O colunista Gilberto
Dimenstein, da Folha, militante fantasiado de opinante isento, tenta confundir
a população sobre o caso dos médicos cubanos, mas são argumentos são
ridiculamente insustentáveis.
Por Klauber
Cristofen Pires
Caro leitor, você
tem ideia de como um peixeiro desonesto consegue se livrar do pescado podre? É
simples: mistura-o entre os peixes bons para consumo. Quem leva um lote, acaba
sempre levando pelo menos um imprestável. Assim tem sido como Gilberto
Dimenstein, na Folha de São Paulo, tem tratado o caso da vinda dos médicos
cubanos: misturando fatos reais com mentiras e dissimulações, mas numa relação
bem maior do que dos peixeiros mais inescrupulosos.
Refiro-me
especialmente aos seus artigos “Por que apoio os médicos estrangeiros[i]”
e “Debate sobre os médicos me dá vergonha[ii]”. Vamos avaliar o que diz este jornalista:
Sei que o governo
federal lançou o projeto Mais Médicos de forma improvisada como uma resposta às
manifestações de rua.
Também sei que os
problemas da saúde são complexos e apenas colocar médicos em cidades distantes
não é a salvação.
Para acrescentar,
devemos considerar que Alexandre Padilha, ministro da Saúde, é candidato ao
governo de São Paulo --o que costuma trazer ingredientes eleitorais para uma
questão técnica.
Esta introdução
acima serve como engodo para desarmar o espírito dos leitores; é uma concessão
que o jornalista faz em face do incontestável, como forma de transformar um
limão em uma limonada. Apenas uma ressalva: os problemas da saúde podem ser
complexos, mas a verdade mais plena é que os governos Lula e Dilma tiveram
quase onze anos para ao menos melhorar os indicadores, mas que, entretanto, o
pioraram sofrivelmente, tanto no sistema educacional – comentarei isto melhor
adiante – quanto no sistema de saúde propriamente, haja vista terem reduzido
sensivelmente os investimentos e diminuído a oferta de leitos hospitalares em
mais de 10%, ou, em números absolutos, mais de 41 mil leitos hospitalares.
Mesmo assim, apoio a
vinda de médicos estrangeiros porque é melhor algum médico do que nenhum
médico.
Lembremos que a vaga
foi oferecida a brasileiros, com uma bolsa de R$ 10 mil mensais mais ajuda de
custo - o que é mais do que ganha um professor universitário no topo na
carreira.
Se a vinda dos
cubanos não estiver arranhando a lei local, ótimo. A formação de médicos em
Cuba é respeitada internacionalmente.
Ou seja, não é a
melhor solução, mas é alguma solução para os mais pobres sem acesso à saúde.
É melhor um médico
falando portunhol do que nenhum médico falando.
Minha suspeita é que
a reação de associações médicas - em alguns casos um tanto histéricas - estão
mais ligadas aos interesses (ou supostos) da corporação do que do cidadão.
De fato, é melhor
“algum médico do que nenhum médico”. No entanto, as condições deploráveis a que
o sistema público de saúde foi submetido, isto é, piorado mais do que já era,
criaram as condições objetivas para a medida “emergencial” de importação de
médicos cubanos. Fazendo uma comparação, seria como se o governo socorresse
vítimas de um naufrágio atirando-lhes bóias salva-vidas, sendo que ele mesmo
sabotou o navio.
Quanto à oferta de
uma “bolsa” (é bolsa ou salário?) de R$ 10.000,00 (dez mil reais), é oportuno
salientar que o governo brasileiro está a pagar não dez mil reais, mas R$
21.291,66 (vinte e hum mil e duzentos e noventa e hum reais e sessenta e seis
centavos), de acordo com o blog do ex-prefeito carioca (DEM) César Maia. Será
que um salário deste não seria realmente convidativo?
Ah, e a vinda dos
médicos cubanos fere a lei, sim. Melhor, fere as leis e principalmente, a
Constituição, haja vista que estes seres humanos cubanos continuarão submetidos
em solo pátrio a todas as restrições à liberdade que vigoram na ilha-cárcere. Segundo
o que tem acontecido nos outros países onde tais convênios foram firmados, a
liberdade de ir e vir desses médicos resume-se ao percurso trabalho-alojamento.
São confinados incomunicáveis e sem direito a visitas íntimas; no limite, não
têm um pingo de privacidade nem sequer para acocorarem-se no cantinho de um
banheiro para chorarem por sua condição deplorável, porque entre eles há
capatazes vigiando-lhes dia e noite seus passos, suas falas e até seus sonhos.
Agora, é verdade
que as entidades médicas, em especial o Conselho Federal de Medicina, estão
praticando o corporativismo? Sim, isto é plenamente verdade, e tão verdade
quanto o corporativismo sindicalista tem sido incentivado pelas esquerdas até o
momento atual, onde ora é tratado como inconveniente: é hora, pois, de promover
os necessários expurgos.
Mas vamos agora ao
segundo artigo:
O perfil dos médicos
cubanos é o seguinte: em geral, eles têm mais de uma década de formados,
passaram por missões em outros países, fizeram residência, parte deles (20%)
cursaram mestrado e 40% obtiveram mais que uma especialização.
Para quem está
preocupado com o cidadão e não apenas com a corporação, a pergunta essencial é:
essa formação é suficiente?
Aproveito essa
pergunta para apontar o que vejo como uma absurda incoerência - uma incoerência
pouca conhecida da população - de dirigentes de associações médicas. Um dos
dirigentes, aliás, disse publicamente que um médico brasileiro não deveria
prestar socorro (veja só) se um paciente for vítima de um médico estrangeiro.
Deixa morrer. Bela ética.
Provas têm
demonstrado que uma boa parte dos alunos formados nos cursos de medicina no
Brasil não está apta a exercer a profissão. Não vou aqui discutir de quem é a
culpa, se da escola ou do aluno. Até porque para a eventual vítima tanto faz.
Mesmo sendo
reprovados nos testes, os estudantes ganham autorização para trabalhar.
Como um jornalista
de um jornal de grande circulação, o autor poderia citar de onde tirou tais
números. No entanto, vou colocar aqui alguns argumentos bastante simples que
podem colocar em dúvida a qualidade da formação desses profissionais:
Por primeiro, e
respondam-me aqui aqueles com conhecimento de causa: tem sido comum encontrar
artigos científicos de médicos cubanos em revistas especializadas? Posso
razoavelmente chutar que nenhuma ou quase nenhuma publicação relevante
internacional tem sido produzida por médicos cubanos, digamos, nos últimos
vinte anos?
Adiante: um sistema
de saúde não se compõe somente de médicos, mas de equipamentos, remédios, bem
como de outros profissionais auxiliares. Quem pode suprir um sistema de saúde
de qualidade, público, privado ou misto em qualquer relação, é um país onde
esta infraestrutura possa ser fornecida pela indústria nacional ou estrangeira,
daí ser necessário ser dono de uma economia relativamente pujante. Cuba é um
país miserável, de modo que é muito duvidoso que os alunos e médicos tenham
tido algum contato com coisas desde seringas e luvas descartáveis ou
auto-inutilizáveis, remédios de última geração, como, tanto ainda mais
incrível, com aparelhos de tomografia ou ressonância magnética.
Para terminar, e à
vista grossa: o que falar dos recorrentes casos de vacinas cubanas
absolutamente sem efeito, bem como do patético anúncio da cura para o câncer,
pelo governo cubano? Como que nações que aplicam bilhões de dólares em
pesquisas, muitas delas realizadas com parcerias e trocas de informações,
poderiam ser surpreendidas por uma ilhota faminta onde falta até papel
higiênico?
Sobre a alegada
má-formação dos médicos brasileiros: será que os dados fornecidos pelo
articulista são confiáveis? Afinal, os cursos de medicina são os mais
concorridos do país, o que nos leva a entender que são os candidatos mais
preparados os que logram conseguir as vagas. Ademais, o Brasil tem uma boa
reputação internacional quanto à qualidade dos seus médicos, sendo muitos deles
famosos e respeitados. Agora, algo pode sim, estar concorrendo para a
deterioração desta realidade: a substituição do ingresso na universidade pelo
mérito pelo ingresso por motivos ideológicos, como são as cotas para negros,
alunos da rede pública e até mesmo os suspeitíssimos cursos como os ministrados
em escolas e universidades do MST; enfim: tudo obra do PT.
Mais uma vez, o Sr
Dimenstein joga para o alto: “Provas têm
demonstrado que uma boa parte dos alunos formados nos cursos de medicina no
Brasil não está apta a exercer a profissão”... “Mesmo
sendo reprovados nos testes, os estudantes ganham autorização para trabalhar”. Que provas
foram estas? O que se vê aqui, percebam, é uma tentativa de valorizar a obscura
formação dos médicos cubanos com outra, em direção contrária, no sentido de
desmerecer a dos brasileiros, com o fito de nivelá-las. Vergonhoso!
Ao final:
Por que essas mesmas
associações, tão furiosas em atacar médicos estrangeiros, não fazem barulho
para denunciar alunos comprovadamente despreparados?
A resposta
encontra-se na moléstia do corporativismo.
Se os brasileiros
querem tanto essas vagas por que não se candidataram?
Será que preferem que
o pobre se dane apenas para que um outro médico não possa trabalhar?
Sinceramente, sinto
vergonha por médicos que agem colocando a vida de um paciente abaixo de seus
interesses.
Aqui o argumento do
autor se veste de um argumento verdadeiro para esconder um outro,
maliciosamente oculto. Corporativismo, existe, tanto é que o CFM nenhuma vez
denunciou que o plano de trazer os médicos cubanos provém de uma deliberação do
Foro de São Paulo, e que tem sido planejado pelo governo desde há pelo menos um
ano e meio.
Entretanto, em um
país livre, um médico tem valor de mercado. Para as carreiras para as quais o
estado tem interesse, como são, por exemplo, para as carreiras do fisco, um
auditor-fiscal recebe salários superiores a vinte mil reais, sem dizer de
outras facilidades e garantias. Recentemente, foi aprovado um adicional de
fronteira para os fiscais e analistas federais que trabalham em cidades
situadas em zonas limítrofes com outros países.
Qualquer médico,
como cidadão, tem o direito de escolher se as condições oferecidas por um
concurso são viáveis, porque aceitar trabalhar no interior significa ter de
assumir dificuldades com a atualização profissional, e porque uma clientela
privada potencial e mais bem remunerada lhe faltará nos momentos em que não
estiver em serviço.
O que tem sido
bastante divulgado ultimamente é que os médicos têm sido enganados de forma
contumaz por prefeitos tratantes, que lhes aplicam o calote depois de alguns
meses a serviço, depois de terem-nos aliciado com promessas vantajosas antes das
eleições.
“Será que preferem que o pobre se dane apenas para que um outro
médico não possa trabalhar?” Por acaso,
alguma objeção tem sido feita contra os médicos de outros países que se
submeteram ao exame Revalida e a todas as condições legais em vigor, especialmente as
trabalhistas e previdenciárias?
Como os leitores
podem verificar por si mesmos, este Sr. Gilberto Dimenstein joga com a
mistificação; atua de forma militante, como porta-voz em favor do governo. Não
merece um mínimo de crédito, e desmascará-lo é uma atitude de interesse
público.
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