Por Martin Sieff
Ter sido chutado do cargo de topo do Fundo Monetário Internacional tornou-se um brilhante negócio para Dominique Strauss-Kahn. Ele ainda tem de encarar o julgamento pelo suposto abuso sexual contra uma humilde camareira do Sofitel Hotel em Manhattan. Mas para não haver preocupações, o Fundo Monetário Internacional está para dar a ele a soma de US$ 250,000.00 como compensação pela sua exoneração.
Eu juro, você não pode fazer este tipo de coisa.
E os intelectuais esquerdistas ainda indagam por que os ativistas do Tea Party são malvados como o inferno e não largam mão do caso de vez.
Todos os usuais “pensadores” e “estadistas” vendedores de óleo de serpente estarão defendendo suas convicções como sempre fazem no Driveby Networks solenemente explicando porque impedir este privilegiado pagamento a Strauss-Kahn seria um “julgamento apressado”, o “estabelecimento de um mau precedente”, a “penalização de um grande servidor público”, etc., etc., tudo em torno de seus clichês de sempre.
E se necessário a Secretária de Estado Hillary Clinton e o Presidente Obama irão convocar uma dupla de seus usuais títeres anencéfalos para afirmar que “não-há-nada-que-possamos-fazer-para-evitar-o-pagamento”, mesmo que nosso próprio governo ameaçado de entrar em falência tenha coberto o FMI com 64 bilhões de dólares em depósitos e sem mencionar uma linha de crédito de 100 bilhões de dólares por cima disto.
A moral e a atitude a serem tomadas por Strauss-Kahn são óbvias. Seja ele culpado ou inocente da acusação ele deveria “fazer a coisa certa” (com os créditos a Spike Lee, onde couber) e devolver aqueles duzentos e cinqüenta mil dólares ou transferi-los a uma instituição de caridade apropriada. Dada a natureza das alegações contra ele, a criação de uma casa de acolhimento e de fundos para apoio para mulheres e meninas forçadas à prostituição na Guiné, o país do qual a sua alegada vítima é oriunda, seria já um começo apropriado.
Afinal, Strauss-Kahn tem sido uma das figuras mais destacadas da esquerda francesa em compaixão pelos pobres e oprimidos durante toda a sua longa e eminente vida e ele tem um cadeado na nomeação para a sua candidatura à presidência da França pelo Partido Socialista no próximo ano.
Não seria sem precedente, pelo menos neste país, que pelo uma vez uma figura toda-poderosa se dedicasse a levantar grandes somas de dinheiro para causas meritórias. Os ex-presidentes George W. Bush e Bill Clinton não poderiam ter tido mais diferenças políticas e filosóficas, mas eles trabalharam muito efetivamente juntos como promotores de boas causas, sendo a mais notável a voltada para as vítimas do grande terremoto do Haiti há um ano atrás.
Os esquerdistas europeus adoram zombar dos modos supostamente rudes e grosseiros e dos estilos de vida dos líderes americanos. Agora Strauss-Kahn tem uma chance de mostrar que está à altura deles ou superá-los, ao recusar aceitar aqueles 250.000 dólares e, ao contrário, doá-los aos pobres e necessitados.
De alguma forma eu duvido que ele irá fazer isto!
F Scott Fitzgerald mais uma vez ficou com a razão – mais ou menos assim: não é o muito rico que é diferente de você e de mim, tal como se tornou famoso ele ter dito a um tanto cético Ernest Hemingway. Como Hemingway sensivelmente replicou, isto é somente porque o rico tem mais dinheiro.
Porém, os muito poderosos são diferentes de você e de mim – porque eles têm poder – e eles sabem como usá-lo. Há uma multidão de pessoas poderosas que carregam suas “dignitas”, assim como os romanos muito bem faziam. Há uma multidão de outros que não o fazem. Mesmo entre as esquerdas! (Que choque! Que horror! Que ultraje!).
Eu já sugeri anteriormente nestas colunas que Strauss-Kahn possa ter deliberadamente deflagrado por si próprio o escândalo justamente de modo que ele pudesse apelar à esquerda lunática da eleição presidencial francesa do próximo ano como tendo sido uma vítima daquele gênio americano fascista do mal Barack Obama e sua conspiração da direita. De fato, de acordo com uma recente pesquisa de opinião realizada pela CSA, 57 por cento do público francês acredita que ele foi vítima de uma falsa incriminação.
Todavia, eu posso ter superestimado o intelecto e a opinião de DSK. Talvez ele havia imaginado a coisa toda justamente para ser forçado a sair do FMI de modo que ele pudesse embolsar aquele belo quarto de milhão. Afinal, fraco como o dólar está, o euro está procurando um bocado por algo pior nestes dias.
Que não haja nenhum mal-entendido: se o Presidente Obama e a Secretária de Estado Clinton quisessem, eles poderiam girar a faca no FMI e impedir que o pára-quedas dourado de Strauss Kahn fosse lançado. A letra da lei – a rota de escape para os advogados e outros trapaceiros desde os tempos imemoriais - é quase tão sagrada como foi a Linha Maginot em casos como este. O que importa é a injúria moral e a vontade de aplicá-la.
A censura moral não seria aplicada, obviamente. Nunca é. E Strauss-Kahn poderia facilmente emergir de tudo isto como o Presidente da França ou o vencedor de um Prêmio Nobel da Paz – afinal, até mesmo Yasser Arafat e Gore conseguiram um. Quão difícil isto pode ser?
Justo neste momento, os advogados de Strauss-Kahn estão tentando cavar mais fundo na sujeira da alegada vítima – uma jovem dama muçulmana, humilde, negra e africana que enviuvou-se aos 17 com uma criança no colo. Os galantes cavaleiros de DSK já estão tentando reivindicar que ela arranjou tudo isto como uma forma de chantageá-lo.
Tudo o que pode ser dito sobre esta estratégia patética e desprezível é que se o arrogante e supostamente “brilhante” cabeça do FMI e ex-futuro Presidente da França realmente era um ingênuo “inocente”, então ele era também um idiota que não deveria ser permitido sair em público sem uma fralda.
Mas para os conservadores e céticos do poder na França bem como na América, todo este rolo oferece uma valiosa lição. Depois de tudo, continuamos a assumir, contra todas as evidências em contrário, que os cabeças do FMI são adultos responsáveis por seus atos e que realmente sabem o que estão fazendo. Mas então, também podemos ter por garantido que eles não abusam de inocentes e pobres camareiras e forçam-nas a fazer sexo oral com eles, não é?
Martin Sieff é ex-editor de gestão e negócios internacionais da United Press International. Ele é o autor do “Guia Politicamente Incorreto para o Oriente Médio”.
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