“Todas as coisas são regidas pela lei de causa e efeito. Esse grande princípio não sofre exceção. O progresso do desenvolvimento humano não tende a anular ou enfraquecer esse principio, mas antes a confirmar sempre mais sua validade, ampliando o âmbito da sua aplicação. Portanto, o reconhecimento incondicional e crescente desse princípio está ligado ao progresso humano.”

Carl Menger - Princípios de Economia Política - capítulo I, pág. 26. 

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Supermercados e “escravidão”.

Por Ivan Lima

É com grande desalento e profunda preocupação que vejo após movimento grevista, supermercados serem obrigados a restringir o seu horário de funcionamento, eliminar serviço de unidades 24 horas, e serem ameaçados de fortíssima restrição quanto a dias e horários de funcionamento em festividades como Círio, etc. Com 62 anos, sou testemunha de uma época que não existia esse universo maravilhoso de produtos e serviços hoje disponíveis até 24 horas nas redes de supermercados, satisfazendo as necessidades humanas. 

Todos, inclusive os poucos indivíduos que possuíam ganho melhor, e mesmo numa metrópole como Belém, viviam com altíssima restrição de gêneros alimentícios, produtos de limpeza, e higiene pessoal, nenhuma variedade e péssima qualidade; todos viviam dependentes de taberna e mercado público, abertos, onde os havia até 11 h ou meio dia... Artigos de cama, mesa e banho, geladeira, liquidificador, televisor, confecções, moveis e milhares de outros artigos, esqueça: não os havia, nem para ricos, nem para pobres. Mas, aos poucos, apesar do engessamento intervencionista do estado na economia, isso foi suplantado pela ação humana, pela dinâmica expansividade capitalista que produz em massa para as massas. Para os que não conheceram essa época terrível, os mais jovens, a geração dos supermercados e shoppings centers, parece que tudo aí sempre esteve assim, pronto e acabado, para o seu conforto e bem estar. Mas a realidade é que para se chegar ao atual nível de afastamento dos cruéis desconfortos provocados pela pobreza e se viver o maravilhoso bem estar atual foi preciso muita luta e sacrifício. 

Com ambiente de liberdade, - ainda que perniciosamente regulado pelo estado – inevitavelmente aparecem os empreendedores (chamados pelos sindicalistas de gananciosos e exploradores) que com a sua visão e talento único descobrem oportunidades de mercado não preenchidas para satisfazer às necessidades dos consumidores em constante aumento populacional e ávidos por conforto, bem estar. 

Mas toda essa maravilhosa conquista dos indivíduos, através da cooperação social voluntária, da divisão do trabalho e das trocas indiretas de bens e serviços, corre sério risco de desaparecer se depender da visão torpe dos sindicalistas, cevados pela gorda e forçada participação no salário dos empregados e pela esdrúxula e fratricida ideologia da luta de classes. Renitentes em ignorar que salários devem ser determinados pelo mercado e não pelo Zé do sindicado, pelo presidente da república ou pelo congresso nacional, e desconhecendo (?) que gravando o capital das empresas com aumentos e exigências absurdas os empreendimentos vão definhar e morrer; e que as primeiras vítimas serão os que dizem defender, alcançados pelas demissões, o que inevitavelmente ocorre quando a produtividade humana é drasticamente restringida - e não porque “o patrão é mau e ganancioso”. 

Aí chegará trevas totais para a sociedade como um todo, pois haverá pânico pela reação em cadeia de destruição que certamente virá, se esse pensamento e ação sindical ilógico se espraiar por todo o setor produtivo. “Escravos”; “regime de escravidão;” é o que se ouvia de pessoas - e sindicalistas, - apoiando as aludidas greves, muitas delas sem atentar para os rodízios estabelecidos nas empresas e sindicatos que beneficiam o próprio empregado de folga para descanso, demais afazeres ou compras, além de ganhos financeiros, desenvolvimento pessoal na empresa, etc.; e também parece, não atentam para os infinitos bens aos indivíduos, à sociedade, que emprego, trabalho, poupança, riqueza geral têm com o progresso humano. 

Vivendo do rendimento alheio com extorsão maquiada de “contribuição”, com apoio estatal, é simplório e demagógico vociferar ocamente sobre escravidão sem que se mostrem as verdadeiras, que ainda existem para milhões de pessoas em Cuba e na Coreia do Norte, e com as quais sindicalistas e bobos em geral não se indignam nunca. Esquisito...

Ivan Lima

Ivan Lima, 62, é publicitário. Matéria originalmente publicada no meu boletim Ordem Liberal, em agosto 2013. Com a republicação, aqui, o alerta como militância subversiva á escravidão continua.