O assassino da Lagoa tem mãe
Nestes dias, meu amigo e colega no Instituto Liberal, Alexandre Borges postou um dos seus brilhantes textos onde ele usou uma capa do jornal Extra para ilustrar os problemas da mentalidade dominante entre os “jornalistas” brasileiros. Para estes, o assassino da Lagoa – e tantos outros – teria virado bandido porque teve pais ausentes e falta de oportunidades. E você, sem coração e desumano, quer apenas se vingar desta e das outras “vítimas da sociedade”.
Alexandre tem toda razão no que diz. A tese é antiga e nada mais é do que o eco da mentalidade dominante entre a esquerda no mundo inteiro (aqui nos EUA tristemente chamados de “liberals”). A carta da “vítima” é um coringa que é jogado na mesa por vezes para justificar os criminosos black blocks de Ferguson ou Baltimore, USA, por outras a onda de menores criminosos que assolam o Brasil ou até mesmo os terroristas do Hamas.
Mas ainda na repercussão da onda de crimes carioca, o site da EXAME publicou uma reportagem que é um perfeito exemplar do mal desta mentalidade que nos assombra. Segundo a revista, o garoto tem mãe sim e ela se diz bastante presente. É até, imagine você, muito engajada socialmente. É fundadora do “Fórum Social de Manguinhos” que lançou recentemente a cartilha “Manguinhos Tem Fome de Direitos”. Esteve presente em todas as internações do filho caçula. Mais do que isso, ela não acredita que seu “guri” seja capaz de matar. Roubar sim, ela admite, mas matar não.
Dona Jane Maria da Silva concorda com o mainstream da esquerda em que seu filho é uma vítima. Mas ela é um pouco mais explícita e sincera. Diz, com naturalidade, que os jovens querem ter acesso a lazer e bens de consumo e não tem dinheiro para tal. E que, como ninguém os proporciona estes mimos do capitalismo, não tem alternativa senão a bandidagem. Em suas palavras, “[…] o jovem de bolso vazio vai roubar. Então, com uma ajuda de custo para o lanche, pelo menos, o jovem fica entretido; não vai roubar”.
Que fique bem claro para quem não entendeu que, na cabeça da dona Jane e seus colegas da esquerda, não importa que ela ou seu filho não produzam o suficiente para gozar dos bens e serviços que querem. Alguém – eu, você ou o Estado – tem que proporcionar “uma ajuda de custo” para “entreter” os jovens. Não bastassem todos os direitos assegurados pela Constituição de 1988, houve um aparente lapso dos nossos constituintes em deixar de fora o “direito inalienável ao entretenimento”. Afinal, é exatamente isso que todos os políticos – aqueles que constroem teleférico na favela – vivem dizendo às donas Janes há anos. E por que então seus filhos pensariam diferente?
O que é certo é que dona Jane não conhece o Dr. Jessé Soares. Na mesma semana em que o médico e ciclista Jaime Gold era assassinado na Lagoa, o jovem Jessé se formava em medicina no Pará. Nascido em Limoeiro do Ajuru, uma cidade do interior de seu estado com 25 mil habitantes, ele vendia bombons no ônibus para se sustentar e pagar seus estudos. Enfrentou muitas dificuldades. Pensou em desistir, mas sempre teve um sentimento de que “quando terminasse os estudos as coisas seriam melhores”. Agora Jessé está empregado em um hospital salvando vidas e recebendo um salário que paga pelos bens e serviços que quiser. E se tiver sorte, não será esfaqueado enquanto passeia de bicicleta.
A equação é simples: Se quisermos um país melhor, precisamos de mais Jessés e menos filhos da dona Jane.
Para referência, o texto do Alexandre Borges:
A entrevista da dona Jane:
A reportagem sobre o Dr. Jessé:
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