O que significa a vitória da extrema esquerda grega?
O partido Syriza, de extrema-esquerda, venceu as eleições legislativas na Grécia ontem com bandeira anti-austeridade, anti-União Europeia e extremamente interventora na economia. Como é um país parlamentarista, o partido indicou o Primeiro-Ministro, novo chefe de governo do país. Por que isso aconteceu e quais as conseqüências dessa eleição?
Não podemos descolar essa análise da realidade político-econômica da Grécia pré-crise. Ao entrar na União Europeia, recebeu maciços investimentos em infra-estrutura através do Estado, contabilizando esses recursos como dívida pública. Além disso, um maciço Estado de bem-estar social gerou outra grande dívida pública. Isto ocorre porque promessas políticas são de graça na hora de falar, mas custam dinheiro na hora de fazer. Foi uma opção política da Grécia recorrer a empréstimos para bancar seu assistencialismo, já que sua economia não gerava recursos suficientes para este fim. Só que todo empréstimo, um dia, precisa ser pago.
Quando a Grécia atingiu níveis absurdos de endividamento, a fonte secou e os investidores não tiveram mais interesse em refinanciar essa dívida, sendo necessária uma intervenção do FMI, exigindo que os direitos sociais fossem reduzidos e políticas de austeridade implementadas, para que crédito fosse disponibilizado novamente para os helênicos.
O problema das políticas de austeridade é que ninguém quer pagar a conta depois da farra de gasto público promovido. Isso ocorre na Grécia, no Brasil e em todo o mundo. Aqui mesmo, após os anos de gasto desenfreado dos governos PT, algumas poucas medidas de austeridade, e mesmo assim enviesados com muito aumento de impostos e pouco corte de gastos, já tem sido base de uma grita de toda a sociedade.
Dentro desse cenário, a vitória do Syriza não é de se espantar. É evidente que foram políticas de esquerda que levaram a Grécia para o estado lastimável em que se encontra, mas o marketing dos partidos de esquerda culpando o capitalismo pelos problemas é muito eficiente, e as populações acabam optando por políticas interventoras para tentar consertar problemas de políticas interventoras. Certamente é uma fórmula que não dará certo.
Especialmente dentro da realidade de propostas do Syriza. A se confirmar uma moratória e a estatização da maior parte da economia grega, imediatamente o peso das dívidas nas contas públicas é jogado fora, o que dará fôlego ao Governo grego, mas aquilo que criou a dívida em primeiro lugar é reforçado e aprofundado. Como o Syriza irá pagar por rede assistencialista, SUS grego, transporte público gratuito e outras “benesses”? Somente três alternativas serão possíveis: (i) aumento exponencial dos impostos gregos, o que vai oprimir a criação de riqueza do país; (ii) expansão da base monetária, pagando gastos públicos com hiperinflação; ou (iii) com empréstimos. Essa última parte, que foi a solução de outrora, não poderá ser aplicada, pois ninguém irá emprestar dinheiro para um país caloteiro, restando apenas inflação e impostos para bancar os devaneios esquerdistas de pessoas que não entendem a lição mais básica da economia: vivemos em um mundo de escassez.
No longo prazo, esse modelo claramente não se sustentará. Mas para que se preocupar com isso, afinal, no longo prazo, todos estaremos mortos, certo?
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