terça-feira, 24 de maio de 2011

Quando o mundo já perdeu a conta do ridículo

Por Klauber Cristofen Pires

O mundo está se preparando para entrar na era retardada-mentalóica. Só isto pode explicar por que tantas propostas bizarras são apresentadas como sérias ao público e haja tanta gente a tê-las em consideração. 

 Pois acredite quem quiser, mas uma ong denominada de Corporação de Responsabilidade Internacional (Corporate Accountability International), já famosa por ter militado pela retirada do mascote Joe da carteira de cigarro Camel, atualmente está se municiando com o aval de centenas de médicos e um grupo de sedizentes religiosaspara que a gigante do fast-food abandone o palhacinho e o sanduíche "Mac Lanche Feliz".


Eu moro com minha esposa e minha filha justamente a um quarteirão de uma loja do Mac'Donalds. Lá muito eventualmente fazemos um lanche naquele estabelecimento. Não temos nenhum preconceito ideológico contra este estabelecimento. Muito pelo contrário, reputo esta instituição como sendo muito mais honesta do que várias estatais brasileiras. Por exemplo, se eu quiser ajudar as crianças com câncer, eu mesmo posso colocar as moedas na caixinha própria para os donativos que eu confio - sim! - que serão lá usados. Bem diferentemente da Petrobras, para quem eu tenho de pagar compulsoriamente para cuidar das tartarugas marinhas ou patrocinar aquela dancinha pé-no-saco em que uns marmanjos se fantasiam de esfregões coloridos.

Sim, o Mac'Donalds vende sanduíches, e claro, cada um deles é uma boa refeição, podendo  até substituir um almoço ou jantar. Eu mesmo não curto os hamburgueres, mas adoro aquela tortinha quente de maçã ou de banana, que também possui algum nível calórico. Além disso, vez ou outra, comprei  para a minha filha o Mac Lanche Feliz, aquele que vem com um brinquedinho, e assim foi até eu ter conseguido demonstrar -lhe que brincaria muito pouco com aquela surpresinha, entendiando-se rapidamente, motivo pelo qual mais valia a pena  usar do seu dinheirinho para qualquer outra finalidade - um DVD, por exemplo, mesmo que por vezes custasse um pouco mais caro.   Atualmente, com  dez anos, ela mesmo compreende espontaneamente  que não lhe é um bom negócio optar por aquele produto. 
Qualquer pessoa em sã consciência sabe que ao ingressar neste restaurante deparar-se-á com um cardápio de comidas razoavelmente calóricas e não é um personagem de propaganda  - no caso, o palhaço Ronald Mac'Donald - que há de iludir um pai ou mãe ou até mesmo um adolescente, ou mesmo uma criança  bem ajuizada. Some-se a isto que ninguém há de se tornar uma pessoa obesa por ingerir uma quantidade  adequada de sanduíches, de modo que a causa da obesidade repousa muito antes no abuso do que no uso regular, e aí, mano velho, até água mata! Ainda assim, atualmente esta rede já oferece saladas e refrigerantes dietéticos, de modo que, se alguém ainda acha  ruim, que vá buscar a sua satisfação em outro estabelecimento.

Em um país cuja história faz dele um santuário das liberdades - e respectivamente - responsabilidades individuais, iniciativas deste quilate soam como incompreensíveis, para dizer o mínimo. Qualquer indivíduo tem às suas mãos o poder da escolha para decidirque tipo de vida quer levar.

As campanhas levadas contra a existência das propagandas e dos produtos  - ainda mais quando fazem uso da força estatal- são inibidoras da livre iniciativa e portanto, da livre inovação e são o motor para a destruição das liberdades civis. As pessoas que as apóiam o fazem porque  mantêm-se escoradas em seus próprios pontos de vista, que no caso, são o da inata incapacidade do (outro) ser humano de viver a sua própria vida, bem como da inaptidão dos (outros) pais para cuidarem dos seus filhos. Descuidam, todavia, que para outras instâncias da vida, pelo uso da mesma regra elas mesmas serão julgadas e reguladas por outrem, por motivos semelhantes, e aí, viveremos no fim desta história em um mundo onde todos são os X-9 uns dos outros, e todos viverão uma vida onde as coisas não lhes serão mais facultadas, mas ou obrigatórias, ou proibidas.

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