Assentos diferenciados: o curso pré-vestibular, aviões e o Credicard Hall de São Paulo |
Discriminações
praticadas pelo mercado livre beneficiam os consumidores e ajudam ao melhor uso
dos recursos escassos.
Por Klauber
Cristofen Pires
Hoje assisti a uma
reportagem do Jornal
Hoje que denuncia um curso pré-vestibular no município de Montes Claros,
Norte de Minas Gerais, por cobrar mais caro por cadeiras diferenciadas
dispostas mais proximamente aos professores.
Para melhor
entendimento, transcrevo o seguinte trecho:
“Quem quiser
ficar nas primeiras fileiras na sala de aula tem que comprar o que a escola
chama de “assento personalizado”. A informação está, inclusive, no site da
instituição. Um estudante conta que a novidade também foi anunciada no início
do ano. “Para sentar nas cadeiras brancas tinha que pagar uma quantia de R$ 400
por ano”. São três salas de tamanhos diferentes, com 300, 200 e 100 cadeiras”.
Segundo o diretor
da escola, “fica mais difícil prestar atenção na aula com 300 alunos, mas ao
invés de diminuir as turmas, a opção foi cobrar pelo privilégio de ficar mais
próximo dos professores. “Colocamos em 10% da sala e não são todas as cadeiras
da fila, não são os melhores lugares. Ofertando àqueles que quisessem ter a
comodidade de chegar mais tarde pudessem optar pelo serviço”. E
complementa: “Nós apostamos no novo. Nós sempre apostamos em fazer o que? A
novidade, o que fosse melhor para o nosso aluno. Em nenhum momento de forma
arbitrária e abusiva”, completa o diretor da escola.
Claro, a denúncia
gerou reações do Procon e do Ministério Público, que foi obrigado a parar com
esta prática.
Agora vejamos: os
grandes shows de astros da música pop também contêm fileiras VIP’s, bem mais
caras, assim como os estádios e os sambódromos. Até mesmo restaurantes chiques
cobram a mais pelas mesas que são consideradas mais bem localizadas. Por quê
raios só algumas atividades podem ser consideradas ilegais?
Ocorre que no
Brasil ainda prevalece uma medíocre mentalidade igualitarista, fruto do
coletivismo socialista, cujo alvo é nivelas as pessoas em todos os aspectos da
vida, mas, porca miséria, sempre por baixo.
O caso do curso de
Montes Claros assemelha-se à tara do Governo em querer emplacar a lei do tal
Marco Civil da Internet, uma expressão bonita e abstrata o suficiente para
acobertar que o que o PT intenta mesmo é implantar a censura. No projeto de
lei, inclui-se a chamada “neutralidade de rede”, tornando obrigatório que todos
os dados dos usuários circulem na mesma velocidade, o que impedirá que as
empresas que fornecem o acesso à rede cobrem a mais para transmitir dados de
clientes que optem por este tipo de serviço.
Há muitos que vão
louvar tal medida, mas estas pessoas apenas demonstram com isto o quanto são
ignorantes sobre as conseqüências benfazejas das discriminações praticadas pelo
mercado.
Discriminações
ocorrem pelo princípio fundamental nº 01 da teoria econômica: os recursos são
escassos! Logo, os preços diferenciados servem para regular a demanda, pois os
consumidores serão convidados a fazer um uso mais comedido, sendo que aqueles
que mais necessitam pagam a mais e fazendo assim, ajudam a tornar mais barato
para os demais. Além disso, fazer com que os clientes preferenciais paguem a
mais serve como um incentivo para que o uso seja dirigido para finalidades mais
urgentes e necessárias.
Os recursos
escassos existem, sendo uma realidade da natureza, e não há absolutamente
ninguém que possa fazer algo para evitar pela via do intervencionismo. Escassez
se combate com produtividade, só e só! Muitos podem reclamar de haver preços
diferenciados, mas se não houver diferenciação por meio dos preços, haverá em
razão do poder político ou militar.
Assim é que na
sociedade livre, qualquer pessoa, mesmo relativamente mais pobre, pode adquirir
um filé mignon exposto no balcão frigorífico de um supermercado, se
decidir orientar suas prioridades para o consumo da iguaria. No entanto, no dia
em que tornar-se mandatório que todos os cortes de carnes tenham o mesmo preço,
somente políticos, altos burocratas ou altos oficiais militares é que terão
acesso aos melhores cortes, ficando o resto a ser dividido entre as demais
classes sociais por um processo muito semelhante à discriminação por castas.
Pensem bem: Se o
“marco civil da internet” for aprovado e com ele a cláusula da “neutralidade da
rede”, um banco, um aeroporto ou uma central de coleta de órgãos terão de
trafegar dados com a mesma urgência de um grupo de meninas trocando “selfies[i]”
no WhatsAPP. Tem sentido isto?
Outro fato
semelhante que também foi objeto de denúncia pelos jornais têm sido os assentos
“conforto”, oferecidos pelas companhias aéreas. Trata-se de assentos dispostos
na 1ª fileira ou entre as janelas de emergência, porque possuem mais espaço
para as pernas. Tal estratégia comercial tem sido objeto de reclamações de
usuários com suas mentes infectadas de igualdade na marra para todos, mas
imagine o quanto as pessoas mais altas podem ser beneficiadas por tal
discriminação. Quando as empresas aéreas forem obrigadas a cobrar o mesmo preço
por todos os assentos, tais clientes terão de disputá-los fazendo reservas
antecipadas ou então conformarem-se em serem “zipados” nos bancos que servem
bem ao restante dos passageiros de estatura mais moderada, mas que para eles
será um suplício.
Agora sim, se você
foi capaz de entender como as discriminações praticadas pelo mercado podem ser
benéficas para os consumidores, ao invés das discriminações estatais, que são
sempre voltadas para o atendimento de grupos de interesse, compreenderá o teor
de verdade nas palavras daquele diretor de curso, especialmente quando disse
não ter cometido nenhuma arbitrariedade, uma vez que qualquer aluno pode
aceitar ou não pagar por aquelas cadeiras ou, ao invés, buscar outro curso que
atenda melhor às suas expectativas. Note que desta forma a discriminação
praticada pelo mercado é sujeita à aprovação pelos consumidores, o que não se
dá quanto ás discriminações praticadas pelo governo, que ninguém pode evitar de
se submeter.
Repudie o igualitarismo bocó. Ensine as pessoas
à sua volta!
[i] “Selfie” é
um neologismo que designa a moda de pessoas que tiram fotos de si mesmas com
seus telefones celulares e as compartilham em redes sociais.
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