Por Luís Mauro Ferreira Gomes - Em 16 de março de 2011
(encaminhado por uma leitora)
Aquele que busca a verdade, seja ela científica ou filosófica, deve, antes de qualquer consideração, assegurar-se de que mantém a mente livre de idéias preconcebidas e daquelas a que não se tenha chegado por meio da comprovação ou do raciocínio lógico.
É fundamental que as premissas das quais partimos não sejam falsas, o que invalidaria todo o esforço empreendido para se chegar à verdade.
Reconhecemos que tudo isso é tão óbvio e já foi repetido tantas vezes, por tantas pessoas, que deveria ser desnecessário abordá-lo aqui.
Mas não é assim. Muitos de nós deixaram-se influenciar pela propagando do inimigo a tal ponto, que perderam a capacidade de distinguir o falso do verdadeiro.
Acreditar nas próprias mentiras é uma bobagem e um vício muito prejudicial à compreensão da realidade, mas transformar em suas verdades os “slogans” subversivos da propaganda ideológica adversa não é mais um vício no processo de busca da verdade nem uma ingenuidade de cidadão desavisado, é uma completa estupidez suicida.
Infelizmente, é o que vem acontecendo de forma paroxística no Brasil destes tempos conturbados em que vivemos.
Temos visto recrudescer, outra vez mais, campanha sórdida e violenta contra as Forças Armadas Brasileiras.
Tudo começou com a descabida insistência do governo em implantar a dita comissão da verdade. A mentira já começa nos argumentos usados em sua defesa. O ministro da justiça, o desconhecido Senhor José Eduardo Cardozo, disse a O Globo (edição de 16 de março de 2011) que “é um dever do Estado criar a tal comissão”. Talvez ele pense que “L’État c’est lui” (**). A maioria esmagadora do eleitorado nem desconfia de que assunto se trata, e todas as pessoas esclarecidas e dotadas de honestidade de propósito rejeitam a comissão, como o comprovam as cartas aos leitores em todos os jornais.
Disse ainda o ministro que “a sociedade brasileira quer a verdade”. Sim, todos queremos a verdade, mas a verdade resguardada pelos cuidados a que nos referimos no início deste artigo. Somente os bandidos, os terroristas, os subversivos de ontem, hoje travestidos de “autoridades”, querem a mentira do ministro.
Todos os brasileiros, inclusive os militares, queremos, sim, a verdade, mas a verdade completa, não a verdade unilateral do governo, como a quer, também, Senhor José Dirceu. Disse ele em seu Blog de 10 de março:
Querem a reciprocidade, investigar a oposição e a resistência à ditadura? Investigar quem foi preso, torturado, condenado? Quem foi demitido e exilado, perseguido e viu sua família se desintegrar? Quem teve que viver na clandestinidade e no exílio para não ser preso e assassinado?
Não, Senhor Dirceu, não queremos investigar nada disso. Queremos que sejam investigados quem roubou, quem assaltou, quem seqüestrou, quem assassinou, quem justiçou seus próprios companheiros suspeitos de traição, quem praticou atos de terrorismo, quem explodiu bombas, quem optou, voluntariamente (ou seduzido por mentores irresponsáveis), por pegar em armas contra o Estado para implantar uma ditadura do proletariado no País. Queremos saber quem matou pessoas como Pedro Funchal Garcia, entre tantos outros. Queremos que todos saibam quem praticou todos esses crimes.
Nós queremos resgatar a verdade, a começar pela exposição da mentira que serve de base para a própria tentativa de criar-se essa comissão da “verdade”.
Como norma, os militares não torturam ninguém. E se alguns o fizeram, esses casos excepcionalíssimos, estatisticamente insignificantes quando comparados com o universo dos integrantes das Forças Armadas, seriam as exceções a confirmar a regra. A maioria dos casos de tortura que houve durante os chamados Governos Militares foi praticada por civis, sem qualquer amparo institucional. A tortura, sempre condenável, era uma prática comum nas delegacias, herdada do passado anterior à Revolução Democrática de 31 de Março, cujo aniversário comemoraremos no último dia deste mês. Era tortura como a que ainda hoje existe por aí e só causa arrepios quando a vítima é terrorista. Não vemos ninguém preocupado com os outros criminosos, os comuns, que foram torturados naquela época e continuam a sê-lo, ainda hoje. Por que não procuram julgar os presidentes destes tempos pelos casos de tortura existentes nas delegacias de polícia?
Mas qual seria a causa dessa nova onda antimilitarista? Entre as possibilidades existentes, destacaremos duas:
1) Alas mais radicais do PT podem querer criar uma situação de fato que impeça o governo de desistir, forçando-o a criar a comissão;
2) A situação econômica é muito grave, decorrente, entre outros desmandos, dos gastos irresponsáveis do antecessor para eleger o governo, que talvez enfrente forte insatisfação popular e grande perda de popularidade e, por isso, queira prevenir-se, mantendo as Forças Armadas acuadas.
Seja qual for a razão, é preciso dar um basta no assédio moral que algumas autoridades vêm praticando não somente contra os que os combateram e os venceram, mas contra todos os militares de uma forma geral.
É inaceitável que dinheiro público possa ter sido usado para subornar um empresário e forçá-lo a editar uma novela sem nenhum compromisso com a verdade, em que se denigrem as Forças Armadas, apresentando os militares de forma caricata como monstros torturadores, numa inversão de papéis, onde os bandidos são apresentados como heróis e estes, como vilões. É preciso que se tomem medidas judiciais para que a verdade seja preservada e as ofensas reparadas.
E o ministro da defesa? Este, pelo menos, não engana mais. Surgiu cheio de bravatas até ser confrontado pelo Alto-Comando do Exército. Ao tentar reagir, percebeu toda a sua fragilidade. Mudou de tática. Aproximou-se dos Militares e passou a fazer um discurso próximo do que nós pensamos. Foi a maneira que encontrou para se blindar contra o próprio presidente, com quem o expediente funcionou.
Foi, assim, tornando-se cada vez mais poderoso e poucos viam que a fonte do seu poder eram as Forças Armadas. Quando, no ano passado, em meio à crise do III PHDH, os Comandantes Militares renunciaram a seus cargos, sentindo-se poderoso, acompanhou-os no ato, roubando para si os bônus do fato, cuja importância residia na renúncia dos Comandantes e não na do ministro. A sua participação no episódio permitiu-lhe, ainda, um ajuste de contas na disputa por espaço político com o então ministro da justiça, o Senhor Tarso Genro.
Enquanto fingia ser amigo dos militares, trabalhou para a neutralização das Forças Armadas, por meio da estratégia nacional de defesa e da nova estrutura do seu ministério, com as quais usurpou várias competências constitucionais do presidente da república. Talvez por ignorância total, o Senhor da Silva o aceitou.
Ao assumir a presidência, a Sra. Dilma Rousseff viu-se obrigada a mantê-lo no cargo por pressão do antecessor, possivelmente relacionada com a mal explicada insistência pela escolha dos Rafales.
Ela sustou a compra dos aviões e desprestigiou-o, recebendo os Comandantes Militares a sós, apesar da insistência com que o Senhor Jobim se quis fazer presente. A imprensa começou, então, a noticiar que poderia ser substituído. Mais uma vez, percebendo a sua fragilidade e, coerente com o seu caráter, imediatamente mudou de tática novamente.
Pressuroso, aceitou o Senhor José Genoíno, guerrilheiro, mensaleiro petista, réu em processo no STF, derrotado nas eleições passadas para deputado federal, como seu “assessor especial”, aquilo que a sabedoria popular convencionou chamar de “aspone”.
Passou, também, a defender a criação da comissão da verdade contra a vontade dos militares, que, atendendo a solicitação do próprio ministro, já se haviam manifestado desfavoráveis, ainda no ano passado, pelas razões já expostas acima.
Quem sabe, tenha ele próprio vazado o documento, ajudando a deflagração de intensa campanha sobre o fato em todos os meios de comunicação.
Onde está o “amigo dos militares”, o “melhor ministro da defesa que já tivemos”, como o conseguiram ver alguns amigos de extrema boa fé?
Felizmente, os militares estão sós outra vez. Antes sós do que mal acompanhados. Talvez, agora, possam fazer o que precisa ser feito, sem intermediários.
Respeitamos a hora de calar. Depois veio a hora de falar e continuamos calados. Veio a hora de gritar e permanecemos mudos. Agora é a hora de bater, e bater com todas as nossas forças, em defesa dos nossos valores, das nossas tradições, da nossa honra e da nossa dignidade. Não somente por nós, mas, também, por aqueles que nos antecederam, cuja herança não temos o direito de aviltar.
Os atuais governantes não são racionais nem têm bons sentimentos. Estão completamente dominados pelo ódio e cegos pela ideologia. Deles nada obteremos, sendo bons moços. É impossível conciliar-se com quem não quer conciliação.
Fomos generosos: demos-lhes a anistia. Responderam com a difamação, a injúria e a calúnia. Chegou a hora de lhes tomar o que lhes demos, de lhes impor limites. De estabelecer fronteiras das quais não os deixaremos passar.
Vencer eleições, ainda que não tivessem usado recursos ilegais, não lhes daria o direito de delinqüir nem salvo conduto para violentar a Constituição.
Todos os brasileiros têm o dever de usar todos os meios à sua disposição para exercer o direito de legítima defesa da Pátria.
Matemos o lobo, antes que ele mate as ovelhas.
Esta é a hora de bater. Se a perdermos, somente restará a hora de morrer. Morrer de vergonha. Pelo menos, os que ainda a têm.
Notas do autor:
(*) Aforismo inspirado na citação de Victor Hugo “Une bonne action peut donc être une mauvaise action. Qui sauve le loup tue les brebis” (Uma boa ação pode ser uma má ação. Quem salva o lobo mata as ovelhas).
(**) Ele é o Estado: alusão ao Rei de França Luís XIV que, supostamente, teria dito “L’État c’est moi” (O Estado sou eu).
1) Observações:
2) O autor é Coronel-Aviador reformado e, atualmente, Vice-Presidente da Academia Brasileira de Defesa;
3) As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, o pensamento da ABD.
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