terça-feira, 6 de agosto de 2013

GERAÇÃO ESTADO-DEPENDENTE


Por Jordanio Ribeiro

Que tipo de sociedade queremos para o Brasil?

Toda sociedade possui uma cultura ou lógica existencial capaz de desenvolver sinapses cerebrais em seus indivíduos – meio que automaticamente, uma vez que é assim que a vida individual se insere e passa a fazer sentido na coletividade – predispondo-os a se sobressaírem no desenvolvimento de certas características peculiares.


Assim, é “natural” que uma geração nascida numa sociedade beligerante desenvolva atributos e habilidades próprios de guerreiros. Numa sociedade assim os covardes certamente virariam párias! Do mesmo modo, espera-se que uma criança sul-coreana se torne um cientista, pois naquele país há uma política de Estado clara e séria (há não muito tempo implantada) de desenvolvimento educacional e tecnológico.

Nessa mesma toada assistimos hoje no Brasil a construção de uma sociedade de vagabundos: uma “Geração Estado-Dependente”. (Nota: vagabundo aqui, não primeiramente no sentido de delinquente segundo o jargão policial, mas sim como qualificação do preguiçoso que não valoriza o mérito pessoal, que não se esforça para estudar e trabalhar visando a seu próprio progresso)


O “BOLSISMO” – implantado na esfera federal no governo do PSDB e intensificado no governo do PT, que numa jogada eleitoreira oportunista usurpou sua paternidade e maternidade – é o pai e a mãe dessa “Geração Estado-Dependente”. O próprio ex-presidente Lula vaticinou seu nascimento quando logo no início do seu primeiro mandato em visita ao nordeste do país disse mais ou menos isso: “antigamente, quando chovia o sertanejo corria, pegava sua enxada e ia plantar seu feijão, sua macaxeira... mas, com essas bolsas-esmola, ninguém quer mais isso, pois sabe que receberá um vale-isso, um vale-aquilo”.

Antes que os monopolistas da justiça e bem social universal comecem a berrar, quero deixar claro que sou favorável sim! a certas medidas assistencialistas pontuais destinadas de fato aos pobres, porém o que se assiste hoje é a uma descarada compra de votos oficializada através dos inúmeros programas sociais. (O perfil dos beneficiários do Bolsa-Família foi ilustrado por aquela senhora no Ceará que no contexto da boataria do fim do Bolsa-Família disse mais ou menos isso em entrevista: “eu fui depositar o dinheiro na poupança do meu esposo, como faço todo mês, e como eu já estava lá na lotérica aproveitei pra ver o meu bolsa-família, daí consegui sacar dois meses juntos”. Vamos lá: a verdade é que a gente poupa o que excede à satisfação das necessidades básicas)

Sim, diga-se de propósito: sou contra o tal do “passe-livre”. “Não existe almoço grátis”. Ônibus, combustível, motoristas... não caem do céu. Alguém tem que pagar por isso. Lógico, também sou contra a máfia “empresas de ônibus x políticos”, sou contra a tarifa elevada e a péssima qualidade do serviço prestado (sim, uso transporte público numa média de 50% dos meus deslocamentos para o trabalho, e não tenho gratuidade), sou contra também políticos vagabundos. (Nota: vagabundo aqui, primeiramente no sentido mesmo de delinquente, segundo o jargão policial) Mas, vamos combinar: se diante da satisfação de um DESEJO dos mais idiossincráticos, como por exemplo, o cidadão querer se deslocar da Augusto Montenegro para a Praça da República, afim de curtir um bom e velho rock’n roll, o Estado estiver obrigado a levá-lo e trazê-lo gratuitamente, o que esse mesmo cidadão esperará desse mesmo Estado diante de NECESSIDADES básicas suas, como alimentação e moradia? Ora, ora... se é meu direito ter meus DESEJOS satisfeitos pelo “Estado-Babá”, por qual lógica não seria meu direito também a satisfação de minhas NECESSIDADES por esse mesmo “Estado-Babá”?


O meu desejo é que o Brasil, primeiramente, garanta o direito natural à vida por não mais permitir que seus cidadãos sejam assassinados, pois essa é uma das razões fundamentais da existência do Estado (no Brasil são cerca de 50 mil assassinatos por ano ou 20,4 assassinatos por 100 mil habitantes – a ONU considera estado de violência epidêmica taxas acima de 10 mortes violentas por 100 mil habitantes). Depois, meu desejo é que o Brasil cumpra sua obrigação constitucional de prover educação que capacite e qualifique seus cidadãos para tocarem suas próprias vidas com dignidade, formando assim uma sociedade que trabalha e tem condições de pagar, inclusive, pelo seu próprio “pão e circo”.
jordanio ribeiro – Perito Criminal
jorda10@gmail.com


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