Sendo catarinense de nascimento, uma das belas coisas da região Norte que mais me chamou a atenção foi conhecer um sem-número de pessoas que eram adotantes ou adotadas, ou que pelo menos tinham parentes em uma destas duas situações.
Quando me refiro ao termo "adoção", uso-o sob uma concepção bastante elástica, para abranger todas as formas de interação social que ocorrem especialmente aqui nestas terras de grandes distâncias e parcos recursos. Há quem venha do interior para estudar durante a semana ou o semestre no caso de parentes, ou a tratamento médico, o à procura de emprego, ou para passar as férias, e assim tantas quantas soluções cada um dos indivíduos vão criando para sobrepujar as dificuldades da vida.
Na família da minha própria esposa temos o caso de uma menina trazida do balneário da Baía do Sol, na ilha do Mosqueiro, que foi ficando e se acostumando com a repecptividade dos seus anfitriões, e foi assim, sem uma adoção legalmente formal, até que que ela se formou como engenheira agrônoma, agora com nível de especialização e exercendo uma digna função pública, e tudo isto se deve à minha sogra, uma mera pensionista de INSS, mas que sozinha fez muito mais do que as dezenas de governos que demagogicamente entraram e saíram prometendo revoluções na educação. De fato, aquela menina, hoje uma senhora casada, é ainda hoje a única "doutora" entre os da comunidade de onde veio.
De forma triste, percebo, entretanto, que este costume vai chegando ao fim, pari passu à multiplicação de crianças de rua, e muito pior, ao conhecer jovens que foram adotados desde a tenra infância, não lhes percebo em suas atitudes a mesma gratidão dos que o foram outrora, então com o coração repleto de gratidão por seus pais adotivos, mas sim um olhar de revolta e de ódio contra não-sei-o-quê. Enquanto é fácil encontrar entre os das gerações mais antigas pessoas muito produtivas, participativas, ternas e leais, entre os jovens parece predominar uma sensação de vergonha, de amealhamento, de niilismo e do mais puro egoísmo.
As causas para tal fenômeno? O crescente risco de os pais adotivos ou meros acolhedores serem responsabilizados por exploração sexual de menores ou exploração do trabalho infantil, ou até mesmo simplesmente por maus tratos, não pode deixar de ser levado em conta. Pergunte a quem quiser e na certa uma parcela significativa de adultos colocará este perigo, certamente muito real, em primeiro lugar.
Some-se a isto que a substituição de uma moral religiosa pelas aulas de educação sexual regada a superdosagens de ativismo feminista têm convidado os jovens muito mais aos deleites da cama sem as amarras das responsabilidades e dos desafios comuns da vida. Em outras palavras, desde que com camisinha, fora com os estorvos do casamento e dos filhos (!)...
No fim da história, o estado, a pretexto de proteger a criança, a desampara, como sempre...
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