sexta-feira, 24 de junho de 2011

Preconceito “democrático”


Dizer que o caráter da mobilização de evangélicos possui um viés raivoso não se trata apenas da opinião do escriba. Se julgarmos segundo o movimento homossexual interpreta os pontos de vista cristãos, trata-se de uma afirmação preconceituosa.

Matheus Viana – Revista Profecia


Usando uma retórica aparentemente respeitosa em relação às diversidades, o colunista do Folha de S. Paulo, Gilberto Dimenstein, exprime em seu texto ‘São Paulo é mais gay ou evangélica? sua ideologia revolucionária.

Veja que o fato de colocar um questionamento como título de seu texto não possui, como parece, um intento reflexivo. Mas a tentativa indireta de estabelecer um comportamento moral como algo soberano. São Paulo, a maior cidade de um país dito “democrático” não deve ser gay nem evangélica. E sim uma metrópole composta de diversos nichos sociais. Ou seja, vemos que a argumentação do jornalista é, além de maquiavélica, dúbia.

Dizer que o caráter da mobilização de evangélicos possui um viés raivoso não se trata apenas da opinião do escriba. Se julgarmos segundo o movimento revolucionário – incluindo o jornalista em questão e o movimento homossexual – interpreta os pontos de vista cristãos, trata-se de uma afirmação preconceituosa.

Veja a falácia – para não dizer outra coisa – que o jornalista afirma: “Por trás da parada gay, não há esquemas políticos nem partidários”. É verdade. O ex-BBB e agora deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) e a senadora Marta Suplicy (PT-SP) não fazem lobby político em prol do movimento homossexual assim como Césare Battisti nunca pegou em uma arma e Palocci enriqueceu de forma lícita. Sem falar da participação de Gilberto Kassab e Marta Suplicy em algumas Paradas gays. O duro é que muitos engolem este discurso desprovido de coerência.

Se os gays não querem, conforme afirma Dimenstein “tirar o direito dos evangélicos (nem de ninguém)”, por que então querem aprovar um Projeto de Lei que não apenas tira a liberdade dos contrários ao comportamento – e não ao indivíduo – homossexual de se manifestarem, mas criminaliza-os?

Seguir o que diz a Constituição não é dever apenas de uma classe social ou religiosa, mas de todo cidadão brasileiro seja ele cristão ou ateu, hetero ou homossexual. Dizer que o STF não seguiu a Constituição e o Código Civil não é, para um indivíduo de mentalidade sã, atacar uma instituição pública, mas uma simples constatação de fatos. O fato de ser lícito o homossexual ter acesso à união civil não anula o equívoco hermenêutico dos ministros do STF.

É regra básica do jornalista munir-se de fatos antes de elucidar pensamentos. Infelizmente, Dimenstein a ignorou. Assim como muitos tem ignorado o exercício salutar do intelecto ao se deparar com um texto lamentável como o dele.

Seja livre para se expressar, mas nunca se esqueça de pensar!

2 comentários:

  1. Salve, Klauber !

    (...)
    "Se os gays não querem, conforme afirma Dimenstein “tirar o direito dos evangélicos (nem de ninguém)”, por que então querem aprovar um Projeto de Lei que não apenas tira a liberdade dos contrários ao comportamento – e não ao indivíduo – homossexual de se manifestarem, mas criminaliza-os?"
    (...)

    Eis uma pergunta que me faço desde que inventaram esse tal projeto.
    Se desejam tanto a igualdade, porque a diferênça perantes as Leis?
    Quem discrimina quem e o quê?

    Um abraço.

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  2. Oi.

    Voltei somente para fazer duas correções em meu texto anterior. A palavra " por que" apareceu emendada por falha da "tecla-espaço", e nessa pergunta:
    " Quem discrimina quem e o quê?", não apareceu uma vírgula entre o "quem" e o "ê".

    Grata.

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