Que caminho
escolher?
“Se um autor escrevesse apenas para a sua época, eu
teria que quebrar minha caneta e jogá-la fora.”
(Victor Hugo)
"O declínio da liberdade de um país, é o declínio da sua prosperidade"
Ayn Rand
Produzi
durante muitos anos artigos em jornal paraense mostrando a verdadeira face da
Amazônia, da Amazônia discriminada, saqueada e traída, resultado de mentes medíocres
responsáveis pela estagnação cruel da região. No presente, salvo durante a
gestão do presidente Castelo Branco, a discriminação, o saque e a traição
tiveram continuidade representadas por uma política pública que impede o seu
desenvolvimento, potencializa a cobiça indígena construída por americanos e
ingleses objetivando a tomada da região sem violência, pacificamente.
Meu
interesse pela Amazônia, como autêntico amazônida foi estudá-la e entender por
que uma região tão rica sempre teve dificuldade de se desenvolver, e por que
sempre foi uma região enjeitada pela elite política e econômica brasileira
centrada no sudeste, estudo que me levou a conhecer melhor governantes,
políticos e brasileiros. Em toda minha vida defendi o homem liberto, impulsionado
políticas econômicas compatíveis com o capitalismo laissez-faire, o que permite ao homem liberto construir empresas e
desenvolver nações ricas.
Nesse caminhar exerci a profissão de economista,
empresário e pesquisador, o que me propiciou obter uma visão ampla da realidade
brasileira, especialmente a amazônica, e consolidar minha crença na liberdade
do homem como fundamento do desenvolvimento e da qualidade de vida. Nos nossos
dias tem destaque no seio dos jovens a questão do comportamento, da liberdade
de escolher e dirigir suas vidas, o que nos leva as questões de ordem sexual e
da droga, esta segundo estudiosos precisando de regulamentação como caminho
para resolver inúmeros problemas sociais, sexuais e criminais. Ora, se está em
voga à questão do comportamento, mais do que nunca a questão da liberdade de
ação do homem é fundamental para a escolha do modelo econômico e político.
Continuo
estudando, lendo e pesquisando, o que me levou a ler muitos pensadores, filósofos,
economistas, historiadores e romancistas com destaque para uma figura
extraordinária - Ayn Rand, russa, nascida em São Petersburgo, na antiga União
Soviética czarista, que teve, ainda jovem, a infelicidade de presenciar o
confisco do estabelecimento comercial de seu pai pelos comunistas, o que levou
a sua família a passar fome. Impressionada com as aulas de história americana
passou a considerar os Estados Unidos o modelo de nação em que os homens
poderiam ser livres, princípio presente em todas suas obras. Rand defende a
escola do romantismo inexistente em nossos dias; mas, segundo ela, o romantismo
é a escola conceitual de arte, pois trata não das banalidades do dia a dia, mas
das questões e dos valores eternos, fundamentais e universais da existência
humana. Preocupa-se, enfatiza – nas palavras de Aristóteles – não com as coisas
como são, mas com as coisas como poderiam e deveriam ser.
Nunca houve uma época em que os
brasileiros precisassem tão desesperadamente de uma perspectiva das coisas como
elas deveriam ser. Seguindo o pensamento de Ayn Rand, apesar de desprezarmos os
atuais detentores do poder no Brasil, não podemos abandonar o país para aqueles
que desprezamos. O homem, no entender de Rand é o produto de suas premissas. Na
sua visão, “nem a política nem a moralidade nem a filosofia são fins em si
mesmas, nem na vida nem na literatura. Só o Homem é um fim a si mesmo.” Destaque
da inteligência e criatividade de Rand, destacada do livro ‘A Nascente’: “Da
mais simples necessidade até a mais complexa abstração religiosa, da roda ao
arranha-céu, tudo o que somos e tudo o que temos vem de um único atributo do
homem – a capacidade de sua mente racional”. Receosa que fosse mal interpretada
Rand esclareceu na apresentação de seu livro que não se referia à religião em
particular, mas à categoria especial de abstrações, das quais a mais exaltada,
durante séculos, havia sido um monopólio quase absoluto da religião: a ética –
não o conteúdo específico da ética religiosa, mas a ‘ética’ como abstração, o universo
dos valores, o código do bem e do mal do Homem, com as conotações emocionais de
elevação, enaltecimento, nobreza, reverência, grandiosidade que pertencem ao
universo dos valores do Homem, mas dos quais a religião se apropriou. O
monopólio da religião, explica Rand, no campo da ética torna extremamente
difícil comunicar o significado emocional e as conotações de uma visão de vida
racional.
Assim como a religião tomou conta do campo da ética, voltando a
moralidade contra o Homem, ela também usurpou os conceitos morais mais elevados
de nossa linguagem, posicionando-os fora da Terra e fora do alcance do Homem. A
‘exaltação’ é normalmente entendida como um estado emocional evocado pela
contemplação do sobrenatural. ‘Veneração’ significa experiência emocional de
lealdade e dedicação a algo mais elevado que o Homem. ‘Reverência’ significa a
emoção de um respeito sagrado, que deve ser sentida de joelhos. ‘Sagrado’
significa superior e separado de qualquer interesse do Homem nesta Terra. Rand
adverte para não confundir ‘veneração pelo Homem’ com as várias tentativas não
de resgatar a moralidade da religião e trazê-la para o campo da razão, mas de
substituir os elementos mais profundamente irracionais da religião por um
significado secular. Como exemplo, há todas as variantes do coletivismo moderno
(comunista, fascista, nazista, etc.) que preservam a ética religiosa-altruísta
na sua totalidade e apenas colocam a sociedade no lugar de Deus como
beneficiária da autoimolação do Homem.
O
arremate de Ayn Rand é um primor de lucidez e cântico da liberdade do Homem.
Não é da natureza do Homem – nem de nenhuma entidade viva – começar já
desistindo, cuspindo na própria cara e amaldiçoando a existência; isso requer
um processo de corrupção cuja rapidez varia de homem para homem. Alguns
desistem ao primeiro toque de pressão; se vendem; outros mais definham através
de graus imperceptíveis e perdem sua chama, jamais sabendo quando ou como a
perderam. E então todos eles desaparecem no vasto pântano dos mais velhos, que
lhes dizem persistentemente que a maturidade consiste em abandonar a própria
mente; a segurança, em abandonar os próprios valores; a praticidade, em perder
a autoestima. No entanto, alguns poucos resistem e seguem adiante, sabendo que
a sua chama não deve ser traída, aprendendo a dar-lhe forma, propósito e
realidade. Mas qualquer que seja seu futuro, no nascer de suas vidas, as
pessoas buscam uma visão nobre da natureza do Homem e do potencial da
existência. Não importa que apenas alguns em cada geração entendam e alcancem a
realidade total da estatura apropriada ao Homem – e que o resto a traia. São
esses poucos que movem o mundo e dão à vida seu significado – e é a esses
poucos que eu sempre procuro me dirigir. O restante não me diz respeito; não é
a mim que eles traem: é às suas próprias almas. (Ayn Rand – Nova York, maio de
1968)
Que as
palavras dessa grande mulher consiga penetrar na alma dos brasileiros para que
possamos, com a bandeira da liberdade, expulsar do poder os maus brasileiros e
do país a censura mascarada com outros nomes que protege interesses
inconfessáveis. O único caminho a escolher é a da valorização do Homem.
Armando Soares – economista
E-mail: teixeira.soares@uol.com.br
Armando Soares é articulista e ensaísta de LIBERTATUM
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