“You're
all a bunch of socialists”-Mises
Gustavo
Miquelin Fernandes
Recentemente,
foi fechado um enlace pra lá de amistoso entre Marina Silva e
Eduardo Campos, ou entre PSB e a famigerada e populista Rede.
A
esquerdista Marina Silva representa um grande capital eleitoral,
tendo galgado expressiva votação nas eleições gerais de 2010.
Representa, sem traço de dúvida, peso considerável no xadrez
eleitoral vindouro.
Tida
como religiosa, o que atrai voto; boa-moça, que também contribui
com a estratégia; ambientalista politicamente correta e uma
reformista do tradicionalismo nacional: um perfil notadamente de
político profissional e que certamente redundará em preocupação
para a máfia governista, de Dilma Rousseff e os
ainda-todos-poderosos Lula e Zé Dirceu.
A
militância petista foi desde já convocada a trabalhar pelo
esmaecimento dessa boa imagem da provável candidata a vice, ou
talvez a presidente. Esperem, para os próximos meses, maciço uso de
nosso dinheiro para financiar blogueiros e sites chapas-brancas que
já fazem campanha pró-Governo. Pelo menos do lado deles a corrida
já começou.
A
um primeiro momento, e com um pensamento de viés mais pragmático,
essa aliança selada, de “tudo ou nada”, de desbanque é
auspiciosa e talvez possa frutificar.
Conforme
escrevi no artigo intitulado “O inimigo é o PT”: nada pode ser
pior que esta sigla, o que reitero. Talvez um PSOl ou um PSTU, mas
duvido seriamente que brasileiro seja tão incapacitado para endossar
tais patacoadas. O mínimo de coerência existencial, o mínimo
mesmo, o povo ainda deve ter.
Mas
convém fazer análise um tanto mais estratégica do ato. Não como
especialistas mas como observadores atentos do cenário dito
democrático que supostamente estamos inseridos – e que eu sempre
levantei sérias dúvidas.
Marina
silva tem alma petista, diz que não trairia Lula, tem carinho enorme
pelo senhor do mensalão. Mau indício, evidentemente. O que a coloca
imediatamente sob o manto da franca suspeita, ao contrário de todo
seu discurso atualizatório e da entrada de suposto elemento “novo”
na política nacional. De novo não tem nada. Talvez a única
diferença entre Marina e a senhora Rousseff seria meramente de
estilo administrativo e pequenezas gerenciais e, penso, uma
disposição mais concreta em deixar o poder, cumprimento a
rotatividade que o sistema democrático reclama, em países sérios.
Marina
Silva, contudo, não nos esqueçamos é uma Heloísa Helena soft.
Lembro-me
em 2010, dizendo que era favorável ao plebiscito em relação ao
aborto. Outro péssimo indício. Líder não joga pra platéia. Vai
e decide, sem querer empregar populismos fugidios ou perder votos com
o povão. Não que seja necessário ser autoritário, mas pelo menos
que defenda suas ideias com clareza e necessária transparência.
Não
nos enganemos: Marina bebeu em fontes erradas e, intoxicada desse ar
que o Brasil respira há algumas dezenas de anos, jamais seria um
alternativa de fato. Antes um mal pior. Temos que reconhecer isso.
Não cabe messianismo de nenhuma sorte em Política. Ainda mais a
brasileira, que é caótica, incompreendida, subentendida, pouco
estudada e totalmente mistificada pela ideologia dominante, pelo
ambiente universitário e pela mídia e imprensa pagas pelo Governo.
Marina
é conhecida pelo seu discurso ambiental, espécie do gênero
coletivista, travestido de politicamente correto, que é
aparentemente angelical, mas essencialmente demoníaco. Em gênese,
viciado por suas próprias falsidades. O mote central, nesse ramo, é
o aquecimento global - que inexiste. Não há estudos sérios que
evidenciam-no - e o único que apontava nessa direção foi revelado
como um embuste, um acerto mentiroso entre os técnicos do conhecido
Painel intergovernamental, demonstrando a farsa.
Marina
é esquerdista, não só pelo ambientalismo catastrófico, mentiroso
e sonhador mas com relação as suas postura com relação à ciência
econômica. Uma guinada de racionalidade não seria, ao que parece
liminarmente, impingida por um seu Governo.
Não
obstante, a agenda que ela risca e prega é deveras atraente e
agregadora, atraindo, sobretudo, os jovens.
Fato
é que o politicamente correto, o verdismo e congêneres atraem os
bens intencionados, idealistas utópicos que são – ávidos por
soluções mágicas e rápidas para curar toda a doença da
Humanidade.
É
uma estratégia de congregação de militância e arrebatamento de
votos com toda certeza. Mas em essência e se utilizando do
pensamento longo-prazista representa o mesmo status
quo que a ex-petista diz combater – o
“chavismo do PT”, conforme declarou – seu partido do coração.
Vale
ainda a opção do “menor pior”, insisto. Se for pra defenestrar
a quadrilha petista que votemos até em Sarney e Collor. Mas fica o
alerta, tal opção é penosamente pragmática. Baseada na
necessidade premente de interromper um projeto de poder psicopático
e permitir que a Democracia respire ainda que por breve tempo.
O
Brasil já é uma ditadura. E pior, em tese, que a de 64, já que
naquela época a ambiência era tida como regime de exceção e hoje,
se diz, vivemos em Estado Democrático de Direito. Uma constatação
severamente viciada – que não permite análises e estudos
posteriores e que necessitam, para serem iniciados, dessa premissa.
Há
alternativas melhores, sem dúvida – não sei ainda se viáveis.
Mas o fato é que tal noticia ganhou os holofotes e rendeu grossa
audiência.
Não
podemos pensar em soluções salvadoras, mas começar pela detecção
honesta dos problemas é grande passo para um país que se pretenda
sério. E esses esquerdistas, tais como Campos, Marina, Aécio não o
fizeram ainda, nem o farão.
A
pauta ótima seria a elevação da produtividade, desburocratização,
reordenação das funções do Estado, agilidade da máquina estatal,
reformas estruturais e valorização do indivíduo (através da
educação, da alta cultura e do ambiente democrático onde possa
livre e verdadeiramente se expressar).
Nada
disso está em discussão. Apenas coisas menores, prosaicas, sem
importância real, dignas de debates ao estilo socialista.
Ficamos,
pesarosos, entre “mensalões” como moedas de troca e coqueiros e
canarinhos bem tratados.
Ao
indivíduo, o que sobrar...