quarta-feira, 24 de agosto de 2011

CAPITAIS BRASILEIROS NO EXTERIOR (CBE) – Fonte BCB



BASE: Ano 2010

US$ Bilhões
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
68,6
72,3
82,7
93,2
111,7
152,2
197,2
212,0
223,2
274,6



I – Introdução

A pesquisa Capitais Brasileiros no Exterior (CBE) é realizada anualmente, desde o ano-base 2001, pelo Banco Central do Brasil. Seu objetivo é mensurar os estoques de ativos no exterior detidos por residentes na economia brasileira na posição de 31 de dezembro de cada ano. A declaração é obrigatória para pessoas físicas e jurídicas que detinham ativos no exterior, ao fim de cada ano-base, em montante igual ou superior a US$100 mil.

Os resultados do CBE permitem completar a contabilidade do total de ativos externos do Brasil, possibilitando, em conjunto com os passivos externos, a aferição da Posição Internacional de Investimentos (PII) que, integrada com o balanço de pagamentos, constituem as estatísticas fundamentais para a análise do setor externo da economia brasileira. Tais informações fazem parte do conjunto de dados obrigatórios para os países participantes do Padrão Especial de Disseminação de Dados (PEDD), iniciativa do Fundo Monetário Internacional (FMI) para ampliar a divulgação e transparência das estatísticas econômicas, que conta, em 2011, com 68 países participantes. Adicionalmente, os dados obtidos pelo CBE permitem ao país participar da Pesquisa Coordenada sobre Investimentos em Portfólio (Coordinated Portfolio Investment Survey, CPIS), da Pesquisa Coordenada sobre Investimentos Diretos (Coordinated Direct Investment Survey, CDIS), ambas anuais e realizadas pelo FMI, visando apurar os estoques globais de investimentos diretos e em carteira, bem como sua distribuição por país investido.

II – Declarantes

O número de declarantes ao CBE em 2010 aumentou de 18,6% em relação a 2009 e ultrapassou vinte mil, maior participação já registrada. Os números de declarantes pessoa física, 17.879, e pessoa jurídica, 2.191, aumentaram 19,3% e 13,3%, respectivamente. Em comparação ao primeiro CBE, em 2001, o número de declarantes aumentou 72,1%.

Em relação ao volume de ativos declarados, as pessoas jurídicas responderam por US$228,9 bilhões, 83,4% do total, enquanto as declarações de pessoas físicas totalizaram US$45,6 bilhões.

III – Resultados econômicos

O CBE apurou ativos totais de US$274,6 bilhões para o ano-base 2010, expansão de 23% em relação a 2009. Destacaram-se os investimentos brasileiros diretos no exterior (IBD), que atingiram US$189,2 bilhões, crescimento de 15% na mesma base de comparação. Os investimentos em carteira somaram US$37,6 bilhões, e os derivativos, US$797 milhões. Os outros investimentos totalizaram US$47 bilhões.

O estoque de IBD manteve a trajetória de expansão observada em todas as edições do CBE. A comparação com a primeira apuração do CBE, em 2001, mostra que o IBD, que naquele ano totalizara US$49,7 bilhões, mais que triplicou, evidenciando a sólida e acelerada internacionalização das empresas de capital brasileiro.

Em 2010, a participação direta de residentes no capital de empresas no exterior, parcela do IBD que reflete a efetiva participação do investidor na gestão do empreendimento, somou US$169,1 bilhões, crescimento de 27,7% na comparação com 2009. As participações no capital corresponderam a 89,3% do IBD no ano, proporção maior que a registrada no ano anterior, 80,5%. A maior parte dos ativos dessa natureza é de propriedade de investidores de grande porte. Do total do estoque de IBD – participação no capital, US$116 bilhões, equivalentes a 68,6% do total apurado na data-base, referem-se a ativos de residentes que possuem acima de US$1 bilhão investido no exterior. Da mesma maneira, as empresas investidas no exterior são, em sua maioria, de grande porte, com participações individuais de investidores brasileiros em montante superior a US$1 bilhão, totalizando US$97,9 bilhões, 57,9% do total.

O estoque de IBD – participação no capital concentra-se em atividades de extração de minerais metálicos, 27,4% do total, e em serviços financeiros e atividades auxiliares, 38,2%. Relativamente à distribuição geográfica desses investimentos no exterior, destaque-se a Áustria, país no qual foram investidos 21,9% do estoque total. Os paraísos fiscais permanecem como importante destino do IBD, ressaltando as Ilhas Cayman, 17,4%; Ilhas Virgens Britânicas, 8,7%; e Bahamas, 7,3%. Em seguida, os ativos nos Estados Unidos, 7,8%; Países Baixos, 6,4%; Dinamarca, 5,5%; e Espanha, 5,3%.

Os empréstimos intercompanhia, que compreendem os créditos concedidos a subsidiárias e filiais no exterior na forma de empréstimos e financiamentos de bens e serviços e compra de títulos emitidos por essas coligadas e que, juntamente com a participação no capital, compõem o total do IBD, registraram retração de 37,2% e atingiram US$20,2 bilhões ao final de 2010, dos quais US$15,6 bilhões de longo prazo e US$4,6 bilhões de curto prazo.

Os investimentos brasileiros em carteira no exterior totalizaram US$37,6 bilhões, incremento de 127,8% em relação a 2009. Os investimentos em ações registraram elevação de 70,5%, totalizando US$14,7 bilhões, dos quais US$6,5 bilhões aplicados em Brazilian Depositary Receipts (BDR). Em relação à distribuição geográfica desses investimentos, os Estados Unidos responderam por 22,9% do investimento em ações. Bermudas e Espanha foram os outros principais destinos, com participações respectivas de 21,1% e de 20,9%.

Os investimentos brasileiros em títulos de renda fixa no exterior registraram aumento de 190,7% na comparação com 2009, totalizando US$22,9 bilhões, compostos por US$8,4 bilhões em papéis de longo prazo e US$14,5 bilhões, de curto prazo. Em relação aos títulos de renda fixa de longo prazo, o principal destino do investimento brasileiro foram os Estados Unidos, 32%, seguido de Dinamarca, Gibraltar e Espanha, respectivamente, 30,2%, 15,6% e 7,5%. Os investimentos brasileiros em papéis de curto prazo concentram-se nos Estados Unidos, 86,1%.

Os outros investimentos totalizaram US$47 bilhões em 2010, aumento de 12,4% comparativamente ao ano anterior. Os recursos mantidos no exterior na forma de moeda estrangeira e depósitos totalizaram US$26,9 bilhões. Os depósitos situaram-se principalmente nos Estados Unidos, 42,9%, seguido de Reino Unido e Ilhas Cayman, respectivamente, 16,1% e 13,9%. Os empréstimos a não residentes, excetuados os créditos entre empresas ligadas, somaram US$13,4 bilhões, sendo sua quase totalidade, US$13,3 bilhões, composta de operações de longo prazo. Os outros ativos no exterior somavam US$6,6 bilhões.

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.

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