quarta-feira, 8 de abril de 2015

Liberdade econômica e prosperidade

zeesAs lições sucessivas que a história moderna se encarrega de nos oferecer constituem merecido tributo à visão de Adam Smith que, há 216 anos, nos indicou o caminho da prosperidade: a liberdade econômica. A comparação dos resultados obtidos pelas duas Alemanhas, pelas duas Coreias e pelas várias Chinas, isto é, a China Continental, de um lado, e Hong Kong, Formosa e Cingapura, do outro lado, já constituía evidência expressiva a apoiar a tese de Adam Smith. Em 1950, a China Continental e Formosa tinham aproximadamente a mesma renda por habitante; atualmente, a renda per capita de Formosa é cerca de trinta vezes superior à registrada pela China Continental.

Nova evidência empírica pode ser observada, agora, no sul da China comunista, nas províncias de Guangdong e Fujian. Os dados que a seguir apresentamos foram publicados pelo The Economist, na sua edição de 5 de outubro de 1992, páginas 19 a 21.

A reforma chinesa de 1979 se baseou principalmente na restauração da família como unidade produtora da economia agrícola e na liberação dos preços de vários produtos agrícolas. Em seguida, foi aberta a porta para o capital estrangeiro, ao mesmo tempo em que era estimulado o intercâmbio comercial com o exterior através de algumas cidades costeiras e de cinco “zonas especiais” , sendo que estas últimas passaram a ser conhecidas internacionalmente pela sigla SEZ (Special Economic Zones). Essas zonas de livre comércio se situam num arco costeiro do sul chinês, que vai da ilha de Hainan, na província de Guangdong, à província de Fujian.

O resultado, conforme nos relata The Economist, tem sido um período de mais de 12 anos de intenso crescimento econômico. A província de Guangdong tinha, em 1980, um produto interno bruto de aproximadamente US$13,8 bilhões (a preços de 1990); após 10 anos, esse valor já tinha atingido US$44,2 bilhões, com uma taxa de crescimento superior a 12 % por ano. A província tem uma população de 63 milhões de habitantes. A produção industrial de Guangdong cresceu em média 15 % por ano na década de 80. As exportações cresceram a ponto de representar, em 1990, 1/3 do valor das exportações totais da China.

Por outro lado, a província de Fujian, com 30 milhões de habitantes, viu a sua produção industrial aumentar sete vezes durante os ano 80; as exportações em 1989 superaram em 21 % as registradas em 1990. Em 1970 a província de Fujian estava entre as mais pobres do país. A contrapartida da liberdade econômica é a participação relativamente pequena do setor público no processo econômico. Por exemplo, em Guangdong a porcentagem que corresponde ao governo é de 30 %, e continua caindo. Conforme observa The Economist, “o comunismo está morto no sul da China”. Isso, porém, não significa que o povo daquelas províncias seja livre pelos padrões ocidentais; significa que é muito mais livre do que o povo do interior e do norte da China.

O exemplo que nos vem da China nos estimula a fazer a seguinte indagação: o que ocorreria, em termos de crescimento econômico, se uma das regiões mais pobres do nosso país pudesse transformar-se numa “ilha” de liberdade econômica? Se Adam Smith continuasse a ter razão, provavelmente em menos de uma geração essa região seria a mais próspera do Brasil, caso as demais regiões continuassem no regime de servidão econômica em que se encontram atualmente.


Artigo retirado do livro de crônicas Editoriais, editado pelo Instituto Liberal em 2011 e à venda em nossa livraria por R$ 10,00 (frete não incluso). Adquira essa e outras obras e colabore com o trabalho do IL.
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Sobre o autor

Og Leme
Og Leme foi um dos fundadores do Instituto Liberal, permanecendo por décadas como lastro intelectual da instituição. Com formação acadêmica em Ciências Sociais, Direito e Economia, chegou a fazer doutorado pela Universidade de Chicago, quando foi aluno de notáveis como Milton Friedman e Frank Knight. Em sua carreira, foi professor da FGV, trabalhou como economista da ONU e participou da Assessoria Econômica do Ministro Roberto Campos. O didatismo e a simplicidade de Og na exposição de ideias atraíam e fascinavam estudantes, intelectuais, empresários, militares, juristas, professores e jornalistas. Faleceu em 2004, aos 81 anos, deixando um imenso legado ao movimento liberal brasileiro.
Matéria extraída do website do Instituto Liberal

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