quinta-feira, 2 de junho de 2011

A Casa Branca rechaça a descriminalização das drogas

Rodrigo Gularte, preso em 2004,  
 

FHC alega ter pedido a guerra contra as drogas mas nunca moveu uma palha para combatê-las

Por Klauber Cristofen Pires

Quem assistiu ao documentário "Quebrando o tabu" exibido pelo Fantástico protagonizado pelo ex-presidente FHC? Eu também o acompanhei, e gostaria de fazer uma só pergunta ao garoto-propaganda internacional da descriminalização das drogas: O que ele fez, como Presidente do Brasil por dois mandatos, para combater o tráfico de drogas?


Pois eu vou dizer: quando de sua campanha eleitoral para o primeiro mandato, ele costumava mostrar a mão espalmada, com os cinco dedos estendidos, cada qual a simbolizar uma promessa de governo, dos quais um deles era a "segurança". Pois foi apenas apenas ter assinado o seu diploma que o assunto morreu, embora ainda continue com cinco dedos na mão. Posteriormente, até mesmo o noticiário foi anestesiando o público com o argumento de que a segurança pública era problema dos estados. Isto é verdade, mas apenas em parte, pois o governo federal tem a Polícia Federal e as Forças Armadas para vigiar as fronteiras, que durante seus dois mandatos estiveram como porteiras abertas ao leú, além de ser o ente constitucionalmente capaz de propor leis penais, que no caso, só foram abrandadas.  Ademais, se se tratava de uma promessa de campanha por alguém decidido a fazer diferença nesta área, uma sensível diminuição teria ocorrido. Quem quer fazer arranja um jeito e faz, e quem não quer arranja desculpas.

"Pelos frutos se reconhece a árvore", este é o dito bíblico que anda sendo muito esquecido, e que um pouquinho mais cotidianamente aplicado, serviria para abrir os olhos de muita gente. Pois, aqui no Brasil um documentário desta natureza é exibido em horário nobre e é acompanhado de uma extremamente desigual cobertura opinativa, flagrantemente editada de modo a endossá-la perante a opinião pública. Ademais, é publicado em destaque nos jornais e na própria Agência Brasil como um dado incontestável. 

Entretanto, não assim que a banda toca mais ao norte: segundo notícia veiculada pelo site Fox News, a Casa Branca rechaçou duramente o relatório apresentado pela Comissão Global de Políticas sobre Drogas, da qual os ex-presidentes FHC, Ernesto Zedillo, do México (logo este, que já foi acusado de manter ligações com o tráfico de drogas), e o endossador oficial de eleições bolivarianas Jimmy Carter fazem parte. Conforme declaração do porta-voz da Office of National Drug Control Policy, Rafael Lemaitre,  "o vício das drogas é uma doença que pode ser prevenida e tratada com sucesso. A facilitação do acesso às drogas  - tal como o relatório sugere - tornará mais difícil manter nossas comunidades saudáveis e seguras".

De acordo com aquele órgão norte-americano, estatísticas mostram um declínio geral  no uso de drogas nos EUA comparadas com 30 anos atrás, conjuntamente com uma mais recente queda de 46% no uso de cocaína entre adultos jovens ao longo dos últimos cinco anos. 

Aqui a reportagem veiculada pela Fox também dá uma de sonsa, contra-argumentando que o relatório da Comissão Global estima que o consumo de ópio aumentou 34,5% no mundo todo, assim como a cocaína, esta em 27%, de 1998 a 2008, enquanto que o uso de maconha aumentou 8,5%.  Sonsa sim, porque é de se perguntar: " - e daí que os outros países não fizeram o dever de casa? O Brasil fez o seu? FHC fez o seu?"
Meus caros leitores, vejam que mesmo sob um governo democrata a posição dos Estados Unidos é firme, e não se trata aqui de tentar ludibriar o povo com índices irrisórios: 46% é praticamente a metade, e possivelmente mais ainda se o aumento demográfico não foi levado em conta. 

Porém, deixem estar que, se 46% de diminuição do consumo geral de drogas não for suficiente, eu cito aqui países tais Cingapura, Malásia, Tailândia,  Indonésia e outros da região, em que o problema do tráfico é irrisório, e por um motivo muito simples: a repressão é inclemente! Em Cingapura, aqueles considerados "viciados", isto é, os que são pegos com até 05 g de cocaína ou 15 g de maconha, vão curar-se servindo ao exército, a retirar as toxinas mediante o cumprimento de árduas tarefas ou exercícios físicos, e os traficantes recebem um passaporte para vender seus produtos no além. Quem se lembra de Rodrigo Gularte, preso em 2004 na Indonésia com 06 quilos de cocaína como recheio de sua prancha de surfe? Simples assim: "Dura lex sed lex", ou, no popular mesmo, "escreveu, não leu, o pau comeu!" !

Em minha opinião, quem deu a resposta mais convincente no programa do fantástico sobre a questão da liberação das drogas foi um famoso ex-usuário (será mesmo um "ex"?) Paulo Coelho: “O grande perigo da droga é que ela mata a coisa mais importante que você vai precisar na vida: o seu poder de decidir. A única coisa que você tem na sua vida é o seu poder de decisão. Você quer isso ou quer aquilo? Seja aberto, seja honesto. Realmente, a droga é fantástica, você vai gostar. Mas cuidado, porque você não vai poder decidir mais nada. Basta isso”. Vejam, nem fumar tabaco eu faço, mas este usuário experiente confessou: as pessoas se tornam escravas. Ora, uma vez que estão na mão de alguém, que diferença há de fazer entre comprar do traficante ilegal e do eufemisticamente falando, "regulado", que pode muito bem ser mais um sócio do lucrativo aparelhamento social petista?

FHC mente com a desenvoltura de um enganador escolado. Se tivesse efetivamente feito tudo o possível para evitar que as drogas chegassem ao país e combatesse com vigor os produtores, os traficantes e até os usuários, até poderia dar-se ao direito de propor a regulamentação da venda e do consumo. Todavia, o que se mais vê é que o seu governo, tanto quanto o de Lula e de sua sucessora Dilma Roussef, mais tem agido como cúmplice interessado.

Um comentário:

  1. Que estatística é essa que mostra este declínio de 46% das drogas e de que as coisas estão melhores que 30 anos atrás? Qual a fonte? Da onde veio isso? Estranho, pois o Relatório Global de Políticas sobre Drogas, concluído em junho deste ano por pessoas de extrema credibilidade como George Papandreou, (Primeiro Ministro da Grécia), George P. Shultz, (ex-Secretário de Estado dos Estados), Paul Volcker (ex-presidente do Banco Central dos Estados Unidos) Kofi Annan (ex-Secretário Geral das Nações Unidas), e tantos outros diz que de 98 para 2008 os números do ópio aumentaram 34% e os da cocaína 27%.

    Suponhamos que tal relatório realmente exista. Usamos muitas políticas públicas dos EUA como modelo, correto? O próprio modelo de proibicionismo as drogas foi idéia dos EUA por volta de 1970. Agora, os EUA têm:

    • Um custo total para sustentar um traficante na cadeia de 450 mil dólares:

    • Os custos de prisão e julgamento estão calculados em 150 mil dólares;

    • Os custos de prover uma vaga adicional no sistema prisional são de aproximadamente 100 mil dólares,

    • O custo de manutenção de um preso é de cerca de 30 mil dólares por ano


    Temos todo esse dinheiro? Não. Então não podemos nos basear nisso.

    Quanto à Tailândia, Indonésia, Cingapura e Malásia, como você citou, o que é aconteceu é mais que uma política de repressão, é uma matança desenfreada. As pessoas são torturadas por fumar um baseado, e quem vende é condenado à morte. E mesmo assim, o Ministério da Saúde da Tailândia calcula que pelo menos três milhões de pessoas - 5% do total da população - são viciados em metanfetaminas no país, e outras dezenas de milhares são traficantes, ou seja, seus argumentos são todos falsos.

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