segunda-feira, 27 de maio de 2013

A Amazônia e a Hidreletricidade (I)


    Coronel Manoel Soriano Neto – Historiador Militar.
  A Amazônia, felizmente, vem despertando o interesse nacional! Ela é alvo de uma pertinaz cobiça, desde o século XVII, a qual se agudizou nos dias hodiernos, em vista da progressiva escassez de recursos naturais e matérias primas nos países desenvolvidos. 


Ao Brasil, que detém cerca de 60% da Gran ou Pan-Amazônia, cumpre guardá-la, defendê-la e explorá-la, racionalmente, sem considerar a opinião de nacionais e estrangeiros que a desejam “preservá-la” como um intocável museu, parque ecológico ou santuário natural do planeta. A floresta amazônica, por sua privilegiada posição geográfica, eis que cortada pela linha do Equador, com os seus incomensuráveis recursos hídricos, mineralógicos (minérios raros, estratégicos, de terceira geração) e biodiversidade (abrigando o maior banco genético do mundo e  30% de todas as espécies vivas), além de suas terras férteis e agricultáveis, não pode ser “congelada”, como se uma estratégica e imensa reserva técnica/almoxarifado fosse, para usufruto, a médio e longo prazo, ou mesmo antes, de nações hegemônicas que, por isso, pugnam por seu tombamento como “Patrimônio Comum da Humanidade”. Não podemos permitir que a transformem em gigantescos laboratórios de experimentação ou em “jardins botânicos ou zoológicos”, em nome de questões ambientais, indígenas, climáticas, etc.


  Traçados esses prolegômenos, lembremo-nos de que sem Energia, não há vida. A trilogia da existência da vida é Ar, Água e Sol; e o Brasil - “A Nação do Sol” e o “Império das Águas” -, possui, em superlativa abundância, tal trilogia. O nosso País  detém cerca de 18% das reservas mundiais de água doce, sendo que 15% encontram-se na Amazônia. Acrescente-se, por ilustração, que a escassez de água poderá ser motivo para guerras futuras, como nos vem alertando o General Marco Antônio Felício da Silva, dedicado estudioso do assunto; os Estados Unidos já constroem, na Califórnia, grandes navios-tanques, transportadores de água. A bacia do rio Amazonas (o mais volumoso e, hoje, também o maior rio do planeta, segundo recentes estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE) possui, em terras brasileiras, aproximadamente 3,8 milhões de Km2 e abrange os estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Pará e Amapá. 


A bacia potamográfica amazônica é formada por inúmeros rios, muitos deles navegáveis por navios de qualquer calado. Ela forma um verdadeiro mar interior, um “mare clausum”, o “Mar Mediterrâneo Brasileiro”, que Gastão Cruls denominou de “Mare Nostrum Brasileiro”, um dos maiores tesouros com que a natureza nos prodigalizou. Nesta imensa bacia, suspeita-se da ocorrência da prática criminosa da hidropirataria, por parte de navios estrangeiros dotados de sonares para a localização e captura de cardumes de peixes, em particular dos ornamentais, principalmente na foz do rio Amazonas, na divisa entre os estados do Amazonas e Amapá, além do furto de água doce a fim de que sejam estudados os seus nutrientes e fauna ictiológica. Denúncias a esse respeito foram amplamente debatidas na Câmara dos Deputados, no ano de 2010.

  O Brasil, afortunadamente, pode dispor de variadas fontes energéticas como as hidráulica, petrolífera, eólica, solar, nuclear, do carvão, do etanol e da biomassa. Mas o sistema funciona à base da energia hidrelétrica (algo em torno de 80% da produção nacional), complementada por usinas termelétricas.


  E a Amazônia é fundamental para o aumento de nossa matriz energética, como abordaremos no próximo artigo.    (Continua).   

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