sexta-feira, 28 de março de 2014

Vá desarmar o Lampião!


Por Bene Barbosa

Especialista em segurança pública e presidente da ONG Movimento Viva Brasil

Comentário de LIBERTATUM: este artigo, embora se refira ao ano de 2011, continua atual. Publiquei-o porque um fervoroso fã do bandido Lampião, a quem se refere como um herói, postou um sonso comentário no vídeo com o debate entre Bene Barbosa e a pré-candidata à Presidência Denise Abreu, bem como também para homenagear a população de Mossoró, que pegou em armas pera defender a si mesma.  


Em 13 de junho de 1927, Lampião aprenderia a sua mais dura lição. Não pelas mãos da polícia, do exército ou de qualquer outra força regular do Estado, que, já naquela época, tinha a obrigação de proteger seus cidadãos e, tal como hoje, não o conseguia fazer a contento. A lição aprendida por Lampião foi enfrentar uma cidade toda armada e disposta a não se entregar.

Por ordem do prefeito Rodolfo Fernandes, velhos, crianças e mulheres foram imediatamente retirados da cidade. Aos aproximadamente 300 homens que se dispuseram a lutar, foram entregues armas, embora já naquela época o Governo Central fizesse pressão para que a população fosse desarmada. Lampião, certo da sua superioridade em armas, não hesitou em avançar sobre a rica cidade de Mossoró.

Tanta era sua certeza que os seus cangaceiros adentraram cantarolando. O canto foi rapidamente calado pela fuzilaria que se seguiu. Bem armados e entrincheirados, muitos em posição elevada sobre as torres das Igrejas e no telhado da casa do prefeito, os resistentes não tiveram qualquer dificuldade em fazer chover balas sobre o bando de Lampião, que em pouquíssimo tempo de luta mandou seus homens recuarem e desapareceu, para nunca mais voltar.

Quase um século depois, em 1º de setembro de 2011, será lançada oficialmente na mesma cidade de Mossoró a Campanha de Desarmamento, tentando, mais uma vez, fazer com que a população se desarme. Não tenho a menor dúvida do fracasso de tal empreitada, que resultará em mais um grande desperdício de verba pública. A certeza vem do número divulgado pela Polícia Federal das armas entregues desde maio - quando do lançamento nacional da atual edição da campanha - até o final de julho: apenas 15 (quinze) unidades em toda a região.

Não há dúvidas que o simbolismo do episódio histórico, que orgulhosamente a população encena todos os anos na peça “Chuva de Balas no País de Mossoró”, foi o fator decisivo para o Ministro da Justiça escolher este local de lançamento.  Não faço ideia do que, quase 100 anos depois, a população e os governantes dirão ao Ministro Eduardo Cardozo, mas tenho certeza que se tal campanha acontecesse na véspera de 13 de junho de 1927 a resposta do prefeito e dos 300 heróis de Mossoró seria um enorme e inconteste: “VÁ DESARMAR É O LAMPIÃO!”

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