(Em contribuição especial da revista Profecia)
Pastor americano declara que irá queimar exemplares do Alcorão no próximo dia 11 de setembro. Mais digno de repúdio do que tal atitude é a incoerência moral do ser humano
O pastor americano Terry Jones afirmou, no dia 08/09, que irá queimar 200 exemplares do Alcorão, livro considerado sagrado pelos muçulmanos, no próximo sábado, 11/09, em lembrança ao inesquecível ataque terrorista às torres gêmeas em Nova York no ano de 2001. Declaração que causou um alvoroço de âmbito internacional. Chefes de Estado de vários países, além é claro da Casa Branca, repudiaram tal intento. O Vaticano, a ONU, a União Européia e o Irã - vejam só - também participaram do coro.
Embora seja um cristão – não no sentido religioso da palavra, mas sim no comportamental – não compartilho do intento extremo e fundamentalista do pastor americano em queimar algo sagrado para os islâmicos. No entanto, o clamor internacional contra tal conduta deve ser alvo de análise no tocante a certas medidas de claros intentos intolerantes.
No Brasil há um PL em tramitação na Câmara que visa a retirada de qualquer acessório religioso de repartições públicas. Não seria a mesma coisa que queimar um Alcorão? A mitigação religiosa é a mesma. Só os métodos são diferentes, pois cada vertente usa o que tem na mão. O pastor usa o fundamentalismo religioso, e os ateus marxistas do governo federal brasileiro usam o Legislativo.
Como cristão sou, a exemplo de milhões de brasileiros, adepto à Bíblia. Não vou entrar no mérito de sua veracidade e divindade. Apenas na liberdade de seguirmos seus ensinamentos e princípios. Elaborar e aprovar uma lei que queime todas as Bíblias existentes no país soa totalitário demais. Por isso, usa-se as vias “democráticas” de PL´s que impeçam o uso de todo e qualquer adereço religioso. Mais do que isso. Querem tirar o nome de Deus da Constituição e da solenidade de abertura das votações no Congresso Nacional. Não seria isso queimar a fé e a devoção dos cristãos?
Podemos não concordar com os intentos do pastor americano, mas de maneira nenhuma o criticarmos. Líderes de todo o mundo, como a secretária de Estado americana Hilary Clinton e a chanceler alemã Angela Merkel, evidenciaram seu repúdio à ameaça do pastor. No entanto por que estes líderes, a ONU e o próprio Vaticano não repudiam, de maneira prática, é óbvio, a implacável perseguição aos cristãos que ocorre há década em países comunistas como Coréia do Norte e China? Por que não repudiam, em alto e bom som, a intolerância para com cristãos em países muçulmanos?
Seguindo o raciocínio destes líderes, queimar o Alcorão é considerado um ato de intolerância, mas perseguir e matar cristãos são direitos de Estados comunistas e islâmicos. Vociferar sobre o intento de um pastor em um país democrático é lutar pela tolerância religiosa. Omitir em relação ao homicídio de cristãos em países totalitários é demonstração de respeito à soberania dos mesmos. Que valores morais são esses, afinal de contas?
No Brasil vemos o inflamado levante a favor da homofobia, que, longe de seu verdadeiro significado, consiste em criminalizar toda e qualquer oposição, ainda que seja apenas ideológica e pacífica, à homossexualidade e seus desdobramentos. Todavia não há um pio sobre o que poderíamos chamar de “cristofobia”. Democracia sem divergência é? Isso mesmo: ditadura.
O pastor Jones parece ter se esquecido do mandamento de Jesus que diz: “Amem os seus inimigos e orem por aqueles que vos perseguem”. (Evangelho segundo Mateus 5:44). Contudo, os chefes de Estado que vociferaram contra ele também esqueceram o mandamento que diz: “Tenham o cuidado de não praticar suas ‘obras de justiça’ diante dos outros para serem vistos por eles. Se fizerem isto, vocês não terão recompensa do pai celestial”. (Evangelho segundo Mateus 6:1).
Jesus definiu o caráter destes indivíduos: “Guias cegos! Vocês coam um mosquito e engolem um camelo”. (Evangelho segundo Mateus 23:24). Pois “coam o mosquito” quando repudiam o objetivo do pastor e “engolem um camelo” quando permitem, com uma omissão mórbida, a latente perseguição aos cristãos em vários países. Nada mais, nada menos do que a demonstração da sordidez humana declarada pelo profeta Isaías há milênios: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia”. (Isaías 64:6).
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