Suprema idiotia intervencionista: lei de Belém obriga livros nacionais em ônibus coletivos!
Por Klauber Cristofen Pires
A idiotice nacional já passou do ponto, digo, da parada. Acabei de ler uma mensagem encaminhada pelo meu amigo Luiz Fernando Vaz citando uma nova lei em Belém que obriga os empresários de ônibus coletivos de Belém a disponibilizarem livros de autores nacionais para a leitura pelos passageiros.
Vamos falar um pouco sobre o sistema viário público de Belém. Para uma cidade situada às proximidades da linha do Equador, mesmo o leitor de outras regiões mais temperadas pode prever o que seja entrar em um coletivo cujas janelas que abrem são frequentemente apenas as da metade superior. Agora imagine ler em um veículo que além de quente, é extremamente ruidoso, sacoleja mais do que as cadeiras da baiana, encontra-se as mais das vezes superlotado e é conduzido por motoristas cuja educação fazem do incrível Hulk um "emo"... Como postou a minha amiga Celina Vieira, "leitura em ônibus é sinônimo de vômito no cangote do passageiro da frente".
Porém, a coisa não pára por aí. A área central de Belém está situada em uma península e o fato de não existir um plano eficiente de distribuição das linhas faz com que os coletivos das diferentes origens aglomerem-se nas poucas vias principais disponíveis. Da mesma forma, as paradas nestas áreas centrais também não obedecem a um esquema eficaz de distribuição e graças à mais absoluta falta de profissionalismo por parte dos condutores os passageiros são obrigados a transitar (e às vezes correr) para disputá-los com seus concidadãos. Há poucas paradas com proteção contra sol e chuva e todo santo dia há veículos quebrados em algum ponto da cidade.
Em resumo: estamos falando do exemplo mais nítido de tudo o que o transporte urbano NÃO deve ser. Porém, com o quê se preocupam os vereadores? Com a disponibilizaçao de livros, e vejam bem (!), têm de ser de autores nacionais! Ohhh...
Como a notícia realmente está bem fresquinha, eu procurei o teor do texto da nova lei nos sites da Câmra e da Prefeitura e não o encontrei. Pouco mal faz. Só queria saber se pela sua redação algumas perguntas poderiam ser respondidas: Onde os livros estarão disponibilizados? Em alguma espécie da prateleira? Não vislumbro nenhum espaço para tal fim. Quem há de controlar a entrega e a devolução dos mesmos? Ou será que serão amarrados a correntinhas? Quem há de pagar por este serviço extra? Serão as empresas que terão de adquiri-los ou virá dos cofres da Prefeitura?
Seja a Prefeitura ou os empresários, eles são apenas intermediários. Quem acabará arcando de fato com o custo extra de tal medida é o cidadão ou o usuário, seja por meio dos impostos ou por meio do aumento da tarifa. É sobre eles que a repercussão econômica da medida acabará por impor-se, finalmente.
Ademais, outros incômodos também são previsíveis e igualmente, geradores de custos extras: será que é possível vislumbrar atrasos nas paradas porque Fulano tem de devolver o livro, ou porque Ciclano o danificou, ou simplesmente porque as pessoas que têm de sair da frente dos passageiros que precisam descer estão lá lendo, adquirindo cultura e atravancando a passagem?
No Brasil, estatísticas apontam que os estudantes mal chegam a ler dois livros por ano. No países mais adiantados, usualmente lêem mais de quarenta. Se não lêem nos estabelecimentos de ensino e em casa, vão fazê-los nos lotados, aquecidos, barulhentos e sacolejantes coletivos nacionais? Fala sério....
Também cabe perguntar: Quem vai escolher os livros a ser disponibilizados? 'Cartilha de partido' vai entrar na listinha?...
ResponderExcluirEssa vereadora anda de ônibus?
ResponderExcluirMachado de Assis qeu n vão colocar pro povo ler... se eu ler em ônibus vomito.
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