quarta-feira, 2 de março de 2011

Eu vou dizer o que é que a oposição ainda não entendeu

Por Klauber Cristofen Pires

Vejam o que o deputado federal Cândido Vacarezza disse ontem (dia 01/03/2011) ao Jornal Nacional:

"Eles brincavam inclusive antigamente, dizia que o cara ia lá e comprava cachaça, os chefes de família compravam cachaça. Nós não vamos incentivar isso. Mas, mesmo que uma família dessas compre uma garrafa de cachaça por mês, são onze milhões ou doze milhões de garrafas de cachaça. Isso ajuda toda a economia. Então, se cada um comprar uma garrafa de água. São doze milhões de garrafas de água. Então, isso ajuda a economia do Brasil inteiro, daquelas cidades. Então, infelizmente a oposição não entendeu o que é o Bolsa Família e continua sem entender”. 
Se é que o cidadão vai mesmo comprar cachaça, pra mim é o de menos. No fundo, eu até acho que ele não faz isto: eu creio mesmo é que ele gasta do seu próprio salário ou de seus bicos com cachaça, e usa a bolsa-família para repor o dinheiro para comprar comida para a família. Mas continuemos...
 
O que pretendo enfatizar aqui é esta visão torta da justiça distributivista petista-esquerdista-comunista, qual seja, a de crer piamente que espalhar benefícios faz mover a economia. E o que a oposição pensa de tudo isto? A verdade não pode ser mais óbvia: viaja na maionese, ou de outra forma o deputado não teria nadado de costas para falar uma bobagem destas com uma cara tão enfadada.
 
Bem diz o corolário liberal da escola austríaca: o mal da ação governamental não está no que você vê, mas no que não vê. Em outras palavras, temos diante de nós um universo de opções de como o dinheiro jogado no bolsa-família poderia ser aplicado de forma mais racional em empreendimentos mais urgentes, mais necessários e mais benéficos. Poderia estar, por exemplo, gerando empregos.
 
Ôpa, mas não é lá isto mesmo o que defende o deputado petista? Devagar aí com o andor, meu caro: há uma gigantesca diferença entre uma pessoa que está antenada com o que o mercado precisa (ou com o que as pessoas mais precisam) e pretende investir do seu próprio dinheiro e por seu próprio risco, e entre um sujeito que atravessa a rua para "investir" o dinheiro pelo qual não trabalhou para incentivar a indústria etílica. Será preciso explicar melhor? "Deu para entender legal?"
 
Considerando o butim já consolidado via impostos e contribuições , até que não é tão mal que parte do dinheiro surrupiado pelo estado retorne à população, ainda que não seja exatamente para as pessoas que o produziram. Afinal, certamente os beneficiários estarão predispostos a aplicar melhor o valor da bolsa do que se este fosse confiado aos burocratas de carteirinha, mesmo que vez ou outra dêem um gole na "marvada". Mas há outra questão a ser considerada:



É muito comum, mesmo entre as melhores cabeças da oposição, pensar que políticas distributivistas fazem girar a roda da economia, especialmente nos lugares mais esmos. Nada mais falso. O único resultado de tal façanha é tornar viável a vida onde sob condições naturais ela não existiria. Entretanto, tal opção cobra o seu preço, pois tudo nestes lugares tem a tendência de ser mais caro, contabilizados os custos com transporte. É assim, por exemplo, que um mero pé de alface chega a custar cerca de seis reais em Manaus.  Alface chique: viaja de avião, sabiam?
 
Com relação às pequenas comunidades do interior, estas cuja força de trabalho não consegue nem pagar o salário do prefeito, quanto menos da câmara de vereadores e de toda a corte do funcionalismo público local, tais recursos alimentam o comércio de secos e molhados, e somente o quanto perdurarem. Só isto. Caso o caraminguado cesse, os comerciantes locais levantam os trapos e se mudam. Simples assim.
 
Então, o que temos aqui? Temos um governo incentivando milhares de pessoas a viver em locais cuja expressividade ou vocação econômica ainda está muy lejos de ser, como dizem hoje, "auto-sustentável". Agora sim, podemos perceber como tais políticas não movimentam a economia, mas justo ao contrário, as travam, por negar a poupança aos empreendimentos e às ações humanas mais racionais e vantajosas.
 
Imagine, por exemplo, que tudo o que produzimos tivesse por função incentivar a economia. Viveríamos em uma espiral autofágica! Agora pensemos o qu ocorrereria se todo o dinheiro em circulação fosse usado para comprar bebidas alcóolicas. Não seria o mesmo? Então por quê só uma parte seria bom?
 
Tá aí, oposição, vê se aprende!

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