Preservação ideológica
Matheus Viana – Revista Profecia
Sem entrar nos pormenores técnicos e burocráticos do Código Florestal, é notório que o acirrado debate que ocorre no Congresso é mais permeado de ideologias e interesses particulares do que com o bem-estar do Meio Ambiente e da população brasileira.
Os ambientalistas, representados por ex-ministros do Meio Ambiente, muito mais do que militarem pela preservação ambiental, militam por um desenho econômico que visa arrefecer o desenvolvimento gerado pela agricultura a fim de que a economia brasileira entre em colapso. Desta forma: a culpa será da economia liberal que, segundo eles, favorece alguns em detrimento da miséria de outros, um dos principais motes do marxismo.
Do outro lado, há sim alguns ruralistas que querem tirar proveito a fim de engodar seus patrimônios. Mas não podemos generalizar este perfil à todos os produtores rurais do país. Conforme escrevi no texto ‘Subterfúgio Agrário’: “Há entre os grandes latifundiários, políticos e empresários angariados pelo Governo. Entretanto, o agricultor que, no suor de seus esforços, conseguiu crescer e se tornar próspero é colocado neste mesmo patamar e, por isso, considerado vilão da reforma (agrária).”.
E é justamente aqui que deve entrar a coerência pelo desenvolvimento do país e sua preservação. Não se pode comprometê-los por conta de bandeiras ambientais. Aliás, o uso de “bandeiras” que soam de maneira favorável à população é praxe do movimento revolucionário. Sob a bandeira da “luta contra o preconceito homossexual e a homofobia”, quer cercear a liberdade de expressão dos contrários ao comportamento homossexual – e não ao indivíduo - a fim de perpetrar a homocracia no país. Sob a bandeira do “fim da violência contra o menor”, quer impedir pais de disciplinarem seus filhos, pois uma simples advertência será considerada violência psicológica. Sob a bandeira do fim do “preconceito linguístico”, o MEC tem ensinado alunos da rede pública a se expressarem de maneira equivocada. No caso do Código Florestal, usa a bandeira da “preservação ambiental” para arrefecer o desenvolvimento agrícola.
O jornalista Ibiapaba Netto afirma em seu texto ‘A nova cor da esquerda’, publicado no jornal eletrônico 24/7: “Longe das camisetas com estampas de Ernesto Che Guevara e mais distante ainda da foice e do martelo, símbolo que tanto assombro trouxe ao ocidente capitalista no século passado, essa nova geração verde é muito mais bem preparada que a vermelha anterior.”. Ou seja, apesar das notáveis mudanças, o intento é o mesmo: subverter e subjugar a economia privada ao totalitarismo estatal.
É didático: é de total interesse dos produtores rurais preservarem o ambiente que lhes oferece os recursos necessários para seus sustentos. Isso sim deve ser chamado de desenvolvimento sustentável.
Trecho da Carta elaborada pelo time ambientalista e encaminhada ao Congresso propõe: “Os signatários desta Carta Aberta, ao exercerem as funções de Ministros de Estado ou de Secretário Especial do Meio Ambiente, tiveram a oportunidade e a responsabilidade de promover, no âmbito do Governo Federal, e em prol das futuras gerações, medidas orientadas para a proteção do patrimônio ambiental do Brasil, e com destaque para suas florestas. Embora com recursos humanos e financeiros limitados, foram obtidos resultados expressivos graças ao apoio decisivo proporcionado pela sociedade, de todos os presidentes da Republica que se sucederam na condução do país e do Congresso Nacional. Mencione-se como exemplos: a Política Nacional do Meio Ambiente (1981), o artigo 225 da Constituição Federal de 1988, a Lei de Gestão de Recursos Hídricos (97), Lei de Crimes e Infrações contra o Meio Ambiente (98), o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (2000), a Lei de Informações Ambientais (2003), a Lei de Gestão de Florestas Públicas (2006), a Lei da Mata Atlântica (2006), a Lei de Mudanças Climáticas (2009) e a Lei de Gestão de Resíduos Sólidos (2010).”.
O jornalista e colunista de revista Veja, Reinaldo Azevedo, teceu a seguinte elucidação: “Perfeito! Estamos diante da evidência, então, de que este é um tema que interessa à sociedade brasileira. Tanta dedicação desses valentes não impediu, não obstante, que 95% dos produtores rurais brasileiros, hoje — a esmagadora maioria composta de pequenos proprietários, gente pobre —, ficassem fora da lei, considerado o código como está. Isso quer dizer que estamos diante de um grupo que é muito humano e amigo da natureza, mas que é incompetente. Se fizeram uma política pública que coloca 95% das pessoas que respondem por seu exercício da ilegalidade, então se trata de uma política pública ruim. O que essa gente — sem qualquer responsabilidade prática, hoje em dia, na área — omite dos brasileiros é o fato de que o texto de Aldo Rebelo disciplina a ocupação de terras e acena com desmatamento ilegal zero, mas sem empurrar produtores rurais — os pequenos! — para a inviabilidade e a miséria.”.
Azevedo vai ainda mais longe: “O Brasil, com efeito, tem conseguido se sair bem, sim, nesse quesito. Temos mais de 60% de nossas florestas originais preservadas, caso único no mundo. Considerados os biomas, o Brasil preserva 70% de sua natureza. Nos outros 30%, conseguiu produzir a agricultura e a pecuária mais competitivas do mundo, abrigar suas cidades e as obras de infra-estrutura, como sabe toda gente. São dados objetivos. O que a proposta do novo código faz, na prática, é manter praticamente intocados esses 70%, sem, no entanto, propor um recuo, que corresponderia a uma verdadeira expropriação da área plantada. Reitero: os pequenos proprietários é que serão atingidos. As grandes propriedades, a agroindústria organizada, já está adequada ao código vigente. O manifesto desses patriotas tem como inimigos os agricultores pobres. A imprensa, na média, se nega a ver o óbvio porque acha que combater o novo código é “progressista”.
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