segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Entre Mensalões e Coqueiros

You're all a bunch of socialists”-Mises
Gustavo Miquelin Fernandes
Recentemente, foi fechado um enlace pra lá de amistoso entre Marina Silva e Eduardo Campos, ou entre PSB e a famigerada e populista Rede.
A esquerdista Marina Silva representa um grande capital eleitoral, tendo galgado expressiva votação nas eleições gerais de 2010. Representa, sem traço de dúvida, peso considerável no xadrez eleitoral vindouro.

Tida como religiosa, o que atrai voto; boa-moça, que também contribui com a estratégia; ambientalista politicamente correta e uma reformista do tradicionalismo nacional: um perfil notadamente de político profissional e que certamente redundará em preocupação para a máfia governista, de Dilma Rousseff e os ainda-todos-poderosos Lula e Zé Dirceu.
A militância petista foi desde já convocada a trabalhar pelo esmaecimento dessa boa imagem da provável candidata a vice, ou talvez a presidente. Esperem, para os próximos meses, maciço uso de nosso dinheiro para financiar blogueiros e sites chapas-brancas que já fazem campanha pró-Governo. Pelo menos do lado deles a corrida já começou.
A um primeiro momento, e com um pensamento de viés mais pragmático, essa aliança selada, de “tudo ou nada”, de desbanque é auspiciosa e talvez possa frutificar.
Conforme escrevi no artigo intitulado “O inimigo é o PT”: nada pode ser pior que esta sigla, o que reitero. Talvez um PSOl ou um PSTU, mas duvido seriamente que brasileiro seja tão incapacitado para endossar tais patacoadas. O mínimo de coerência existencial, o mínimo mesmo, o povo ainda deve ter.
Mas convém fazer análise um tanto mais estratégica do ato. Não como especialistas mas como observadores atentos do cenário dito democrático que supostamente estamos inseridos – e que eu sempre levantei sérias dúvidas.
Marina silva tem alma petista, diz que não trairia Lula, tem carinho enorme pelo senhor do mensalão. Mau indício, evidentemente. O que a coloca imediatamente sob o manto da franca suspeita, ao contrário de todo seu discurso atualizatório e da entrada de suposto elemento “novo” na política nacional. De novo não tem nada. Talvez a única diferença entre Marina e a senhora Rousseff seria meramente de estilo administrativo e pequenezas gerenciais e, penso, uma disposição mais concreta em deixar o poder, cumprimento a rotatividade que o sistema democrático reclama, em países sérios.
Marina Silva, contudo, não nos esqueçamos é uma Heloísa Helena soft.
Lembro-me em 2010, dizendo que era favorável ao plebiscito em relação ao aborto. Outro péssimo indício. Líder não joga pra platéia. Vai e decide, sem querer empregar populismos fugidios ou perder votos com o povão. Não que seja necessário ser autoritário, mas pelo menos que defenda suas ideias com clareza e necessária transparência.
Não nos enganemos: Marina bebeu em fontes erradas e, intoxicada desse ar que o Brasil respira há algumas dezenas de anos, jamais seria um alternativa de fato. Antes um mal pior. Temos que reconhecer isso. Não cabe messianismo de nenhuma sorte em Política. Ainda mais a brasileira, que é caótica, incompreendida, subentendida, pouco estudada e totalmente mistificada pela ideologia dominante, pelo ambiente universitário e pela mídia e imprensa pagas pelo Governo.
Marina é conhecida pelo seu discurso ambiental, espécie do gênero coletivista, travestido de politicamente correto, que é aparentemente angelical, mas essencialmente demoníaco. Em gênese, viciado por suas próprias falsidades. O mote central, nesse ramo, é o aquecimento global - que inexiste. Não há estudos sérios que evidenciam-no - e o único que apontava nessa direção foi revelado como um embuste, um acerto mentiroso entre os técnicos do conhecido Painel intergovernamental, demonstrando a farsa.
Marina é esquerdista, não só pelo ambientalismo catastrófico, mentiroso e sonhador mas com relação as suas postura com relação à ciência econômica. Uma guinada de racionalidade não seria, ao que parece liminarmente, impingida por um seu Governo.
Não obstante, a agenda que ela risca e prega é deveras atraente e agregadora, atraindo, sobretudo, os jovens.
Fato é que o politicamente correto, o verdismo e congêneres atraem os bens intencionados, idealistas utópicos que são – ávidos por soluções mágicas e rápidas para curar toda a doença da Humanidade.
É uma estratégia de congregação de militância e arrebatamento de votos com toda certeza. Mas em essência e se utilizando do pensamento longo-prazista representa o mesmo status quo que a ex-petista diz combater – o “chavismo do PT”, conforme declarou – seu partido do coração.
Vale ainda a opção do “menor pior”, insisto. Se for pra defenestrar a quadrilha petista que votemos até em Sarney e Collor. Mas fica o alerta, tal opção é penosamente pragmática. Baseada na necessidade premente de interromper um projeto de poder psicopático e permitir que a Democracia respire ainda que por breve tempo.
O Brasil já é uma ditadura. E pior, em tese, que a de 64, já que naquela época a ambiência era tida como regime de exceção e hoje, se diz, vivemos em Estado Democrático de Direito. Uma constatação severamente viciada – que não permite análises e estudos posteriores e que necessitam, para serem iniciados, dessa premissa.
Há alternativas melhores, sem dúvida – não sei ainda se viáveis. Mas o fato é que tal noticia ganhou os holofotes e rendeu grossa audiência.
Não podemos pensar em soluções salvadoras, mas começar pela detecção honesta dos problemas é grande passo para um país que se pretenda sério. E esses esquerdistas, tais como Campos, Marina, Aécio não o fizeram ainda, nem o farão.
A pauta ótima seria a elevação da produtividade, desburocratização, reordenação das funções do Estado, agilidade da máquina estatal, reformas estruturais e valorização do indivíduo (através da educação, da alta cultura e do ambiente democrático onde possa livre e verdadeiramente se expressar).
Nada disso está em discussão. Apenas coisas menores, prosaicas, sem importância real, dignas de debates ao estilo socialista.
Ficamos, pesarosos, entre “mensalões” como moedas de troca e coqueiros e canarinhos bem tratados.
Ao indivíduo, o que sobrar...