segunda-feira, 28 de março de 2016

diplomaComo estrangeiro, fico impressionado com um aspecto da cultura brasileira: o amor pelos documentos oficiais, com vários selos de autenticação. Não sei se o Brasil é uma república verdadeiramente federativa, mas eu tenho certeza que o Brasil é uma república burocrática. Se não tiver minha identidade em mãos, será que eu existo?
Esta preocupação surge também quando pais estão avaliando a possibilidade de educar seus próprios filhos. Como eles podem avançar na vida sem diploma? Será que eles vão saber algo, se não tiverem um documento que afirma isso?
Nosso filho mais velho tem 19 anos. Hoje, ele estuda o quadrivium numa faculdade de confissão reformada nos Estados Unidos. Nathanael, em todos os anos de educação domiciliar, nunca fez nenhuma prova. Ele nunca recebeu nenhuma nota. Ele nunca tirou nenhum diploma.
Quando ele foi fazer o SAT (o Enem dos EUA), primeiro fez uma simulação. A nota foi razoável. Foi a primeira nota que recebeu na vida. Quando fez o SAT ele tirou nota máxima em interpretação de textos. Nas outras duas seções (matemática e redação), ele tirou uma nota média.
Hoje, ele está tirando boas notas (cum honore, cum laude) na faculdade clássica (e rigorosa) onde estuda. Meu filho não é um gênio. Ele simplesmente recebeu uma boa educação, feita sob medida para combinar com sua personalidade e seus dons e talentos. Ele recebeu a liberdade de amar e buscar o conhecimento. Tudo isto foi uma preparação mais que suficiente para ele encarar a vida e o mundo afora. Ele tem a capacidade de se adaptar a um outro sistema de ensino, e de aprender como fazer provas e receber notas. Ele consegue estudar e aprender num nível igual ou superior a alguém que estudou toda a vida numa escola tipo linha de montagem.
Resumo da história: a falta de um pedaço de papel não vai necessariamente acabar com a vida do seu filho.
No Brasil, a lei permite que pessoas com 18 anos completes façam o Enem, e por meio deste exame obtenham o certificado de conclusão de ensino médio. Então, se você realmente quer o pedaço de papel, tem como conseguir! (veja o link do próprio Enem aqui).

Acredito que o que aconteceu nos EUA e no Canadá vai também acontecer no Brasil no futuro. As faculdades descobriram rapidamente que os alunos educados em casa muitas vezes têm um melhor desempenho que alunos educados em instituições de ensino. Hoje, as faculdades fazem de tudo para atrair alunos que foram educados em casa.
Lembro-me também de uma filha de conhecidos nossos. Ela toca piano muito bem. E foi para uma faculdade que tem um programa de música muito bem conceituado. Ela pediu para entrar no programa, mas não tinha um diploma de ensino médio. Mandaram-na em embora.
“Antes de sair, posso tocar só 5 minutos para vocês?”, ela perguntou. Eles concordaram. Ela nem tocou os 5 minutos todos, e eles já declararam que não somente ele seria recebida no programa, mas que receberia uma bolsa.
O que vale é capacidade, não quantidade de papel.
“Vês a um homem perito na sua obra? Perante reis será posto; não entre a plebe.” — Provérbios 22.29
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