Há uma tendência entre os conservadores de rotular os liberais como defensores do aborto, o que não é uma verdade, pois os fundamentos da filosofia liberal não incluem o direito a matar os fetos. O que há, sim, são pessoas que se afirmam liberais - sobretudo ateístas - que devido a uma compreensão errônea sobre o caso posicionam-se a favor da legalização do aborto.
Eis um porto seguro para o conservador, já que para ele o tema do aborto se constitui em uma coluna central de sustentação assentada em sólido solo religioso - sem a qual, lógico - deixa de ser conservador. Todavia, dada a generalização típica do rotulismo inconsequente, há quem classifique desta forma, sem direito ao contraditório - que os liberais são todos abortistas como que por força de um dogma.
Mas então, por quê ocorre de alguns liberais defenderem a legalização do aborto? Esta resposta merece uma explicação introdutória que saco de Ludwig von Mises em seu último discurso (Socialismo Vs Economia de Mercado):
Houve grupos que pensaram que eram seu direito e sua missão, usar o poder para forçar todas as outras pessoas à submissão. Houve muitas guerras deste tipo, guerras religiosas, em certas épocas, nas quais pessoas tentaram forçar um grupo de pessoas de diferentes religiões a submeter-se e a aceitar sua própria religião. Houve centenas e centenas de anos de batalhas relativas a tais questões. Finalmente, depois de tantas lutas e guerras, emergiu a idéia de que as pessoas são diferentes e que não é absolutamente necessário ter um estado de coisas no qual todas as outras pessoas sejam forçadas a comportar-se precisamente do modo que um certo ditador quer que elas se comportem. Então se desenvolveu o sistema de cooperação tal em que as pessoas podem cooperar porque são inclinadas às mesmas idéias. Não é necessário que as pessoas ajam precisamente no mesmo modo, comportem-se do mesmo modo e pensem do mesmo modo pelos quais outras pessoas fazem.
Com efeito, a visão liberal oferece a possibilidade de que pessoas de diversas concepções religiosas compreendam que podem melhorar de vida por adotarem o princípio da não-agressão como norma de conduta, sem necessariamente ter de abdicar de suas crenças - e isto inclui mesmo as ateístas. Segundo este critério, o liberalismo traz uma mensagem mais universal - e olhem - isto não está tão assim díspare do pensamento cristão.
Ocorre, entretanto, que há entre estes ateus, que não se crêem conservadores por não serem religiosos, embora eu mesmo conheça alguns conservadores ateus - ou até hipoteticamente entre os de alguma religião não-cristã - aqueles que se deixam levar pela idéia de validade do falacioso argumento de direito de independência da mãe sobre o seu corpo.
O liberalismo constitui-se em um sistema filosófico pautado pelo princípio da não-agressão, o que inclui a vida, a liberdade e a propriedade de alguém. Quem inicia agressão contra a propriedade alheia, rouba-lhe o passado; quem atenta contra a sua liberdade, toma-lhe o presente; e quem mata, interrompe o seu futuro.
Houve grupos que pensaram que eram seu direito e sua missão, usar o poder para forçar todas as outras pessoas à submissão. Houve muitas guerras deste tipo, guerras religiosas, em certas épocas, nas quais pessoas tentaram forçar um grupo de pessoas de diferentes religiões a submeter-se e a aceitar sua própria religião. Houve centenas e centenas de anos de batalhas relativas a tais questões. Finalmente, depois de tantas lutas e guerras, emergiu a idéia de que as pessoas são diferentes e que não é absolutamente necessário ter um estado de coisas no qual todas as outras pessoas sejam forçadas a comportar-se precisamente do modo que um certo ditador quer que elas se comportem. Então se desenvolveu o sistema de cooperação tal em que as pessoas podem cooperar porque são inclinadas às mesmas idéias. Não é necessário que as pessoas ajam precisamente no mesmo modo, comportem-se do mesmo modo e pensem do mesmo modo pelos quais outras pessoas fazem.
Com efeito, a visão liberal oferece a possibilidade de que pessoas de diversas concepções religiosas compreendam que podem melhorar de vida por adotarem o princípio da não-agressão como norma de conduta, sem necessariamente ter de abdicar de suas crenças - e isto inclui mesmo as ateístas. Segundo este critério, o liberalismo traz uma mensagem mais universal - e olhem - isto não está tão assim díspare do pensamento cristão.
Ocorre, entretanto, que há entre estes ateus, que não se crêem conservadores por não serem religiosos, embora eu mesmo conheça alguns conservadores ateus - ou até hipoteticamente entre os de alguma religião não-cristã - aqueles que se deixam levar pela idéia de validade do falacioso argumento de direito de independência da mãe sobre o seu corpo.
O liberalismo constitui-se em um sistema filosófico pautado pelo princípio da não-agressão, o que inclui a vida, a liberdade e a propriedade de alguém. Quem inicia agressão contra a propriedade alheia, rouba-lhe o passado; quem atenta contra a sua liberdade, toma-lhe o presente; e quem mata, interrompe o seu futuro.
Não há nenhuma razão para considerar um feto como um ser não-humano. Nenhum feto é pedra, vegetal, vírus ou bactéria. A vida do ser humano compreende as múltiplas formas que o seu corpo adquire ao longo da vida, e o fato de não respirar está incluso entre elas. Sendo assim, o ser em gestação é um inocente indefeso que necessita de proteção - isto é, da não agressão por parte de sua progenitora ou de quem mais externamente decida por sua morte.
Ademais, se tomarmos como modelo o conservadorismo norte-americano, então temos de entender, segundo o correto pronunciamento de alguém tão indubitavelmente conservador como o próprio presidente dos E.U.A., Ronald Reagan, de que se trata justamente do libertarianismo que, assentado naquela nação desde a sua independência, gerou uma tradição a ser "conservada", daí os "conservatives".
Do velho mundo, o conservadorismo gerou uma casta de nobres ressentidos com a ascensão burguesa que se uniu aos socialistas para derrubá-los e criar uma forma de socialismo que o filósofo e economista alemão Hans-Hermann Hoppe classificou justamente de "socialismo do conservadorismo" (Uma Teoria sobre o Socialismo e o Capitalismo - ver em nossa Livraria Virtual), consistente em leis de preços mínimos, alvarás, cotas de mercado e regulamentação sobre os produtos.
A rigor, a maior parte das pessoas, eu incluso, vão se situando em um ponto intermediário qualquer da linha que separa o liberalismo do conservadorismo. Nenhum sistema filosófico puro há de nos trazer todas as respostas, motivo pelo qual bater o pé por um rigor de um deles não passa de intransigente postura.
Por fim, apresento aos leitores o link da entidade denominada "libertarians for life", para demonstrar que a defesa pela legalização do aborto não faz parte dos princípios do liberalismo, mas da cabeça de algumas pessoas que aí encontraram uma muleta para as suas falaciosas concepções.
Nota aos leitores leigos: o termo em inglês equivalente a "liberal" é "libertarian", pois a palavra "liberal", foi sequestrada por correntes de esquerda justamente para obterem mais aceitação por parte do público.
Aristóteles dizia que a sabedoria estava no meio termo. Concordo, mas digo que quem fica em cima do muro em nada contribui com a sociedade. Não contribui porque não se posiciona sobre as mudanças colocadas pelos progressistas e, com a permissão dos "nulos", os progressistas, abortistas e socialistas vão impondo derramamentos de sangue à sociedade.
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