quarta-feira, 24 de julho de 2013

Reflexões sobre as manifestações de junho de 2013


Por Klauber Cristofen Pires

As manifestações de junho de 2013 indicaram o clamor da sociedade por uma autêntica oposição. Esta é a sua maior virtude e que precisa ser amplamente divulgada. Se DEM e PSDB foram incluídos no desagrado geral, é porque sempre se comportaram como partidos governistas.  


             Tendo retornado do benfazejo descanso das férias, ponho-me a transmitir as minhas impressões sobre as históricas manifestações populares havidas em junho.

Creio que de mim isto se faz necessário pelo fato de que não tenho conseguido me encaixar plenamente nem no grupo dos entusiasmados, nem tampouco no dos que enxergaram nos acontecimentos a oportunidade para a solução final da implementação da revolução comunista.
O que vi foi uma espécie de ponto de fulgor, genuinamente espontâneo, tanto que surpreendeu completamente tanto a esquerda quanto a direita, esta, claro, politicamente inexistente, a ponto de tornar hilárias ou cínicas – escolham (!) – as declarações de figurões do PT e da mídia esquerdista que têm atribuído como causa para tais eventos a extremosa habilidade da direita em planejá-la e executá-la. Se fosse mesmo possível prover uma mobilização de tão gigantesco vulto, não haveria partidos somente de esquerda no Brasil, e nem sequer o PT estaria comemorando dez anos de poder.
Quem compareceu, que não pertencesse às ong’s bate-paus criadas e mantidas pelo PT com verbas públicas para praticarem seus atos de terrorismo, foi às ruas tendo por combustível a inflação e as vicissitudes diárias provocadas por serviços públicos desumanos e humilhantes, por comburente a corrupção e a impunidade reinante, inclusive a incrível dolce vita dos mensaleiros condenados, e como a temperatura os dispêndios nababescos com a construção de estádios para a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de 2014. A faísca deflagradora, como se sabe, foi a tripla vaia na inauguração da Copa daS Confederações.
Foi um fulgor, eu disse, e não ainda propriamente uma ignição, capaz de promover uma reação violenta de resultados imprevisíveis. Representou um grito de desespero, e claro, protagonizado pela classe média. Porém, ao contrário de alguns jornalistas, não vejo nada de estranho nem de ilegítimo nisto, uma vez entendido que esta é parcela da população que de baixo para cima é logo a mais bem educada, a quem mais tem sentido na carne a deterioração de seu padrão de vida, e por ser a que mais sente o peso da excruciante carga tributária.
Se há um fato distintivo entre as classes média e pobre é que a primeira luta arduamente para fugir dos serviços estatais, e se vê aflita, como alguém imerso em areia movediça, por ter de começar a matricular seus filhos em escolas públicas, pegar ônibus e abandonar o plano de saúde privado. A classe pobre, por sua vez, já se vê completamente dependente do estado, e autenticamente acometida da síndrome de Estocolmo, põe-se até a agradecer pelos serviços públicos, por mais miseráveis que sejam, e por migalhas tais como o salário-família. A visão de mundo dessa gente é absolutamente imediatista, isto é, essa gente foca exclusivamente na sobrevivência diária, estranhando-lhe quaisquer considerações sobre moralidade, política, e a relação custo x benefício de impostos e serviços públicos.
Durante os acontecimentos, li muitos bons e até excelentes artigos nos quais seus autores repudiaram tais manifestações porque estariam desprendidas de liderança e de reivindicações uniformes e enfim, porque estariam dando cobertura às arruaças e vandalismos. Não obstante, não comungo de suas conclusões, em primeiro lugar porque as pessoas comuns que bradaram seus gritos de protesto expressaram-se por si próprias, eventualmente agregando-se aqui e ali uns e outros indivíduos que se descobriam possuir as mesmas reclamações e reivindicações.
Essas pessoas têm o direito de fazer isto, e se não dependem da iniciativa e consentimento da esquerda, como demonstraram quando mandaram os militantes vermelhos baixarem suas bandeiras, provaram igualmente que também não da direita, a esperar como rapunzéis por alguma suposta liderança oposicionista que ainda não deu as caras, até porque esta não se fez ainda capaz de mobilizar sequer pequenos contingentes. Portanto, resta ridícula tal alegação.
Quanto aos casos de vandalismo, se os milhões de brasileiros que engrossaram as hostes em protesto se dispusessem a participar deles, estaríamos já testemunhando uma guerra civil. Quem praticou atos de vandalismo foram as ong’s ciborgs e militantes de partidos da esquerda, e sabemos que entre suas táticas, estará sempre presente a da infiltração. Ora, a população foi mesmo muito sábia, ao ter percebido tais artimanhas e separado-se dos meliantes. Então, jamais faremos protestos de rua porque os sabotadores irão aparecer?
Outra crítica levantada foi a de que as manifestações provocaram como reação  por parte do governo de Dilma Roussef e da cúpula do PT, uma “inflexão à esquerda”. Ora, ora! Desde quando o PT foi cor-de-rosa? Antes mesmo de iniciar seu primeiro mandato, o Sr Lula em pessoa desmentiu tal tese, afirmando em alto som que nunca antes as cores do PT foram tão vermelhas! Como poderia ser diferente com o protagonista que fundou o Foro de São Paulo conjuntamente com Fidel Castro, para, segundo palavras deste último, “reconstruir na América Latina o que se perdeu no Leste Europeu”?
Pode, sim, ter havido um apressamento de uma agenda que já existia há muito tempo e que haveria de ser implementada quando a cúpula petista entendesse ser mais conveniente, mas se houve alguma precipitação, esta se deu justamente por medo do PT de perder sua hegemonia, o que já pode estar significando um sinal de fraqueza. No entanto, como bolo tirado do forno antes do tempo certo, o que parece é que está solando: a tal constituinte exclusiva foi um completo fiasco e o programa “Mais Médicos”, tendo conseguido desagradar a gregos e troianos, enfrenta forte oposição. A população em geral já entendeu que se trata de um pretexto para instalar agentes cubanos, de modo que ambas as propostas resultaram em um vultoso ônus eleitoral.
Por fim, há quem tenha visto na queda de popularidade de Dilma Roussef a grande chance para o retorno triunfal de Lula ou, não menos pior, para a  ascensão de Marina Silva, com sua “Rede Sustentabilidade”. Porca miséria! Por acaso, antes das manifestações contávamos com alguma outra alternativa? Ainda assim, como os leitores puderem verificar, as vitórias do PT desde 2002 foram obtidas sempre em segundo turno e com uma maioria cada vez mais apertada. Por que raios agora, quando grande parte da população está plenamente desiludida com o PT, seria pior do que já foi, quando os ventos graciosamente lhes sopravam as velas?
De minha parte, poderia mesmo afirmar que jamais torceria tanto para que o Sr. Lula vencesse a próxima eleição. Vejam bem, não estou dizendo que vou votar nele. O que digo é que torço por sua vitória, mesmo com meu voto nulo. Torço, para que ele enfim enfrente uma verdadeira herança maldita, isto é, aquela que ele próprio a criou. E acreditem, meus amigos, tempestades virão à frente.
Desconfio que, esperto como ele é, passará ao largo de tal hipótese, preferindo repousar por oito anos em uma das sossegadas cadeiras do Senado, para de lá prosseguir sua vidinha torpe, a difamar seus adversários.
Ora, se há de prevalecer o medo de denunciar as falcatruas petistas e a péssima gestão do atual mandato de Dilma Roussef por medo de relativamente alçar as candidaturas de Lula e Marina Silva, então é porque estamos no melhor dos mundos, não é mesmo?
Concluindo...
As manifestações ocorridas em junho de 2013 despertaram um clamor por uma nova classe política, que necessariamente há de oferecer um discurso oposicionista. Eis sua grande virtude, tão pouco exaltada em todos os textos que li até hoje. A maior prova disso foi o absoluto desprezo da população àquela que o PT prometia ser a maior mobilização popular de todos os tempos. Compareceram os militantes à custa de setenta reais per capita, provocaram os mesmos atos de vandalismo de sempre e mais ninguém lhes deu crédito.
Quando a população exclamou não se sentir representada por nenhum político ou partido, não é que excluiu a democracia ou o sistema partidário, mas sim que partidos tais como o PSDB e principalmente o DEM preferiram se confundir entre os partidos de esquerda, ao invés de assumirem a liderança em defesa daquela gente que trabalha e paga a conta.
Se alguma diferença neste sentido aconteceu, o que percebi foi por parte da imprensa. Estou falando daquela mesma que até há pouco escrevia “presidenta”. Acreditem se quiserem, mas já tenho lido até mesmo de Eugênio Bucci textos francamente desairosos sobre o governo e o PT. Como diz o ditado, os ratos são os primeiros a abandonar o barco.
A visita do Papa Francisco e a Copa do Mundo prometem afetar ainda mais a reputação petista. Urge agora a todos os colunistas liberais e conservadores fazer o que em linguagem militar se diz “aproveitamento do êxito”: precisamos intensificar as denúncias contra Dilma Roussef, Lula, o PT, o Foro de São Paulo e as ligações entre estas duas entidades e outras como as FARC, sem descuidar de dar atenção a Marina Silva e a Eduardo Campos, eis que são farinha do mesmo saco. Vamos educar a população para que os cidadãos entendam o que está acontecendo e que valorizem a diminuição do estado em prol de uma menor carga tributária e conseqüentemente, de um melhor acesso a bens e serviços privados.
           Quanto mais isto ficar claro, mais cedo aparecerão novos políticos que se proponham a verdadeiramente nos representar. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá! Seja benvindo! Se você deseja comunicar-se, use o formulário de contato, no alto do blog. Não seja mal-educado.