Cartilha editada pelo Sindicato dos Professores do
DF reivindica a origem socialista do dia da mulher, na qual prega várias
mentiras.
Por Klauber Cristofen Pires
Um atento leitor enviou-me um livreto
editado pelo Sindicato dos Professores do Distrito Federal, intitulado “A
origem socialista do Dia da Mulher”.
Há quem possa levantar a mão para dizer
que não se trata de mais um caso de doutrinação ideológica escolar, haja vista
ser aquele documento endereçado aos professores e não aos estudantes. Ora, se
você faz a cabeça de quem balança o berço, é esta quem conduzirá o destino da
futura geração.
Ademais, como tenho dito, a adoção de uma
tendência política por parte de um sindicato de trabalhadores configura um
flagrante de falsidade ideológica, eis que tal entidade está usurpando os
direitos políticos dos sindicalizados que possuem convicções
político-ideológicas diferentes. Sindicato não é partido político nem
instituição do tipo “think-tank”, nas quais os associados a eles se ligam em
consonância com as idéias ali defendidas. Estas sim têm legitimidade para
defender propostas políticas e ideologias; os sindicatos não!
Agora vamos ao tema do livreto, cuja
proposição é a de reivindicar a origem socialista do dia da mulher:
Primeiramente, não há muito o que
discordar ou antes, desmascarar: Sem rodeios, o documento é ostensivamente
marxista e revolucionário, e claro, o dia da mulher tem sim origem socialista,
possivelmente tendo sido concebido pela utopia de Auguste Comte, que propôs a
substituição das datas dos santos católicos por um calendário em que os dias
lembravam entes despidos de individualidade e mérito, como profissões (dia do
engenheiro, do médico, do professor, etc) e o próprio dia da mulher.
Outro testemunho de que o dia da mulher
pode ter origem socialista é o do dissidente soviético Anatoli Goliytsyn, em
seu livro New Lies for Old (Novas Mentiras Velhas):
Na União Soviética,
como em outros países comunistas, foi o Comitê Central do partido que reorganizou
os serviços de segurança e de inteligência, o ministério de relações
exteriores, outras seções do governo e aparatos político-governamentais, além
das organizações de massa, a fim de adequá-las todas à implementação da
nova política e torná-las instrumentos desta. (pág 45) (grifos
nossos).
Enfim, enquanto o Dia das Mães pode ter
sido criado no ocidente com finalidades
comerciais, embora com o feliz propósito de homenageá-las pelo mérito da
responsável, honrosa e difícil tarefa da maternidade, o Dia Internacional da
Mulher apareceu no mundo como uma expressão da luta de classes, daí ser
coletivista, anti-conciliadora, destruidora e revolucionária.
No entanto, como sempre, não deixa a
cartilha de conter algumas inverdades e contradições grotescas. Uma delas foi
citar Karl Marx como um dos primeiros intelectuais a denunciar a exploração da
mulher pelo homem: “A opressão do homem pelo homem iniciou-se com a opressão
da mulher pelo homem”.
Karl Marx era um impostor compulsivo. Seu
método consistia em amoldar a realidade às suas teses, e quando refutado,
reorganizar suas réplicas em um novo arranjo que desviassem das negações de
seus críticos.
Certa feita, para justificar a sua
afirmação de que a classe trabalhadora da Inglaterra em plena febre da
revolução industrial estava empobrecendo devido à exploração pelos empresários,
simplesmente inverteu os dados dos anuários estatísticos do parlamento
britânico então atuais com os de trinta anos antes.
Opressão da mulher pelo homem? Ora, Karl
Marx usava sua esposa rica como banco de dinheiro e sua criada como banco de
esperma. Isto lá é respeito pela mulher? Quem se der ao trabalho de pesquisar a
biografia de outros intelectuais
comunistas, verá que ninguém jamais tratou tão mal o sexo feminino quanto estes
pervertidos. Vejam o que o filósofo Olavo de Carvalho tem a dizer sobre Gyorgy
Luckacs e qual o real objetivo da ideologia feminista socialista que envolve o
Dia Internacional da Mulher:
O filósofo húngaro
Gyorgy Lukacs, por exemplo, achava a coisa mais natural do mundo repartir sua
mulher com algum interessado. Pensando com essa cabeça, chegou à conclusão de
que quem estava errado não era a teoria: eram os proletários. Esses idiotas não
sabiam enxergar seus “interesses reais” e serviam alegremente a seus inimigos.
Estavam doidos. Normal era Gyorgy Lukács. Cabia a este, portanto, a alta missão
de descobrir quem havia produzido a insanidade proletária. Hábil detetive, logo
descobriu o culpado: era a cultura ocidental. A mistura de profetismo judaico-cristão,
direito romano e filosofia grega era uma poção infernal fabricada pelos
burgueses para iludir os proletários. Levado ao desespero por tão angustiante
descoberta, o filósofo exclamou: “Quem nos salvará da cultura ocidental?”
A própria estética da cartilha revela-se
por si mesma: além de retratar as mulheres sempre enfezadas, completamente
despidas dos atributos femininos individuais mais caros, como a feminilidade, a
doçura e o amor, em duas ilustrações são retratadas sem as roupas de cima, com
os seios à mostra (o velho apelo ralé a vê-las como objetos sexuais), e
carregando às costas fuzis soviéticos AK-47.
Paradoxalmente, a última das ilustrações
mostra-nas em uma manifestação à porta de uma fábrica (refere-se a uma greve
havida na Rússia que segundo informa a cartilha, teria deflagrado a revolução
de 1917), portando faixas com os dizeres “pão e paz”, embora ainda, com os
punhos à mostra, em sinal de evidente atitude ofensiva.
Caro leitor, não entre em parafuso:
comunistas adoram explorar contradições para deixar as pessoas absortas: tal
foi, por exemplo, o sucesso em chamar de “massacre do Eldorado dos Carajás” ao
episódio ocorrido no estado do Pará há alguns anos atrás, em que policiais
encarregados de liberar uma estrada ocupada por integrantes do MST foram
filmados fugindo desordenados da turba enfurecida que os perseguia com facões e
armas de fogo, respondendo à agressão atirando para trás, em evidente flagrante
de legítima defesa. Vejam: https://www.youtube.com/watch?v=KZoHeu2LZ5Y
Por falar em greves e manifestações, qual
socialista poderia me mostrar que greves ou manifestações livres acontecem em
países como Cuba, Coréia do Norte, e China? Poderiam aproveitar também para
demonstrar como as mulheres nesses países socialistas vivem melhor do que as
dos países em que vigora a liberdade, porque, segundo nosso conhecimento, em
Cuba e na China prospera a indústria do aborto, para extração de órgãos, de
células-tronco e da substância negra fetal, que as trabalhadoras vietnamitas,
pequeninas, vivem felizes em carregar fardos de café de 60 kg, o mesmo peso que
os homens. Ninguém pode alegar falta de igualdade aí!
Bem oportunamente, abaixo publico um
vídeo no qual o Sr. Lula – Sim, amigos proletários, o camarada Lula, ele em
pessoa, cita as greves e os sindicatos como obstáculos ao seu projeto de poder!
Confiram: https://www.youtube.com/watch?v=zgIYH6ksVRI
Concluindo, termino aqui com a transcrição
do artigo do filósofo Olavo de Carvalho intitulado “Breve
História do Machismo”, publicado originalmente no Jornal da Tarde em 16 de
agosto de 2001, aqui extraído do site Domínio Feminino, que
fala sobre a histórica opressão da mulher pelo homem:
Breve
história do machismo
Por Olavo de Carvalho
As mulheres sempre foram exploradas pelos
homens. Se há uma verdade que ninguém põe em dúvida, é essa. Dos solenes
auditórios de Oxford ao programa do Faustão, do Collège de France à Banda de
Ipanema, o mundo reafirma essa certeza, talvez a mais inquestionada que já
passou pelo cérebro humano, se é que realmente passou por lá e não saiu direto
dos úteros para as teses acadêmicas.
Não desejando me opor a tão augusta
unanimidade, proponho-me aqui arrolar alguns fatos que podem reforçar, nos
crentes de todos os sexos existentes e por inventar, seu sentimento de ódio ao
macho heterossexual adulto, esse tipo execrável que nenhum sujeito a quem tenha
acontecido a desventura de nascer no sexo masculino quer ser quando crescer.
Nosso relato começa na aurora dos tempos,
em algum momento impreciso entre Neanderthal e Cro-Magnon. Nessas eras
sombrias, começou a exploração da mulher. Eram tempos duros. Vivendo em tocas,
as comunidades humanas eram constantemente assoladas pelos ataques das feras.
Os machos, aproveitando-se de suas prerrogativas de classe dominante, logo
trataram de assegurar para si os lugares mais confortáveis e seguros da ordem
social: ficavam no interior das cavernas, os safados, fazendo comida para os
bebês e penteando os cabelos, enquanto as pobres fêmeas, armadas tão-somente de
porretes, saíam para enfrentar leões e ursos.
Quando a economia de coleta foi
substituída pela agricultura e pela pecuária, novamente os homens deram uma de
espertinhos, atribuindo às mulheres as tarefas mais pesadas, como a de carregar
as pedras, domar os cavalos, abrir sulcos na terra com o arado, enquanto eles,
os folgadinhos, ficavam em casa pintando potes e brincando de tecelagem. Coisa
revoltante.
Quando os grandes impérios da antiguidade
se dissolveram, cedendo lugar aos feudos perpetuamente em guerra uns com os
outros, estes logo constituíram seus exércitos particulares, formados
inteiramente de mulheres, enquanto os homens se abrigavam nos castelos e ali
ficavam no bem-bom, curtindo os poemas que as guerreiras, nos intervalos dos
combates, compunham em louvor de seus encantos varonis.
Quando alguém teve a extravagante ideia
de cristianizar o mundo, tornando-se necessário para tanto enviar missionários
a toda parte, onde arriscavam ser empalados pelos infiéis, esfaqueados pelos
salteadores de estradas ou trucidados pelo auditório entediado com os seus
sermões, foi novamente sobre as mulheres que recaiu o pesado encargo, enquanto
os machos ficavam maquiavelicamente fazendo novenas ante os altares domésticos.
Idêntica exploração sofreram as infelizes
por ocasião das cruzadas, onde, armadas de pesadíssimas armaduras, atravessaram
os desertos para ser passadas a fio d'espada pelos mouros (ou antes, pelas
mouras, já que o machismo dos sequazes de Maomé não era menor que o nosso). E
as grandes navegações, então! Em demanda de ouro e diamantes para adornar os
ociosos machos, bravas navegantes atravessavam os sete mares e davam combate a
ferozes indígenas que, quando as comiam, – era porca miséria! – no sentido estritamente
gastronômico da palavra.
Finalmente, quando o Estado moderno
instituiu o recrutamento militar obrigatório, foi de mulheres que se formaram
os exércitos estatais, com pena de guilhotina para as fujonas e recalcitrantes,
tudo para que os homens pudessem ficar em casa lendo A Princesa de Clèves.
Há milênios, em suma, as mulheres morrem
nos campos de batalha, carregam pedras, erguem edifícios, lutam com as feras,
atravessam desertos, mares e florestas, sacrificando tudo por nós, os ociosos
machos, aos quais não sobra nenhum desafio mais perigoso que o de sujar nossas
mãozinhas nas fraldas dos nossos bebês.
Em troca do sacrifício de suas vidas,
nossas heroicas defensoras não têm exigido de nós senão o direito de falar
grosso em casa, de furar umas toalhas de mesa com pontas de cigarros e,
eventualmente, de largar um par de meias no meio da sala para a gente catar.
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