Por Jordânio Ribeiro
Minha
relação com a Márcia já extrapolou 4 anos: mulher dinâmica, responsável,
honesta, trabalhadeira, além do enorme senso de humor. Afora um e outro pequeno
aborrecimento típico desse tipo de relação – uma camisa queimada, uma outra
peça manchada por água sanitária – nada grave do que me queixar.
Márcia
é minha empregada doméstica (recuso-me a usar o eufemismo “minha secretária”,
pois acho que seria o caso de vergonha alheia descabida e também não solicitada,
mas, em tempos de praga do politicamente correto...). Márcia é casada com Tadeu,
que é pedreiro de mão-cheia (já fez vários bicos lá em casa) e trabalha numa
construtora. Vocês precisam ver a casa deles – pequena, é bem verdade, mas de
muito bom gosto e muito bem cuidada – casa de pedreiro caprichoso e doméstica
diligente.
Como
bom cristão – os bons “cristãos” entenderão (e como há ateus ocidentais bons “cristãos”!)
– permito..., ou melhor, digamos que a Márcia conquistou alguns privilégios:
uma média de 6 horas/dia, folga aos sábados (além dos domingos e feriados, claro),
horário flexível,... um e outro “agrado” aqui, acolá.
Márcia
tem orgulho de ter carteira assinada (após o 3º mês de prestação de serviços,
diga-se de propósito, sob severas insistências minhas, pois ela não queria se
desvincular da famigerada Bolsa Família), disso não tenho dúvidas. Não
afirmaria que tem orgulho também de ser empregada doméstica, mas duvido igualmente
se trocaria, pela mesma remuneração, por 44 horas semanais numa entidade
empresarial.
Direto
ao ponto: todo mês, acumulo (poupo). Caso assinasse a carteira de Márcia com 2
salários mínimos (é de fato 1 salário mínimo), continuaria acumulando (poupando)
mesmo assim (claro, seria 1 salário mínimo a menos). Por favor, não pensem que
por isso me sinto menos humano do que a galera do Greenpeace ou menos cristão
do que Georgio Bergolio. Muito pelo contrário:
também por isso, vou dormir todos os dias muito bem em paz com os meus valores
judaico-cristão-ocidentais, ou, pra encher o saco dos socialistas, com meus
valores de “pequeno burguês”.
Esse
arremedo de texto nasceu de um diálogo com um amigo socialista (risadas),
quando numa certa altura em que ele pregava valores bem acima dos valores de um
bom “cristão”, eu o interrompi e disse: “FAÇA ESSE SOCIALISMO PRIMEIRO EM SUA
CASA, DEPOIS, LEVE-O PARA SEU VIZINHO E PARA A NAÇÃO E O MUNDO”.
Lanço
aqui agora o mesmo desafio: doravante só levarei a sério um socialista se ele
provar que sacrifica a acumulação pela distribuição a partir do seu quintal (mas
tem que provar mesmo, só bravata não cola, só acredito se eu vir a “carteirinha”
assinada)!
Não se enganem! Hoje em
dia não existe nada mais social do que dar emprego para alguém (privado, não
uma teta no governo com dinheiro dos outros): EMPRESÁRIOS (aqueles que não
recebem o Bolsa-BNDES) são muito mais “socialistas” dando emprego do que
qualquer desses socialistas metido a salvador do mundo!
jordanio ribeiro - Perito Criminal
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