quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Como sair do fundo do poço. Ou: Renúncia: um gesto de hombridade

fundo do poçoO governo brasileiro comprovou uma das suas maiores especialidades na área econômica: realizar maquiagem fiscal. Imagine o leitor ter que perdoar metade de uma dívida, apenas porque a pessoa que lhe deve não conseguiu o dinheiro no prazo acordado. Faz algum sentido? Pois Dilma fez algo semelhante, mas nos enviou a “fatura”.
Não é novidade o anúncio de metas que sequer foram perseguidas. Foi assim com as metas de inflação, de crescimento e principalmente com as metas de superávit primário, o que é fundamental para pagamento dos juros da dívida. Ou seja, algo que pode contribuir para que o endividamento público cresça mais devagar. Dá para fazer uma comparação grosseira com o rotativo do cartão de crédito: quanto menos do total você paga, mais juros incorrem sobre o valor devido. Não é à-toa que a credibilidade é semelhante à competência dos comandantes do Executivo Federal.
A meta do Superávit do governo enviada para o Congresso passou de 0.7%( já ridícula) do PIB para 0.5%, ou de R$ 30 Bilhões, com possibilidade de ser de 0%. Ou seja, mais uma meta que não é séria e foi pensada para não ser cumprida. Definitivamente, o ministro Levy era uma voz solitária pelo ajuste, de que o país tanto precisa. Com devida vênia pela comparação esdrúxula, ele era alguém pedindo educação e moralismo num bordel. Sem hipérboles, mas foi nisso que mais de uma década de keynesianismo maneta do lulo-petismo transformou nossa economia.
O mais bizarro é que há projeções negativas para o PIB entre 2,5% e 3% e, se isso acontecer em 2016, pasmem, o primário deve ser negativo em quase 1% do PIB. Portanto, faremos um resultado negativo de mais de 60 bilhões, descumprindo até a meta de zero por cento. Seria algo como: nem burlando as regras, vai se chegar no previsto. Na prática, isso gera ainda menos credibilidade para o país perante os mercados nacional e internacional.
Tudo isso se torna algo preocupante, se somado a outros fatores, como a perda do grau de investimento, desemprego, inflação de dois dígitos e a perspectiva de alguém com a mesma linha de pensamento responsável pela crise atual, ocupar o ministério da Fazenda ( Nelson Barbosa). E, para afundar ainda mais as contas em médio prazo, extinguiram o fator previdenciário.
Vale recordar que, ao contrário do que disse o então ministro Guido Mantega, em Janeiro de 2014, o governo não cumpriu a meta fiscal de 2013, afixada pela LDO em R$ 155.8 bi . Com muito sufoco e diversos malabarismos, chegou-se ao montante de R$ 75 bi de Superávit Primário.Portanto, o ignorar da realidade não só é constante, como muito praticado e resulta no caos que estamos vivenciando. 
Venho dizendo que milagres não existem: ou se controlam os gastos públicos, para crescerem a uma velocidade menor que as receitas, ou a dívida pública cresce. A não ser que aumentem ainda mais os impostos. A resposta para isso está na realização de uma reforma estrutural, que não vai ocorrer se Dilma continuar no poder, essencialmente pela falta de legitimidade política.
É compreensível que as pessoas estejam discutindo a questão do impeachment no calor de suas próprias crenças políticas; o mais imbecil, semiletrado, ‘julga” a legitimidade jurídica do processo. Mas o fato é que Dilma já não governa há tempos, a inabilidade política e um misto de arrogância com incompetência fizeram o país, por pura teimosia, seguir caminhos muito equivocados, ignorando o mercado e esta conta, agora, chegou. Um gesto de hombridade e patriotismo seria a renúncia.
Michel Temer tem qualidades necessárias, que poderiam fazer o país retomar a credibilidade econômica e a articulação política, unindo forças para arrumar a casa. Coisas que Dilma não vai fazer, nem que quisesse. Tudo isso poderia ajudar o próximo presidente em 2018, para que pegue uma “bomba” menor e que o país volte a enxergar luzes ao fim deste gigantesco e escuro túnel o mais breve possível.
Presidentefaça, ao menos um gesto de humildade e hombridade. Pense, pela primeira vez, que o país é mais importante que seu partido.

SOBRE O AUTOR

Wagner Vargas

Wagner Vargas

Graduado em Comunicação Social pela Universidade Anhembi Morumbi, possui cursos de especialização em economia (FGV) e é Sócio-Diretor da Chicago Boys Investimentos. Atua com Assessoria de Imprensa, Comunicação Estratégica, Relações Públicas tendo atuado nos mercados: Siderúrgico, Varejo, Mercado Financeiro, Telecomunicações e em campanhas políticas. Integrante dos Conselhos de Economia e Investimentos em Inovação da CJE/FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), também é especialista do Instituto Millenium, onde produz entrevistas para o Millenium Entrevista no site da Revista Exame.

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