza, que, desta feita, o protesto se deu num número maior de cidades no Estado. No dia 15, encontrei verdadeiras caravanas oriundas de cidades do interior e de outras unidades da federação. Aquele foi uma espécie de ato inaugural. Havia nele a vocação de grito de desabafo, era um enorme “Chega!”. A partir deste dia 12, a tendência é que haja mesmo uma diminuição de pessoas em favor de uma definição mais clara da pauta.
Mas é evidente que se trata de um erro cretino imaginar que menos gente na rua implique que está em curso uma mudança de humor da opinião pública. Não está, não! E que se note: se o protesto do dia 15 tivesse reunido o número de pessoas deste de agora, muitos teriam, então, se surpreendido. Acontece que aquele superou expectativas as mais otimistas. Tomá-lo como régua de um suposto insucesso dos atos deste dia 12 é coisa de tolos ou de vigaristas. Mas o governo e o PT têm direito ao autoengano.
Vejo a coisa de outro modo: os eventos deste domingo, 12 de abril, comprovam o que chamo de emergência de uma nova consciência. Até torço para que o Planalto e o petismo insistam que os atos deste domingo foram malsucedidos. É o caminho mais curto da autodestruição. Esses caras ainda não perceberam que os que agora protestam não querem apenas o impeachment de Dilma. Essa é a pauta contingente. Eles falam em nome de uma pauta necessária, que é apear as esquerdas do poder, ainda que esse esquerdismo, hoje em dia, não passe de uma mistura de populismo chulé com autoritarismo.
Tenham a certeza, petistas e afins: a luta continua!
Tags: Governo Dilma, protestos
12/04/2015
às 8:51A NOVIDADE QUE ESTÁ NA RUAS É A GUERRA VIRTUOSA DE VALORES! VEIO PARA FICAR! OU: VÃO PRA RUA EM PAZ, REVOLTADOS DO BRASIL LIVRE!
Há certo clima de comemoração antecipada no PT com o que se considera por lá insucesso das manifestações de repúdio ao governo marcadas para este domingo. Há grupos que anunciaram protestos em mais de 400 cidades Brasil afora, quase o dobro do que se viu no dia 15 de março. No governo, a palavra de ordem é tratar do assunto com discrição. Segundo o monitoramento das redes sociais feito pelo Planalto, há menos entusiasmo desta vez. Como vocês sabem, não fiz prognóstico daquela vez e não farei agora. Para saber hora e local do evento na sua cidade, clique aqui.
Referindo-me aos protestos deste domingo, escrevi na Folha, na sexta:
“Vários movimentos que se opõem ao atual estado de coisas convocaram um protesto para este domingo, dia 12. Talvez reúna menos gente do que o do dia 15 de março. Superar aquele marco não é relevante. Nenhuma sociedade, a menos que viva uma convulsão pré-revolucionária, se mantém permanentemente na rua contra o ‘statu quo’.
O sintoma que interessa ao futuro é outro. Mesmo liderando uma máquina ainda poderosa e organizada, CUT e PT protagonizaram um vexame na terça passada. Nem os companheiros compareceram ao enterro da última quimera de Luiz Inácio Lula da Silva. Quem apostaria, até outro dia, que a prontidão de mulheres e homens comuns, sem o abrigo de bandeiras, superaria a da militância organizada? Mas hoje é assim.”
“Vários movimentos que se opõem ao atual estado de coisas convocaram um protesto para este domingo, dia 12. Talvez reúna menos gente do que o do dia 15 de março. Superar aquele marco não é relevante. Nenhuma sociedade, a menos que viva uma convulsão pré-revolucionária, se mantém permanentemente na rua contra o ‘statu quo’.
O sintoma que interessa ao futuro é outro. Mesmo liderando uma máquina ainda poderosa e organizada, CUT e PT protagonizaram um vexame na terça passada. Nem os companheiros compareceram ao enterro da última quimera de Luiz Inácio Lula da Silva. Quem apostaria, até outro dia, que a prontidão de mulheres e homens comuns, sem o abrigo de bandeiras, superaria a da militância organizada? Mas hoje é assim.”
Se não ficou claro: protestos de rua não são uma corrida contra si mesmos, de sorte que seus organizadores tenham de, a cada vez, botar mais gente na rua. A luta para apear do poder o PT e seus métodos não é uma corrida de 100 metros. Pode ser uma maratona. Mesmo que Dilma venha a ser colhida por um processo de impeachment, isso não significa que o Brasil terá resolvido os seus problemas. Da mesma sorte, não está condenado ao desastre eterno se o impedimento não acontecer.
Na minha coluna na Folha, falo de uma nova consciência que está se plasmando no país. Em jornadas de protestos em anos anteriores, eu estava muito menos otimista do que agora. Havia manifestações de descontentamento, mas quase não se viam movimentos minimamente organizados. Desta vez, é diferente. O “Vem pra Rua” existe. O “Movimento Brasil Livre” existe. O “Revoltados Online” existe. Há vários outros empenhados em não deixar a peteca cair. A novidade, em suma, é justamente esta: a disputa pelo espaço público não se limita mais às esquerdas.
A esmagadora maioria dos brasileiros, segundo pesquisa Datafolha publicada neste domingo pela Folha, apoia os protestos: 75% se dizem favoráveis — só 19% se dizem contrários. Espero que o “Vem pra Rua” e o “Movimento Brasil Livre” não caiam na armadilha de se obrigar a levar para as ruas um número sempre crescente de pessoas nem fiquem reféns de uma pauta única, de curto prazo.
O que essa moçada traz de verdadeiramente novo para a política não é pedir o impeachment de Dilma — cedo ou no prazo, que é tarde!, ela deixará o cargo. A novidade está na disposição de fazer a guerra virtuosa de valores e de entrar em sintonia com a maioria silenciosa do povo brasileiro.
Agora vou dormir um tantinho. Daqui a pouco, rua!
Tags: protestos
12/04/2015
às 7:37Datafolha 1 – Pesquisa evidencia o naufrágio de Lula. Ou: Lembram-se do tempo em que Gilberto Carvalho dizia que o PT contava com “um Pelé” no banco de reservas? Ou ainda: Abaixo do capeta!
Aí, ai… No terceiro dia do primeiro mandato de Dilma Rousseff, Gilberto Carvalho, nomeado, então, secretário-geral da Presidência, concedeu umaentrevista à Folha. Com a modéstia habitual que caracteriza os petistas quando julgam estar acima da carne-seca, afirmou
“(…) Acho que o governo da Dilma será de muita competência. Se Deus quiser, faremos um belíssimo governo, e ela será reeleita. É evidente que, se não der certo, temos um curinga. Estou dizendo para a oposição: ‘Calma. Não se agitem demais. Temos uma carga pesada. Não brinca muito que a gente traz. É ter o Pelé no banco de reservas’”.
“(…) Acho que o governo da Dilma será de muita competência. Se Deus quiser, faremos um belíssimo governo, e ela será reeleita. É evidente que, se não der certo, temos um curinga. Estou dizendo para a oposição: ‘Calma. Não se agitem demais. Temos uma carga pesada. Não brinca muito que a gente traz. É ter o Pelé no banco de reservas’”.
Carvalho estava se referindo, claro!, a Lula. E olhem que, reitero, a entrevista foi publicada no terceiro dia do primeiro mandato. Nem se sabia ainda que comportamento adotaria, então, a oposição. Mas o chefete petista já estava lá, ameaçando com a “volta do Lula”… Pois é. Parece que o Super-Homem se encontrou com a kryptonita da realidade, não é mesmo? Segundo pesquisa Datafolha publicada na Folha deste domingo — os infográficos que aparecem nos posts foram extraídos do jornal —, se a eleição fosse hoje, este seria o resultado do primeiro turno.
Como se vê, o tucano Aécio Neves largaria na frente, com 33% dos votos. Lula, acostumado a ver o seu nome liquidar os adversários logo no primeiro turno (embora ele não tenha logrado esse feito nas duas vezes em que venceu), agora amarga um segundo lugar, com 29%. Marina Silva e Joaquim Barbosa obteriam, cada um, 13%; deram outras respostas 9%, e 3% disseram não saber. Dada essa distribuição, é evidente que o Apedeuta perderia numa simulação de segundo turno.
Sim, é bem verdade que ele ainda é apontado como o melhor presidente do Brasil, com 50% das menções, seguido por FHC, com 15%. Getúlio Vargas obtém 6%. A importância desse ranking é próxima de zero. O que sabem os atuais eleitores sobre presidentes do passado remoto? Espantoso, isto sim, é que, na lista, Dilma obtenha os mesmos 2% de Juscelino e Sarney…
A crise e a roubalheira, e isto preocupa os petistas de modo especial, estão sendo desastrosas também para a imagem e a reputação de Lula. Não por acaso, nos protestos de rua, ele é tão execrado como Dilma. E, mais do que a ambos, há o repúdio ao PT.
Faz sentido? Faz, sim! Tanto o partido como o Babalorixá de Banânia reagiram de modo furioso e desastrado ao descontentamento das ruas. Vejam, por exemplo, o incrível João Vaccari Neto. Afogado num mar de denúncias, o homem continua nada menos do que tesoureiro do PT. É ele quem cuida das finanças do partido. E só continua no posto porque, até agora, Lula banca a sua permanência.
Para lembrar: um terço do eleitorado é o que o PT costuma ter no país, ainda que o capeta seja o candidato. Lula ficou um pouco abaixo: 29%. Abaixo do capeta.
12/04/2015
às 6:47Datafolha 2 – Larga maioria apoia o impeachment de Dilma: 63%; só 33% são contra
A pior de todas as notícias para Dilma Rousseff nesta pesquisa Datafolha de abril é a opinião dos brasileiros sobre o impeachment: nada menos de 63% dos entrevistados acham que, considerando tudo o que se sabe até agora sobre o petrolão, a Câmara dos Deputados deveria, sim, abrir um processo contra a presidente. O número é compatível com os 57% que dizem que ela sempre soube dos desmandos na estatal e nada fez e com os 26% que acreditam que, mesmo sabendo, ela não tinha como intervir.
Assim, até agora ao menos, os esforços feitos pela presidente para se descolar dos descalabros descobertos na estatal têm sido em vão. A população brasileira não acredita na sua inocência. E, convenha-se, não se pode achar que ela está sendo excessivamente rigorosa. Dilma era a gerentona da área nos oito anos do governo Lula — foi presidente do Conselho da estatal — e seguiu como o farol, a seu modo, da área energética em seu próprio mandato.
Os brasileiros sabem o que acontece se Dilma cair? Vinte e nove por cento afirmaram que “o vice” assume — sem citar o nome. Estão certos; outros 13%, “Michel Temer”. Somados os dois números, chega-se a 42%. Considerando que o impeachment de Collor e a ascensão de Itamar Franco já estão bem distantes da memória, que o vice-presidente, até havia pouco, tinha uma atuação discretíssima e que esse não é um tema frequente na imprensa, especialmente na TV aberta, o número me parece excelente.
Num dos textos da Folha, Mauro Paulino e Alessandro Janoni, escrevem:
“Também é característica do “Fora Dilma” a baixa taxa de conhecimento sobre o que acontece em caso de impedimento da presidente. No total da amostra, são apenas 12% os brasileiros que defendem a abertura do processo, sabem que o vice é quem assumiria e identificam corretamente Michel Temer (PMDB) como o virtual ocupante do cargo. A maioria, porém não sabe que o vice assume em caso de impedimento ou, quando sabe, desconhece Temer.”
“Também é característica do “Fora Dilma” a baixa taxa de conhecimento sobre o que acontece em caso de impedimento da presidente. No total da amostra, são apenas 12% os brasileiros que defendem a abertura do processo, sabem que o vice é quem assumiria e identificam corretamente Michel Temer (PMDB) como o virtual ocupante do cargo. A maioria, porém não sabe que o vice assume em caso de impedimento ou, quando sabe, desconhece Temer.”
Parece haver a sugestão de que os que pedem “Fora Dilma” são meio ignorantes. Eles também não devem ter lido Schopenhauer… “Ah, mas o filósofo não teria importância para o futuro político do Brasil”, dirá alguém. É verdade. Haver, no entanto, 42% que dão a resposta correta me parece muito auspicioso. Afinal, conhecer a regra sucessória, indicando o nome do substituto, não qualifica descontentamento. Ou qualifica? Não é preciso fazer vestibular para ir às ruas, certo? Nem para ser presidente da República, como se sabe…
E que se note: a imprensa toca muito pouco nesse assunto. E, quando o faz, é quase sempre para destacar que não haveria justificativa para o impedimento. Imaginem se adotasse o padrão da cobertura dispensada ao Collorgate… Naquele caso, havia uma espécie de ordem unida em favor do impeachment. E olhem que o escândalo era estupidamente menor. E, claro, não havia ninguém cobrando que os manifestantes recitassem de cor a Constituição.
Dilma quer uma discretíssima notícia positiva? Embora a esmagadora maioria defenda o afastamento de Dilma (63%), número quase idêntico acha que isso não vai acontecer (65%). Só 29% acreditam nessa possibilidade. Serve de consolo.
12/04/2015
às 5:59Datafolha 3 – Não há boa notícia para Dilma na pesquisa; expectativas dos brasileiros são extremamente negativas
É bobagem os petistas tentarem forçar a mão. Não existem boas notícias para a presidente Dilma Rousseff na mais recente pesquisa Datafolha sobre a popularidade do seu governo e a percepção que têm os brasileiros da crise. A formulação de baixa voltagem da primeira linha da manchete da Folha deste domingo — “Reprovação a Dilma estaciona” não consegue compensar o desastre de opinião pública expresso na segunda: “maioria apoia o impeachment” (leia texto a respeito). O levantamento traz ainda uma péssima notícia adicional para o PT e para Lula: o prestígio do Babalorixá de Banânia também está indo para o ralo (leia post).
Sim, a reprovação estacionou, mas em que patamar? Há três semanas (16/17 de março), 62% consideravam seu governo “ruim ou péssimo”; agora, são 60% — uma variação dentro da margem de erro, de dois pontos para mais ou para menos. Os que o veem como regular passaram de 24% para 27%, e os mesmos 13% dizem que é “ótimo ou bom”. Não é possível, obviamente, ver aí um tendência de melhora. Até porque a avaliação de áreas da administração, que se traduz também nas expectativas da população, segue catastrófica.
Há três semanas, 77% diziam que a inflação iria aumentar; agora, são 78% — em linha, note-se, com a contínua elevação do índice. Os mesmos 6% afirmam que ela vai cair. Acham que a situação econômica do país vai piorar 58% dos entrevistados, contra 60% há três semanas. E oscilaram de 15% para 14% os que apostam que vai melhorar. O pessimismo com o desemprego, tudo indica, está em alta. Os que estão convictos de que a taxa vai aumentar passaram de 69% para 70%, e os que fazem fé de que vá diminuir oscilaram de 12% para 10% — percepção que também está em consonância com a realidade.
Corrupção
Entre os problemas do país, a saúde segue sendo o principal. Em março de 2011, a “corrupção” não aparecia entre os cinco mais citados. Nas jornadas de junho, já ganhava o terceiro lugar, posição mantida em julho de 2014, nos protestos da Copa. Agora, está tecnicamente empatada com aquele que é o principal flagelo dos brasileiros. E isso ajuda a explicar o péssimo desempenho de Dilma na pesquisa.
A Petrobras segue a lhe pesar nos ombros. Nada menos de 83% acreditam que ela sabia, sim, das lambanças na Petrobras. Para 57%, sabia e nada fez, e 26% dizem que sabia, mas não tinha como evitá-la. Só 12% acreditam na ignorância específica da governanta.
A estatal deve publicar em breve seu balanço, e é possível que a empresa inicie uma tímida trajetória de recuperação — vai demorar muito até que entre nos eixos. Há aí para Dilma um fiapo de esperança. A questão é saber como a presidente vai, digamos, injetar um pouco de ânimo nos brasileiros. Afinal, até as pedras sabem que os efeitos do necessário ajuste recessivo ainda não se fizeram sentir em sua plenitude. E recessão nunca serviu para alavancar popularidade de governantes.
Por Reinaldo Azevedo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá! Seja benvindo! Se você deseja comunicar-se, use o formulário de contato, no alto do blog. Não seja mal-educado.