por Peter St. Onge
As revoluções de esquerda certamente são uma das maiores armadilhas da história. Elas conseguiram ludibriar tanto os intelectuais que ansiaram e agitaram pela revolução armada (daí seu ávido desejo de desarmar o cidadão comum) quanto os próprios "pobres e oprimidos", ambos os quais, em vez da prometida utopia anticapitalista, ganharam apenas campos de concentração.
Durante e Revolução Francesa, um jornalista fez a observação de que as "revoluções matam seus rebentos". Isso é apenas parcialmente verdade. A realidade é que as revoluções matam também seus idealizadores.
Mais especificamente, as revoluções de esquerda ocorridas ao longo da história mataram todos os intelectuais de esquerda que as fomentaram e as fizeram acontecer.
E quando eu digo "revoluções de esquerda", refiro-me a revoluções que explicitamente almejavam utilizar o poder do governo para reformular toda a sociedade. Recriar uma sociedade com o intuito de torná-la uma versão real de um modelo que foi idealizado como "justo" é uma proposta que sempre seduziu intelectuais e os demais proponentes dessa utopia.
Mas também é fato que em todas essas revoluções reformistas os intelectuais eram apenas o prato de entrada. A história mostra que todas as revoluções reformistas vão direto para o prato principal: os "pobres e oprimidos" e as "minorias", ambos os quais eram considerados os mais ardorosos defensores da revolução.
Todas as revoluções de esquerda ocorridas no século XX seguiram esse padrão: paridas por intelectuais utópicos, o poder é rapidamente tomado por demagogos que sabem apelar aos instintos mais primitivos do cidadão comum. Mesmo nos lugares mais "civilizados" — como a República de Weimar, na Alemanha, ou a Cuba da década de 1950, que era aonde os ricos e famosos iam se divertir — esses demagogos recém-coroados não hesitaram em enviar todos os intelectuais, os pobres e os "pervertidos" para campos de reeducação, onde foram torturados, mortos e pendurados em postes de iluminação.
Intelectuais radicais que são sustentados com o dinheiro dos pagadores de impostos para fazer proselitismo de ideologias violentas estão, literalmente, brincando com fogo.
Mao Tsé-Tung famosamente se gaba de ter "enterrado vivos 46.000 intelectuais", o que significa que ele enviou todos eles para campos de concentração, onde eles ficariam calados e morreriam de fome.
O radical movimento comunista de Pol Pot (o Khmer Vermelho) executou intelectuais aos milhares, chegando ao ponto de ter como alvo qualquer pessoa que usasse óculos.
Até mesmo aquele regime que ainda é visto como "bacana", o de Fidel Castro, criou campos de concentração para homossexuais.
Já a União Soviética tornou a homossexualidade uma prática ilegal por mais de 50 anos, fazendo com que o atual regime de Putin, que proíbe marchas LGBT, seja um parque de diversões em comparação.
A maior ironia de todas, dado o seu estrelato alcançado no meio universitário, é que o herói dos radicais, Che Guevera, pessoalmente — e com grande regozijo — executou vários homossexuais, os quais ele assumidamente detestava. E ele fez isso ao mesmo tempo em que criava toda uma rede de campos de concentração ao longo de Cuba para torturar gays e efeminados com o intuito de fazê-los renunciar às suas "perversões malévolas", as quais eram vista como o produto do capitalismo moralmente corrosivo.
[Nota do IMB: o trecho a seguir foi retirado do site Grupo Gay da Bahia:
Em 1959, ao tomar o poder em Cuba, Fidel declarou que "um homossexual não pode ser um revolucionário". Em 1965, Fidel e Che Guevara criam as Unidades Militares de Ajuda à Produção, acampamentos de trabalho agrícola em regime militar, com cercas de 4 metros de arame farpado, onde os homossexuais e outros "marginais" realizavam trabalho forçado nos canaviais, com até 16 horas de trabalho forçado, em condições desumanas muito semelhantes aos campos de concentração nazistas.
Inúmeros artistas e escritores homossexuais foram perseguidos nesta ocasião: Virgílio Piñera, Lezama Lima, Gallagas, Anton Arrulat, Ana Maria Simo, inclusive o poeta norte-americano Alien Ginsberg, expulso por ter divulgado que era rumor permanente em Cuba e no exterior que o irmão de Fidel, Raul Castro, era homossexual enrustido.Outro jornalista gay a ser perseguido foi Allen Young, que de garoto propaganda da revolução cubana, tornou-se persona non grata ao denunciar a crueldade da homofobia nesta ilha.]
Por que as revoluções reformistas gostam de executar tanto os intelectuais de esquerda que as apoiaram quanto os próprios "grupos vulneráveis" tão adorados pelo coração esquerdista? Porque o poder tem a sua própria lógica. Porque todo governo que se mantém na base da violência tem de estar constantemente atento a toda e qualquer eventual ameaça. E isso significa que ele tem de apelar aos mais baixos instintos das massas. Se as massas odeiam gays, judeus ou intelectuais, então o governo revolucionário saciará esse desejo, e enviará gays, judeus e intelectuais para os gulags. Aquilo que o populacho abomina, o governo onipotente também irá abominar.
E por que os intelectuais se negam a enxergar esse horrendo padrão? Presumivelmente, eles sempre têm a esperança de que "dessa vez será diferente", e que os universitários radicais e seus políticos de estimação irão poupá-los e ser mais contidos. Se a história nos serve de guia, isso não ocorrerá. Em vez disso, a revolução defendida por eles será mais uma vez "corrompida" por populistas e transformada em seu pior pesadelo: uma revolução que é anti-intelectual, anti-gay, racista e anti-semita. Não importa quão pura seja o ideário de uma revolução: a história mostra que é nisso que ela vai descambar.
A esquerda politicamente correta, que gosta de incentivar revoluções, pensa que é capaz de controlar as massas enfurecidas. Doce ilusão. Ela será a primeira a ser enviada aos campos de concentração.
Peter St. Onge é pesquisador temporário do Mises Institute e professor assistente da Fengjia University College of Business, em Taiwan. Seu blog é Profits of Chaos.
Matéria extraída do website do Instituto Ludwig von Mises Brasil
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